CAPÍTULO 72

575 69 23
                                    

19:55

~Bakugo~

Ponho a outra mão em sua cintura e quando tiro, percebemos minha mão repleta de sangue.

"Merda", ele diz, caindo ao chão logo em seguida

"Deku!"

Antes que Deku pudesse cair ao chão, seguro seu corpo mole e pálido. Por seguinte, o deito com cautela no chão, apoiando sua cabeça com minha mão.

"Deku! Merda, como você se feriu?", questiono.

"... Foi uma bala perdida.  Quando os disparos começaram, eu tentei descer e sair daqui, mas quando eu estava descendo, acabou que uma bala perdida me acertou"

"Como assim? Por que não me disse isso?"

"Achei que havia sido só de raspão e que não tivesse feito muito estrago"

"Merda! Você tá sangrando muito"

"É sério? Que merda. Você sabe me dizer se ela saiu? Se tem ferimento de saída?"

"Saiu sim"

"Ah que bom"

"Deku me diz o que eu faço", digo segurando a imensidão de lágrimas que queria sair pelos meus olhos.

"Você tem que pressionar isso, de preferência com um pano"

"Tá bem"

Rápido tiro minha camisa e coloco sobre o ferimento, fazendo pressão logo em seguida.

"Ai..."

"Como você tá se sentindo?"

"Tonto"

"Relaxa, a ambulância deve estar a caminho. Há muitos outros feridos também"

"Que bom"

Silêncio

"Merda Deku, o sangramento não tá parando"

"Não vai parar, eu preciso de pontos"

Instantaneamente percebo minha camisa sendo tomada pela coloração vermelha de sangue. Deku ficava cada vez mais pálido e seus olhos queriam se fechar aos poucos.

"Deku fica comigo", digo

"Relaxa Kacchan...", ele diz arrastado

"Deku por favor, por favor, fica comigo"

"Sabe, isso me lembra uma vez quando éramos menores. Quando você dormiu em casa e eu tentei te acordar. Você dormiu feito uma pedra e por alguns instantes, eu pensei que tivesse morrido" ele finaliza sua fala com um sorriso no rosto.

À essa altura, já não havia mais o que fazer, o que pensar e muito menos o que dizer. Lágrimas escorriam sem dó pelo meu rosto.
Com uma mão estava fazendo pressão na minha camisa, contra o ferimento de Deku, enquanto com a outra, apoiava sua cabeça. Com o passar do tempo, o peso de sua cabeça ficava cada vez maior, como se ele estivesse perdendo o controle sobre ela. Deku também demonstrava lutar contra seus olhos, que queriam se fechar lentamente, até que...

"Deku", digo

Silêncio

"Deku acorda!"

Silêncio

"Deku não faz isso comigo! Acorda por favor!"

As cenas a seguir eram extremamente perturbadoras. Katsuki Bakugo derramava rios de lágrimas, enquanto o estabelecimento era tomado por seus gritos angustiantes.
Ainda era possível sentir os batimentos cardíacos de Izuku Midoriya, mas estes se tornavam cada vez mais fracos. Seu corpo tornava-se mais pálido a cada segundo e infelizmente, seus olhos não abriam mais.
Entre todas as sensações, para Katsuki Bakugo, a pior era saber que Izuku Midoriya poderia morrer ali em seus braços, sem que o mesmo pudesse fazer alguma coisa, além de pressionar sua camisa contra aquele ferimento que jorrava sangue.
Será que as coisas acabariam assim? Depois de terem se martirizado tanto, tentando ocultar sentimentos singelos um pelo outro, depois de um começo extremamente amargo e doloroso, a conquista de um meio gratificante, onde finalmente a alma de um, pôde ficar em comunhão com a alma do outro, depois de tantos acertos, o fim seria este? Morrer nos braços de alguém que tanto errou e machucou, ao não saber lidar com toda essa paixão? Será que o destino seria tão cruel, a ponto de cometer tal atrocidade com estes jovens apaixonados?
Ah não... não era mais possível sentir os batimentos cardíacos de Izuku Midoriya, o mesmo havia parado de respirar. Sua alma não pertencia mais a este mundo.
Ao perceber isso, Katsuki Bakugo abraçava o corpo sem vida de seu amado, enquanto seus gritos tomavam conta do restaurante.
Tudo que havia de bom em Katsuki, morreria ali, junto a Izuku. Sua essência, aquilo que lhe fazia ser o que era, absolutamente tudo desapareciaria juntamente à existência de Midoriya.
Por fim, o que fazer? Como seguir em frente depois de todo esse episódio? Como seguir sabendo que seu amor não existe mais? Levando consigo, toda sua natureza.
Além de ter que responder todos aqueles questionamentos que haviam em sua cabeça, Katsuki teria que convencer-se do fato de que Izuku não era mais pertencente a este mundo, de que a última lembrança que teria de seu amado, era de seu corpo pálido e sem vida em seus braços. Aceitar que nunca mais acordaria e veria seu lindo rosto ao seu lado, que nunca mais poderia tocar em seu rosto macio, que nunca mais ouviria sua doce voz, que nunca mais veria seu maravilhoso sorriso e principalmente, que não poderia partilhar uma vida inteira ao seu lado.
Em meio à toda aquela angústia, paramédicos entram naquele espaço. Imediatamente colocaram o corpo de Midoriya em uma maca e começaram a reanimação, enquanto o levavam para a ambulância.
Infelizmente, Katsuki Bakugo não pôde ir junto aos paramédicos na ambulância, mesmo depois de tanto insistir, a resposta dos paramédicos continuava negativa. Então, rápido saiu daquele local, dirigindo-se ao seu carro e indo à toda velocidade até o hospital.
Naquele momento, nada mais passava pela cabeça de Katsuki. Trânsito, sinais, faixas de pedestres, nada importava para ele, nada além de chegar naquele hospital e ter a notícia de que Izuku conseguiu ser reanimado na ambulância.
Não seria exagero dizer que Katsuki rezou para todos os deuses que conhecia, implorando para que pudesse ver Izuku com vida de novo.

Você... Tem sorte de eu ser paciente! (BakuDeku Au) Where stories live. Discover now