a madrugada

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A lua estava alta no céu quando eu, Dylan e Corei entramos pela porta do apartamento de papai.
Dylan fez um aceno breve de cabeça e foi direto ao seu quarto, deixando eu e Corei no corredor.

– é... – Ele aponta para a porta de meu quarto

– Tem quarto de hóspedes, Corei. – respondo ríspida.

– Que grosseria, Tayla. – a voz dele ronrona em meu ouvido, logo, preciso sair de perto dele.

– Durma bem, Corei.

Quando vou fechar a porta de meu quarto, ele coloca o rosto na fresta, perto do batente. Respiro fundo e semicerro os olhos para ele.

– Tayla... – Ele sussurra meu nome mais uma vez, eu suspiro.

– Você terminou comigo.

– Eu não estava pensando direito naquele momento, eu estava magoado.

– Agora não é hora, Corei. – Começo a fechar a porta mas Corei é mais forte que eu e a empurra.

– Agora são 4h30 da manhã, e nos, adolescentes, curtimos muito na balada e demos uma volta bem animada pela cidade e pela praia. – Ele se aproxima de mim e passa seu dedo por uma mecha de meu cabelo. – Só falta uma coisa para que esse dia se torne perfeito... E só pode ser com você... Por que é você quem eu quero, pequena.

Corei me empurra e caio em cima do colchão fofo da cama, ele passa os dedos pela minha panturrilha, devagar.

– Eu consigo sentir cada batimento seu, Tayla. – ele sussurra, subindo mais as mãos de forma suave – Está nervosa?

Corei solta uma risada sarcástica quando aproxima seu rosto do meu.

– Corei, eu... – eu quero, eu quero mesmo isso. Mas não posso. – Eu acho melhor você ir para o quarto de hóspedes. É mais confortável lá.

Ele me olha por um momento, depois se afasta e anda até a porta.

– Não vou desistir, Tayla. – Ele diz e sai em direção ao quarto onde irá dormir.

Meu celular vibra no mesmo momento.
"Tay, preciso de você (02h29)"
"Tay, me desculpa (03h52)"
"Tayla... Eu preciso de você (04h47)"
É Lya.

Coloco o celular na mesa de cabeceira e me viro ao lado onde a janela de vidro de meu quarto está aberta, consigo ver a cidade toda daqui de cima. A única coisa que não vejo, é a mim mesma.

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A janela está aberta quando acordo. Ela está MESMO aberta e o sol está MESMO bem forte. Deslizo o corpo até cair sentada no tapete do chão. 

Meu celular está sem bateria e tudo que me lembro da noite passada é de negar Corei várias vezes. E de Lya me mandando mensagens preocupantes. E de que não tomei banho quando cheguei. Que nojo.

Me levanto e vou em direção ao meu banheiro, que está com vários produtos de cabelo e de pele espalhados pela pia, pego o primeiro shampoo que vejo e entro no banho mais quente de minha vida.

Contemplo o que provavelmente sejam os únicos 5 minutos de paz que terei na próxima semana, o líquido vermelho escorrendo de meu cabelo, o que me faz lembrar de minha mãe, o que me faz lembrar de sua caixa.

Quando saio do banho, coloco uma roupa qualquer e pego a caixa azul, me sento na sacada de meu quarto e a abro.

Pego a caixa que denomina o número 2 e a abro, com medo de ser alguma pegadinha de susto de minha mãe. Há fotos polaroid dentro dela. 

O Que Acontece Fora do CéuWhere stories live. Discover now