Volta Para Casa

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Passei mais uns dias na casa do Shinazugawa e então voltei. Não sabia quando Tomioka voltaria, mas resolvi ficar lá mesmo sozinha. Foram duas semanas de solidão até ele entrar pela porta como se nada tivesse acontecido e mal me olhar, mas isso não era nada novo. Continuei na sala, e um tempo depois ele apareceu e sentou perto de mim.

(Saori) - Cansado?
(Tomioka) - Bastante.
(Saori) - Tinha esquecido que tinha casa?
(Tomioka) - Da um tempo pra minha cabeça, eu tô exausto.
(Saori) - Descansa, eu vou lá pra fora.
(Tomioka) - Fazer o que?
(Saori) - Acha que eu fiquei aqui parada esperando você voltar esse tempo todo? Eu continuo com o meu treinamento mesmo sozinha.
(Tomioka) - Eu queria ter voltado antes, mas...
(Saori) - Eu sei Giyuu, o Shinazugawa me explicou quando fui ver ele.
(Tomioka) - Foi ver ele?
(Saori) - Estranhamente, ficamos amigos.
(Tomioka) - Amigos?
(Saori) - Descansa tá.

Deixei ele lá pensativo e segui meu caminho, passei o dia todo fora e voltei quando começava a escurecer. Ele estava no sofá dormindo com uma expressão tão tranquila que eu não tive coragem de o acordar.
Comi, tomei um banho e fui dormir. Acordei no meio da noite e fui até a cozinha beber água, ele ainda estava no sofá, resolvi o acordar, fui até ele e coloquei a mão em seu ombro e o chamei.
Não esperava a reação dele de se assustar e me derrubar no sofá com o braço pressionando meu pescoço. Quando viu que era eu, ele tirou o braço e ficou de pé me olhando, eu o olhava assustada enquanto ele se acalmava e voltava a si.

(Saori) - Giyuu?
(Tomioka) - Desculpa, eu machuquei você?
(Saori) - Não, só me assustou. Tá tudo bem com você?
(Tomioka) - É que eu não tava dormindo direito quando eu tava fora.
(Saori) - Mas você tá em casa agora, calma. Vai dormir na sua cama, relaxa tá. Eu tô aqui com você.

Ele assentiu e foi para o quarto, tranquei minha porta e voltei a dormir, mas foi uma péssima noite de sono.

(Tomioka) - Achei que não ia sair da cama hoje.
(Saori) - Bem que eu queria.
(Tomioka) - Desculpa por aquilo, eu...
(Saori) - Tá tudo bem, foi só um susto.

Passei por ele e ele me segurou pelo braço, não tinha sido apenas um susto, tinha deixado um hematoma e estava dolorido, mas eu esperava que ele não percebesse, mas percebeu.

(Tomioka) - Vou levar você até a Mansão Borboleta pra cuidar disso e...
(Saori) - Prefiro ficar com todos os ossos quebrados do que ir até lá. Eu tô bem.
(Tomioka) - Deixa de ser cabeça dura, isso não tá doendo?
(Saori) - É claro que sim! Mas eu prefiro sentir dor do que me aproximar dela.
(Tomioka) - Deixa de implicância.
(Saori) - É sério? Mesmo? Que você defende ela com unhas e dentes e acha que eu que implico com ela?
(Tomioka) - Nunca vi ela tratar você mal, já você. Isso me lembra, você chamou ela de inseto?
(Saori) - Ela já foi chorar pra você é?
(Tomioka) - Não, Sanemi contou, que as garotas foram lá ver se ele não tinha matado você e você...
(Saori) - Ele não tinha nada que ter aberto a boca. Idiota. E porque vocês estavam falando de mim?
(Tomioka) - Falei com todos sobre você e seu treinamento, mas o Sanemi, você passou mais tempo lá, imaginei que, bom, ele tivesse mais para contar.
(Saori) - E o que ele disse?
(Tomioka) - Que eu menti sobre você e que você fica se contendo quando eu tô por perto. Além de insinuar, que já tivemos alguma coisa.

Deixei ele falando sozinho e segui para fora, ele veio atrás de mim.

(Saori) - Da pra para de me seguir?
(Tomioka) - Não, eu quero saber o que ele quis dizer com isso.
(Saori) - Não sei do que ele tá falando, você sabe que ele não é muito certo da cabeça.
(Tomioka) - Saori, você contou pra ele?
(Saori) - E se tiver contado? Você contou pra Shinobu.
(Tomioka) - Ela é minha amiga, ela é sua amiga.
(Saori) - Não, ela era. Até você contar daquele erro que a gente cometeu e ela ficar com ciúmes e passar a me odiar.

Ele andou e ficou parado atrás de mim, não me virei, poderia dar um soco nele naquele momento, mas fiquei quieta e sem o olhar.

(Tomioka) - Você acha que aquela noite foi um erro?
(Saori) - Não precisa agir como se você também não achasse tá, eu já superei isso.
(Tomioka) - Mas eu não acho...
(Saori) - Não acha?
(Tomioka) - Não, Saori, eu...
(Saori) - Se você não acha, porque você sumiu? Eu acordei na manhã seguinte sozinha, você não apareceu por semanas...
(Tomioka) - Você sabe que eu fui chamado e não tinha escolha, precisei ir, e quando voltei, você tava doente...
(Saori) - E você me levou pra Mansão Borboleta, ela cuidou de mim, e quando eu acordei e saí do quarto, fui andando pelos corredores, e vi vocês dois juntos...
(Tomioka) - Eu não...
(Saori) - Você tava de costas, ela tava no seu colo, ela me viu, e abriu um sorriso vitorioso, como se dissesse, eu ganhei, ele é meu. E depois disso, ela começou a me tratar mal, deduzi que você tivesse contado para ela.
(Tomioka) - Ela sempre foi minha amiga, mas, às vezes.
(Saori) - Amigos com benefícios, eu sei como funciona.
(Tomioka) - Sabe?
(Saori) - Sim Giyuu, eu sei, e não, não vou falar quem são.
(Tomioka) - São? No plural?
(Saori) - Assim até parece que você tá com ciúmes sabia.
(Tomioka) - Eu não tô.
(Saori) - Ótimo, como eu disse, eu superei isso, nunca tinha nem tocado no assunto, mas nossa, o Shinazugawa é curioso demais.
(Tomioka) - Nunca tocamos no assunto nem entre nós dois. Se o Urokodaki Sensei sonha com isso...
(Saori) - Ele mata você. Sabe que eu sempre fui a preferida.
(Tomioka) - Ele sempre protegeu você demais, te trata como a garotinha dele.
(Saori) - A propósito, eu vou passar um tempo com os garotos por aí, talvez a gente não se veja por um tempo. E nem tenta falar sobre a história de suceder você. Você tá ótimo, bem vivo e não vai se aposentar tão cedo, o Senhor Ubuyashiki sabe e me deu permissão para ir.
(Tomioka) - Você e o Inosuke sozinhos?
(Saori) - Não, o Tanjiro e o Zenitsu também.
(Tomioka) -Sabe como nós chamamos vocês?
(Saori) - Shinazugawa chamou os garotos de três pestes.
(Tomioka) - Quatro, com você junto. Tem certeza que é isso que quer?

Ficar longe dele por um longo período, tentar tirar ele da cabeça e afundar esse sentimento por ele dentro do meu peito. Não, eu não tinha certeza.

 Não, eu não tinha certeza

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