SETE

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Admiradora secreta. Era sobre isso que os amigos mais próximos de Vincent falavam sem parar, Vincent parecia pensativo, voando em suas próprias teorias sobre o que significava aquela catta, já eu me mantinha completamente desesperada. Ele havia recebido outra carta minha, simplesmente recebeu outra.

Quem quer que esteja com as cartas mandou separada? Está mandando agora? O que diabos está havendo?
Eu queria poder falar com a Luíza sobre tudo que está acontecendo, mas simplesmente não sei como explicar toda a situação.

— Bom dia, pessoal — o professor de química disse ao entrar.

— Bom dia, — todos responderam com um eco. Enquanto voltavam para seus lugares, guardavam celulares, fones e pegavam material nas mochilas. Com a exceção de Enzo, ele geralmente não anotava nada, não levava os livros, não parecia ligar para nada e mesmo assim, tirava notas altas.

— Eu acho que acabei me atrasando em relação às avaliações do bimestre — ele disse enquanto limpava a lente do óculos, o que é verdade, o professor Hugo sempre se atrasa em todas as avaliações, atrasa o dobro disso para corrigir elas e atrasa o triplo de todos os atrasos multiplicados por dez para colocar a nota no sistema. É provavelmente a única matéria onde você nunca sabe de nada, nem do assunto e nem da nota. — Eu resolvi que vocês vão dar uma olhada nos capítulos finais do livro e fazer um experimento. Qualquer um, vale metade da nota e me entregar as questões da página 178, todas respondidas. Quero a pergunta escrita também e não só a resposta, fui claro?

Houve um certo murmúrio das pessoas querendo se juntar para fazer o trabalho, Luíza tocou meu ombro e eu me virei para confirmar, sempre fazíamos o trabalho juntas e depois colocamos outras pessoas. Havia outras pessoas levantando e indo para outras carteiras, no geral os mesmos conjuntos de panelinhas. Enzo jogou algo no ombro de Luíza, geralmente ele faz grande parte dos trabalhos com a gente.

— Eu não falei que vocês escolheriam, eu vou fazer um sorteio — ele disse enquanto sentava-se no birô, colocou os óculos no rosto e pegou o celular, o afastando alguns centímetros para poder enxergar. Professor Hugo, era alto, tinha cerca de cinquenta anos, ele era alguém amigável e gentil, porém não tem uma didática que eu considere uma das melhores, sua aula se resume a textos e slides lidos. Eu me perco assim, na verdade acho que todos se perdem. — Tenho um aplicativo incrível que faz o sorteio sozinho, uma maravilha.

Isso não era o fim do mundo para mim. Afinal, os professores sempre fazem esse tipo de coisa. Principalmente após já terem feito o mapeamento da nossa sala duas vezes. Basicamente, fazem uma reunião com professores para tirar pessoas de um lugar e colocar em outro. Sinceramente, acho que não faz efeito com a nossa sala, não tem ninguém que se odeie, ou sejam "inimigos mortais", há picuinhas, mal entendidos, mas todos são bons colegas de sala no geral.
Ele começou a falar o nome das duplas que fariam o trabalho, anotei na agenda as partes do trabalho, junto a algumas ideias superficiais de experimentos e fiquei esperando ele falar os nomes.

— Luíza e Henrique, — Luíza revira os olhos.

— Eu só posso ter atirado pedra na cruz, — ela disse, Henrique olhou para ela com um sorriso de canto a canto.

— Tereza e Júlia, Marília e Vincent....

Vincent virou-se para mim e sorriu, dei um sorriso sem graça. Tentando evitar minha expressão assustada. Não era a primeira vez que eu fazia trabalhos com ele, mas neste momento com toda certeza eu não queria fazer o trabalho com ele. O universo só pode estar contra mim, não é possível. Tudo simplesmente piora a cada instante, normalmente eu já não sei como falar com ele agora?

— Millicent, vamos fazer trabalho juntos novamente. Na sua casa? — Ele disse, enquanto apoiava os braços na minha carteira, ficando extremamente perto de mim. Eu conseguia sentir o cheiro do perfume amadeirado, que me encantava.

COM AMOR, SUA ESCRITORAWhere stories live. Discover now