Convivendo

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(Tomioka) - Saori, tem semanas que você voltou e nem bom dia me dá quando sai de dentro desse quarto.
(Saori) - Bom dia.
(Tomioka) - Não achei que tivesse falando sério sobre não falar comigo.
(Saori) - Não torna isso mais difícil, por favor. Me deixa quieta no meu canto.
(Tomioka) - Você que tá tornando isso difícil se isolando.

Eu deixei ele sozinho e saí de lá, sabia que ele passaria o dia todo fora, esperei ele sair e voltei. Meus dias viraram isso, esperar ele sair e voltar, esperar ele voltar e me trancar no quarto.

(Tomioka) - Não volto hoje.
(Saori) - Você não me deve satisfação.
(Tomioka) - Tá cada dia mais difícil conviver com você.
(Saori) - Ótimo, se você me odiar fica mais fácil.

Ele saiu e hoje fiquei em casa, já que ele não iria voltar. Acabei adormecendo no sofá e só acordei quando já estava escuro, e ouvi barulhos na porta. A cena que eu vi, bom, eu não queria ter visto, Tomioka e Shinobu entravam pela porta aos tropeços, um agarrado no outro, não viram que eu estava lá, fiquei quieta e esperei a porta do quarto bater. Fui para rua e fiquei lá até quase o dia amanhecer, entrei porque precisava trocar de roupa antes de sair.
Terminei de me arrumar, fui até a cozinha e tomei café rapidamente, pretendendo sair antes que eles saíssem do quarto, mas não deu certo. Eu estava calçando os sapatos quando ele saiu do quarto, fechou a porta com cuidado e me olhou assustado, como se eu fosse uma assombração.

(Tomioka) - Tá fazendo o que aqui?
(Saori) - Moro aqui, lembra?
(Tomioka) - Eu achei que você...
(Saori) - Que eu não tava em casa? Mas tava.
(Tomioka) - Saori, eu...
(Saori) - Como eu disse, você não me deve satisfação. Mas eu tô saindo, podem aproveitar a casa pra vocês, só não no meu quarto, por favor.
(Tomioka) - Você me odeia.
(Saori) - Bem que eu queria, Giyuu. Seria bem mais fácil.

Ele estava em choque de me ver lá, nem teve reação quando eu saí. Não tinha exatamente um lugar para ir, então andei um pouco até me decidir, iria até a Kanroji, estranhamente ela me animava.

(Kanroji) - Oi, que surpresa!
(Saori) - Atrapalho?
(Kanroji) - Claro que não, vem, entra.
E então, você e o Giyuu...
(Saori) - Tá insuportável morar com ele. Tô cogitando fazer uma casinha na árvore e sair de lá.
(Kanroji) - Achei que tinham voltado a se falar.
(Saori) - Isso sim, mas só o essencial. Só que,  ah, deixa, eu não vou incomodar você com isso.
(Kanroji) - Você pode enganar todo mundo, e não admitir, mas eu sei, o jeito que vocês reagem um ao outro, que vocês brigam, que ele defende você. Eu sei que tem alguma coisa aí.
(Saori) - É...
(Kanroji) - E você tá magoada com ele, por algum motivo, e eu acho que esse motivo tem nome, certo?
(Saori) - Certo.
(Kanroji) - Quer me contar?
(Saori) - Melhor não, ela é sua amiga.
(Kanroji) - Por isso, talvez eu possa ajudar.
(Saori) - Não me leva a mal, mas eu não quero ajuda, eu só quero esquecer ele, e se eles estiverem juntos, vai até ser mais fácil.

Conversamos muito, muito mesmo, antes de escurecer eu deixei a casa dela e segui de volta. Parei pelas redondezas da casa do Senhor Ubuyashiki, era uma noite quente, me sentei perto de algumas glicínias e peguei no sono.

(Shinazugawa) - Tá ficando descuidada. Acorda.
(Saori) - Você me assustou.
(Shinazugawa) - Você tem sorte de ser eu. Tá fazendo o que aqui?
(Saori) - Evitando ir pra casa.
(Shinazugawa) - Quer vir pra minha?

Levantei e suspirei, assenti com a cabeça e começamos a andar.

(Shinazugawa) - O que aquele idiota fez?
(Saori) - Eu não...
(Shinazugawa) - Ah você vai falar sim.

Logo chegamos e eu me atirei no sofá, abracei os joelhos e ele ficou esperando impaciente.

(Shinazugawa) - Fala, que eu não vou te deixar em paz.
(Saori) - Ontem, achei que vocês estavam juntos, não estavam?
(Shinazugawa) - Sim, o Senhor Ubuyashiki nos chamou cedo, mas não vi quando ele foi embora, porque?
(Saori) - Ele não chegou em casa sozinho e eu tava no sofá, mas eles estavam tão, tão, ocupados, que não me viram.
(Shinazugawa) - Mas você os viu.
(Saori) - Ele saiu do quarto quando eu tava saindo de casa, ficou assustado em me ver.
(Shinazugawa) - Fica aqui...
(Saori) - Com você?
(Shinazugawa) - Por mais tentador que seja...
(Saori) - Mais uma decepção hoje, eu vou voltar pra casa. Se der sorte, ela não tá mais lá. Eu preciso enfrentar isso, ou não vou conseguir seguir em frente.
(Shinazugawa) - Não vou tentar nada com você enquanto você estiver assim. Talvez depois...
(Saori) - Como você disse, tentador...
(Shinazugawa) - Vai sair mesmo, tá de noite.
(Saori) - Você sabe muito bem que eu sei me cuidar.

Já estava tarde da noite quando cheguei em casa, a lareira estava acesa, e ele sentado perto dela, automaticamente aquela noite na floresta de glicínias voltou a minha mente. O ignorei e fui até a porta do quarto, ele levantou rápido e correu até lá, se colocou entre mim e a porta, fiquei de cabeça baixa, mas ele não saía de lá.

(Saori) - Com licença.
(Tomioka) - Não. Você vai me ouvir. Vai lá pro sofá.

Ele não ia sair da frente da porta, fui até lá sentei e fiquei olhando para o fogo, sem fazer nenhuma expressão enquanto o ouvia.

(Tomioka) - Eu não sabia que você ia tá em casa, não teria vindo pra cá com ela, eu sei como você se sente em relação a ela. Mas Saori, você me ignora, me trata como se eu não existisse ou fosse um estranho, a gente não conversa, você mal me olha. Eu achei que você tava indiferente a mim, ao que eu fizesse, ou com quem.

Continuei em silêncio, sem o olhar, segurando minha vontade de me avançar nele e bater. Ele chegou mais perto e me segurou pelos ombros e então segurou meu rosto entre as mãos.

(Tomioka) - Saori, fala comigo! Grita comigo! Para de me ignorar!
(Saori) - Pra eu gritar com você, eu teria que... que me importar, e eu não não me importo, não mais... Você não... você não significa nada pra mim...
(Tomioka) - Então porque você tá chorando?
(Saori) - Porque eu sou uma idiota. Agora me solta, não era pra você tá me tocando.
(Tomioka) - Não hoje de mim de novo.
(Saori) - Tinha que trazer ela pra cá?

Me soltei de suas mãos e entrei no quarto, bati a porta e me atirei na cama, não era para eu estar chorando por aquele idiota. E ele estava atrás da porta.

(Tomioka) - Eu não vou desistir de você.
(Saori) - Me deixa em paz!

 (Saori) - Me deixa em paz!

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