Capítulo 21

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A delegacia daquele lugar estava quase caindo aos pedaços; o prédio, de cor azul e branco bem gasto, no centro da cidade, estava sendo vigiado por homens vestidos em armaduras, semelhantes à de Eros.

Assim que descemos dos cavalos e nos aproximamos do local, todas as espadas foram miradas para nós. Os homens formaram um grupo único, cobrindo a grande escadaria na frente do lugar.

Lucian cruzou os braços e sorriu sarcástico ao ver aquela cena. Nada parecia intimidar aquele lobisomem.

— Avisem ao delegado que os supremos e o chefe de polícia desejam falar com ele. — James falou.

— Só seguimos ordens do rei. — Disse um deles.

— O falso rei, você quis dizer.—
Corrigiu Eros.

— Vamos cortar sua língua por sua...

— Não tenho tempo para isso.— Interrompi, fazendo as espadas que os homens à minha frente seguravam flutuarem bem alto. Gisele, com um olhar, as destruiu em chamas.

Os guardas nos olhavam perplexos e sussurraram juntos:

Bruxas prateadas.

— Nos dêem licença. — Com uma onda de magia, abri um grande espaço no meio deles, fazendo com que os pobres coitados rolassem escada abaixo, um por cima do outro.

Quando cheguei ao topo das escadas, olhei para baixo e disse:

— Eu pedi licença. — Gesticulei com os ombros. Gisele sorriu.

Lucian chutou a porta da delegacia, partindo-a em duas partes. Havia um recepcionista na entrada que tentou fugir assim que nos viu, mas Lucian foi mais rápido e em segundos pegou o homem, erguendo-o pela gola da camisa.

— O delegado. — Lucian falou.

O homem apontou para uma porta no final do corredor. O recepcionista, baixinho, de cabelos lisos trançados, começou a urinar nas próprias calças. Lucian o colocou no chão, olhou para a porta quebrada e disse a ele:

— Não deixe ninguém nos interromper.

— Sim. Sim.

Cada passo em direção à sala do delegado, eu sentia meu peito apertar. Como estava na frente de todo o grupo, ergui a mão para empurrar a porta, porém a retirei rapidamente ao sentir a prata misturada à madeira lisa.

— Ai! — Reclamei com a dor, minha mão ficou somente a carne exposta, mas logo começou a se curar. Lento demais. Outra vez.

Lucian se aproximou, com a cara fechada, observando o ferimento cicatrizar. Ele olhou sério para a porta, planejando fazer algo com quem estava atrás dela.

— Senhor Lucian — Noah tentou se aproximar, mas Romeu e James não deixaram, pois conheciam muito bem o amigo — os lobos não são bem-vindos aqui. Não vemos um de vocês há tanto tempo que não cogitamos a ideia de ter prata espalhada em lugar algum.

Minha fera continuou imóvel, observando minhas mãos agora livres de qualquer ferimento.

— Tudo bem, Noah. Não foi nada, e muito menos sua culpa. — Disse, virando-me para a porta. Dessa vez, não usei as mãos, mas magia para abri-la.

...

Lídia...

Sempre ouvi Alma falar sobre a fazenda onde cuidou de Laura e viu Lucian nascer. Realmente, a grandeza e beleza do lugar nos faziam pensar que estávamos fora da cidade dos corvos. A casa era muito grande, quase do tamanho do palácio em que vivíamos. O segundo andar era rodeado por uma varanda ampla e com vidros, da qual eu tinha certeza que dava para ver cada centímetro da fazenda.

Lobos- A Batalha Final| Livro 03| ConcluídoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora