Noite em Claro

56 11 0
                                    

Chegamos em casa e eu fui para o quarto, bati a porta e fiquei lá em silêncio, precisava trocar aquela roupa e tomar um banho, mas não sabia se ele já tinha saído do caminho, arrisquei sair do quarto e ele ainda estava lá, sentado no sofá, tentou falar algo mas eu ignorei e fui para o banheiro.
Quando saí, ele tinha ido para o quarto, me vesti e fui para a cozinha comer, ele apareceu logo depois, ficou na porta me olhando e começou a falar, calmo e sem esboçar nada.

(Tomioka) - Saori, eu não te ensinei a 11° forma, fui eu quem criou, como você aprendeu?
(Saori) - Observando você.
(Tomioka) - E não achou que eu deveria saber?
(Saori) - Deveria? Porque?
(Tomioka) - Porque eu sou responsável pelo seu treinamento.
(Saori) - Pois agora você já sabe. Eu me contenho perto de você, por medo do que você vá fazer se achar que eu tô pronta pra assumir. Então, tento parecer inferior, fraca...
(Tomioka) - O que acha que eu faria?
(Saori) - Você sempre falou sobre não ser digno, que era pra ser o Sabito, começou a treinar com o Tanjiro, mas aquele traidor largou tudo e sobrou pra mim. Eu não sou a única, Urokodaki Sensei também me disse que tem medo do que você faria se tivesse alguém para assumir o Pilar da Água.
(Tomioka) - Era pra ser o Sabito, sempre foi pra ser ele.
(Saori) - Mas é você Giyuu, ele... ele tá morto, você não, a gente não, por mais que você se culpe, você tá vivo! E achar que não é digno disso é uma ofensa a memória dele.
(Tomioka) - Você não consegue falar dele sem chorar. Vem cá.
(Saori) - Não, eu não consigo, porque eu sinto falta dele todos os dias. E sai de perto de mim, não encosta em mim.
(Tomioka) - Volta aqui.

Deixei ele falando sozinho e me tranquei no quarto, ele conseguia me tirar do sério com poucas palavras, mas agora sabia de tudo. Eu podia parar de me esconder. Deitei com a cabeça enfiada no travesseiro e custei até conseguir pegar no sono. Acordei no meio da noite suando, em um pulo sentei na cama com a mão no peito, assustada por conta de um pesadelo. Levantei e fui até a cozinha beber água e tentar me acalmar, parei em frente a janela olhando para fora, senti uma mão no meu ombro e com o susto deixei o copo cair.

(Tomioka) - Calma, sou eu.
(Saori) - Eu não ouvi você chegando.
(Tomioka) - Tá assustada?
(Saori) - Pesadelo. Sai daqui, vai se cortar, eu vou limpar essa bagunça.

Ele saiu de lá e eu juntei os cacos, quando fui até a sala, ele estava parado ao lado da minha porta, não fui até lá, deitei no sofá e coloquei o braço em cima dos olhos.

(Tomioka) - Não vai dormir?
(Saori) - Eu perdi o sono, acordei assustada e dei um pulo na cama. Vou ficar por aqui.
(Tomioka) - Eu fico com você.
(Saori) - Não.
(Tomioka) - Então, você vem comigo.
(Saori) - O que?

Ele tinha me pego no colo e entrado no quarto dele, me atirou em cima da cama e fechou a porta, quando tentei levantar, ele deitou por cima de mim e me prendeu até eu parar de tentar.

(Tomioka) - Parou?
(Saori) - Como se eu conseguisse sair.
(Tomioka) - E você quer sair?
(Saori) - Quero. Eu preciso dormir, me deixa...
(Tomioka) - Fica aqui, eu cuido se você tiver outro pesadelo.
(Saori) - Dormindo com você é óbvio que eu vou ter.
(Tomioka) - Da pra parar?
(Saori) - Não, não dá, foi você que começou, tava tudo bem até você agir que nem um idiota com ciúmes dos meus amigos.
(Tomioka) - Se fossem só amigos eu não veria problema em você ficar grudada sempre neles como você fica...
(Saori) - Ah, você vê problema? Quer o que, que eu não me aproxime mais de ninguém além de você?
(Tomioka) - Não seria má ideia.
(Saori) - Sai de cima de mim, agora.
(Tomioka) - Você não quer sair daqui, eu sei que não...

Ele mal tinha parado de falar e o empurrei para lado e me levantei, enquanto ele saía da cama fui até a sala, ele veio atrás de mim e tentou me pegar pelo braço, mas lhe dei uma cotovelada e ele cambaleou para trás.

(Tomioka) - A gente vai voltar a se bater?
(Saori) - Se você continuar achando que é meu dono, vamos. Você não manda em mim, não tem nada entre a gente, você me irrita e você não é nada...
(Tomioka) - Não sou nada pra você?

Ele me prensou contra a parede e falava perto do meu ouvido, uma mão escorada ao lado da minha cabeça, a outra no meu pescoço, baixei o olhar e ele me fez levantar a cabeça de novo.

(Tomioka) - Termina o que você começou a falar.
(Saori) - Giyuu, eu...
(Tomioka) - Você não consegue, porque não é verdade.
(Saori) - Convencido.
(Tomioka) - Então fala, que eu não sou nada pra você, que você não sente nada por mim, fala.
(Saori) - Você tá perto demais de mim, eu não consigo raciocinar assim.

Ele passava a mão pelo meu pescoço até descer a minha clavícula, se aproximou mais e eu sentia sua respiração quente contra a minha pele, seus olhos estavam fixos na minha boca, meu corpo todo arrepiado com um simples toque dele.

(Tomioka) - Fala que não quer que eu beije você agora, que não quer que eu jogue você nesse sofá e arranque a sua roupa, que... que não me quer em cima de você. Fala!
(Saori) - Não posso...
(Tomioka) - Porque você me quer!
(Saori) - A gente não pode. Já tá mais que claro que não dá certo.
(Tomioka) - Você não confia em mim, nunca vai dar certo assim.
(Saori) - Não tenho motivos pra confiar em você e por mais que cada célula do meu corpo deseje você, eu não vou ficar sofrendo pelos cantos depois que você sumir de novo e me deixar de lado mais uma vez.
(Tomioka) - Eu não vou...
(Saori) - Você já disse isso antes, e como você mesmo disse, eu não confio em você.
(Tomioka) - E mesmo assim, você tá falando e se aproximando cada vez mais de mim.
(Saori) - Eu odeio você Giyuu.
(Tomioka) - Mentira.
(Saori) - Eu odeio esse sentimento que eu tenho por você.
(Tomioka) - Eu não vou deixar você me afastar por ser cabeça dura.
(Saori) - E vai fazer o que?

Eu levantei a cabeça e o olhei e quando ele encostou a testa na minha e se movia em direção aos meus lábios ouvimos ao longe o chamado dos Hashiras.

(Tomioka) - Você vai conseguir escapar, por hora.

Os Hashiras da Água Where stories live. Discover now