Entre Irmãos

Sasuke

Estou a procura de um assassino.

Eu pensei mil vezes nas últimas 29 horas, acordado e sozinho na minha cama, porque Naruto se recusou a voltar para mim. Além da igreja obrigatória com papai e Karin ontem pela manhã, ele se trancou em seu quarto pelo resto do fim de semana e só saiu para comer uma vez. Olhei para para meu irmão quando pegou a barra de cereal no armário da cozinha ontem a noite, disse a ele para sentar e esperar que eu cozinhasse uma porra de refeição adequada, mas Naruto apenas me ignorou, enquanto voltava para o andar de cima com a intenção de se esconder de mim novamente. Nós brigamos algumas vezes ao longo dos anos, principalmente por merdas estúpidas típicas de irmãos, mas nunca assim. Eu o machuquei desta vez e isso está me deixando doente.

Depois de não saber quantas horas fiquei olhando para o teto, meu alarme finalmente toca e eu aperto o botão de parar, forçando-me a me preparar para a escola. Tomo banho e escovo os dentes no que parece ser em câmera lenta, então enrolo uma toalha nos quadris e tento a porta entre o banheiro e o quarto de Naruto, não fico surpreso por encontrá-la trancada, da mesma forma que está desde que gritei com ele há duas noites.

__ Naruto. - O chamo. Silêncio. __ Naruto, vamos lá, não me faça chutar a porra des...

A porta se abre de repente e eu fecho minha boca, arqueando minhas sobrancelhas enquanto direciono meu olhar sobre sua forma. Meu irmãozinho parece mais exausto do que eu, seus cabelos estão bagunçados pra caralho, seus olhos injetados e vazios.

__ Você dormiu ontem a noite? - Pergunto, mas ele apenas se move ao meu redor e pega sua escova de dentes da pia, segurando-se com a mão livre no balcão como se estivesse fazendo esforço pra não cair.

A vontade de agarrá-lo está lá e quase faço isso, quase agarro sua cintura e puxo suas costas para o meu peito, desesperado para senti-lo e forçá-lo a falar comigo, mas não consigo. Eu não posso, porque toda vez que o toco assim, toda vez que coloco minhas mãos em seu corpo ou quando sua bunda roça em meu pau, eu o quero de todas as maneiras que não deveria.

Ele estava certo antes.

Eu o quero e não posso tê-lo.

Isso está me deixando louco.

Quando não faço nada além de ficar atrás dele e olhar para seu reflexo, ele olha para mim, mexendo um pouco a mandíbula quando eu não faço nenhum movimento para sair.

__ Você se importa? - Naruto murmura, as palavras abafadas pela escova de dentes em sua boca.

É claro que eu me importo, seu merdinha. Por que você não consegue me entender?

__ Vou aquecer a camionete. - Respondo, sem perder o pequeno lampejo de decepção em seu rosto, antes que ele abaixe a cabeça para cuspir.

Não toque nele, Sasuke. Não aqui.

Vou fazê-lo falar comigo no caminho para a escola, quando ele estiver vestindo mais do que apenas sua cueca e eu tenha um pouco mais de autocontrole. Sendo esse o melhor e único plano que tenho, saio do banheiro e pego uma calça jeans limpa do meu armário, balançando a cabeça para mim mesmo quando vejo o abajur quebrado no canto.

Autocontrole. Autocontrole.

Não quero comer esta manhã, então não é surpresa Naruto também não querer. Com o cabelo ainda molhado do banho, ele ignora a cozinha completamente, digitando em seu telefone, enquanto puxa o capuz preto sobre a cabeça. Meu irmão caminha até a porta da frente e eu o sigo, esfregando a mão no meu rosto quando ele nem olha para trás para verificar se estou chegando. Determinado a consertar o que quebrei, vou até a caminhonete e abro a porta do lado do motorista, olhando por cima quando ouço dois carros parando na estrada atrás de nós. O primeiro é o nosso pai, acabando de chegar em casa do trabalho, mas o segundo carro é um que reconheço da escola, o mesmo que pertence a porra do Neji Hyuuga. Com dois olhos perolados e um corte feio no nariz, ele olha direto para mim e eu viro minha cabeça para Naruto, minhas narinas dilatam-se quando o maldito passa com os olhos no chão e as mãos enfiadas no bolso da frente de seu casaco.