𝟬𝟬𝟬𝟬: 𝗖𝗮𝘂𝘀𝗮 𝗺𝗼𝗿𝘁𝗶𝘀: 𝗺𝗼𝗻𝗲𝘆

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THIRD PERSON POV

Srta. Archeron,

Por meio desta, o Banco Prythian comunica que a senhora tem noventa (90) dias para quitar seu débito referente à hipoteca do estabelecimento BLACK VELVET LTDA.

Por se tratar de um débito hipotecário, não há possibilidade de renegociação de valores ou prazo.

Caso o banco não registre o pagamento, a padaria e livraria Black Velvet passará a ser propriedade do banco Prythian.

Atenciosamente, Banco Prythian.”

A cada linha lida, Nestha sentia seu peito se apertar cada vez mais, ela não podia acreditar que aquilo estava acontecendo, não naquele momento em que as coisas finalmente estavam se ajeitando para ela e a Black Velvet, os clientes estavam voltando aos poucos, ela tinha acabado de renovar o acervo de livros e equipamentos novos para a cozinha com o dinheiro que havia pego.

Nestha respirou fundo, buscando toda a calma que não tinha, não poderia perder o controle, ou iria arrancar os olhos do odioso irmão de Lucien — um dos irmãos, na verdade, mas não menos detestável —, que inclusive bateu na porta do escritório assim que notou a demora dela.

— Nessie? Tá tudo bem aqui? — O ruivo colocou a cabeça para dentro, olhando a mulher jogar algumas coisas dentro da ecobag.

Ela resmungou de forma inaudível, verificando se tinha pego tudo que precisava.

— Quando eu voltar te conto, você toma conta de tudo aqui?

— Claro, não se preocupe com nada — garantiu, dando espaço para a confeiteira passar, vendo que seja lá o que a irritou, parecia ser muito sério. — Devo manter Emerie e Gwyn na discagem rápida?

— Provavelmente sim, mas eu ligo caso aconteça alguma coisa — falou pegando seu casaco ao lado da porta.

— Você volta hoje?

— Sim, estarei aqui pra ajudar você e a Mali a fecharem a cafeteria — avisou, saindo para o frio cortante de Velaris.

Cassian sentiu a sobrancelha tremer, tamanho estresse com que estava lidando.

— Deixe-me ver esses papéis — arrancou o testamento das mãos do pai, sabia que aquele velho maldito faria qualquer coisa para prejudicá-lo. Leu o testamento com calma, analisando linha por linha, choque, incredulidade e raiva cresciam em seu peito. — Isso é brincadeira, não é?

— Pergunte ao advogado, foi ele quem redigiu o testamento de Amara — seu pai adotivo disse e ele quis morrer de ódio, parte pelo testamento, parte pelo sorriso debochado de Kant. Ele sempre se perguntou como Amara se apaixonou por alguém tão podre e ruim quanto Kant, ou como Rhysand poderia ter o sangue daquele desgraçado.

— Eu vou tirar essa história a limpo! — Bradou, saindo do escritório como um furação. O que diabos sua mãe tinha na cabeça quando impôs uma condição como aquela?!

Casar?! Cassian era o último homem da Terra que serviria de marido para alguém, o moreno sabia que o matrimônio não era um instituição para ele.

Tinha que ser uma brincadeira, Amara não seria tão cruel assim. Não poderia ter sido cruel desta forma.

antes

Ele deitou a cabeça no colo da mãe, sentindo os dedos da mulher deslizarem delicadamente por seus cabelos. Um ronronar satisfeito vibrou em seu peito e Cassian se aconchegou ainda mais.

— Quando você vai se ajeitar, Cassian? Só você está solteiro — Amara disse, sem parar o afago no couro cabeludo do filho. — Você é um ótimo rapaz, Cass e sei que tem muitas garotas boas atrás de você, com certeza alguma delas deve chamar sua atenção.

— Nah, não sou um homem para casar, mãe — respondeu de olhos fechados, aproveitando as cócegas suaves que recebia na cabeça, a faculdade estava tirando o couro dele sem fazer esforço, Cassian não se achava burro, mas ele já tinha perdido as contas de quantas vezes a faculdade o fez questionar a própria inteligência. — Não é justo com todas as mulheres do mundo que eu escolha uma só para casar.

Amara riu, dando um puxão leve no cabelo do rapaz.

— Garoto sem-vergonha, sua cara nem treme.

Os dois ficaram em silêncio por algum tempo, apenas apreciando a companhia um do outro. Cassian nem sabia dizer quando foi a última vez que ele conseguiu ter tempo de qualidade com a família, ainda mais com a doença de Amara avançando cada dia mais; o tempo parecia curto , principalmente quando ele estava entrando no último período da faculdade, as provas chegariam em breve e ele nem sabia se estava preparado para apresentar seu TCC para os professores.

— Você realmente precisa tomar um rumo na vida, Cassian — Amara falou baixinho. — Essa vida boêmia não vai durar para sempre.

— Uhummm — gemeu sonolento.

— Eu quero netos, Cassian! Tanto seus quanto de Rhysand e Azriel! — Bradou, mas não adiantou nada, pois Cassian tinha caído no sono sem que ela percebesse.

A mulher suspirou, ela sabia que Cassian não poderia ficar nessa vida desregrada para sempre, ele merecia ter uma vida feliz com uma mulher que o amasse. Nada do passado dele deveria influenciar a felicidade de seu filho e ela daria um jeito naquilo.

agora

— Ah dona Amara, até mesmo após a morte a senhora quer que eu arranje uma esposa? — Indagou ao nada enquanto entrava no grande carro, ele tinha que reverter essa situação, não poderia se comprometer daquela forma. Será que sua mãe não sabia que aquilo era o epítome do egoísmo? Fazê-lo se casar com alguém apenas para receber sua parte na herança da mãe?

Você pode renunciar a herança, Cassian

Ele estalou a língua, debochando do próprio pensamento, era óbvio que não podia abrir mão da sua parte no patrimônio da mãe, apenas o lucro da pequena porcentagem que ela tinha na empresa do pai já seria o suficiente para que ele pudesse ampliar a academia e incluir a lanchonete de comidas saudáveis que ele e Emerie estavam pensando.

Ele precisava desse dinheiro, mas inferno! Não podia se casar somente por isso.

Tinha que existir um jeito de burlar a condição da mãe.

𝗖𝗢𝗡𝗩𝗘𝗡𝗜𝗘𝗡𝗖𝗘 || 𝚗𝚎𝚜𝚜𝚒𝚊𝚗 Where stories live. Discover now