Capítulo 13

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Lyra…

O caminho para o castelo das fadas estava escuro e parecia interminável. Não encontrei nenhum ser vivo na estrada desde que nos distanciamos de casa; era como se todas as pessoas, exceto aquelas comigo no ônibus, tivessem desaparecido.

Desejava abrir as janelas para assegurar-me de que não estava em uma jaula, como me sentia, mas isso era impossível, pois o motorista havia enfatizado o perigo da estrada e proibido terminantemente a abertura das janelas.

Também não podia ignorar o fato de que chovia torrencialmente lá fora.

Imaginava o que haveria de tão perigoso ali. Olhando para fora, ao longo de muitos metros daquela estrada larga e encharcada, vi cruzes pintadas de branco, fincadas em sua margem.

O que isso significa? — Murmurei, movida pela curiosidade.

Um arrepio percorreu meu corpo.

Sentia uma presença atrás de mim, mas sem odor que permitisse identificá-la. Poderia ser qualquer pessoa, já que não faltavam indivíduos ali. Contudo, tinha certeza de que estava sozinha naquele espaço que meu pai preparara para que cada um praticasse seu talento. Ninguém mais ali apreciava desenhos ou possuía habilidade para vir até o último andar do ônibus me interromper enquanto pintava. Antes disso, teriam que passar pelos guardas que coloquei na porta. Poderia ser algum dos meus irmãos, mas eu reconheceria o cheiro deles de longe.

O ônibus em que viajávamos era imenso, com três andares, projetado para viagens perigosas e extensas como essa. O primeiro andar abrigava um corredor extenso com fileiras de assentos extremamente confortáveis, cada um com sua própria mesa para refeições e livros, caso alguém quisesse ler ou conversar com os amigos. O segundo andar continha quartos que acomodavam duas ou três pessoas sem aperto, com camas grandes e macias, ideal para quem dispensasse o conforto das poltronas e o chocolate quente do primeiro andar. Já o terceiro e último andar era destinado àqueles que gostavam de praticar hobbies como a pintura e desejavam se afastar do barulho dos andares inferiores.

Era um local onde a concentração era facilmente alcançável, pois ninguém, exceto eu, havia se interessado em explorá-lo.

Cada andar era vigiado e atendido por guardas e empregados da minha família. Meus pais pensaram em cada pormenor.

— As cruzes que você vê simbolizam a morte daqueles que por aqui passaram, bela dama. — Disse alguém com voz suave atrás de mim.

Virei-me.

Recuei um passo ao ver o homem mais belo que já encontrara em toda a minha vida, parado a poucos metros.

— Quem é você? — Indaguei, fitando os olhos cinzentos daquele homem. Embora seus olhos fossem tão marcantes que poderiam facilmente hipnotizar pela intensidade da cor, o que mais atraía não eram eles, nem seus cabelos longos e negros como a noite, nem seu porte robusto evidenciado pela jaqueta entreaberta, mas sim as asas negras, da mesma cor de seus cabelos, tão grandes que quase tocavam o chão.

____ Me chame de Dimas. - O homem deu um sorriso gentil e passou as mãos em seus sedosos cabelos- e não tenha medo de mim, não irei machucar você.

Ele me lançou uma piscadela.

Corei no momento que percebi que ele me analisava cuidadosamente de cima abaixo.

Olhei em direção a porta onde os guardas continuavam imóveis, pareciam não perceber que haviam mais alguém ali além de mim.

Depois olhei em direção ao homem, outra vez. Ele era incrivelmente lindo e tinha um ar misterioso.

Lobos- A Batalha Final| Livro 03| ConcluídoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora