Uma Ajuda Inesperada

16| Cassie Edwards

Por mais que eu queira muito não consigo fazer meu coração parar de gritar, parte de mim queria que ela me amasse de verdade e em outra eu queria que jamais tivesse nascido

Eu poderia dar um jeito nisso, poderia tirar minha vida, é esse pensamento que me domina junto com a raiva

Em um dardo momento eu estou me vendo em uma repleta escuridão, tudo que aconteceu comigo e que eu fiz questão de tentar esquecer estão vindo a tona, absolutamente tudo

A vida é feita de escolha e em nenhum momento eu escolhi nascer, nunca escolhi sofrer como sofri. Eu posso ter escolhido beber, mas foi apenas para fugir da minha realidade horrível

Claramente não pensei nas consequências. Encaro meu reflexo no espelho, encaro ele como se ele fosse a pessoa mais abominável desse mundo

Minha raiva cresce ainda mais quando vejo cair lágrimas dos meus olhos. Eu dou um soco no espelho e me afasto ao ver o vidro se espatifar na bancada e depois no chão

Me encosto na parede chorando e escorregando até o chão, lágrimas invadem meus olhos, grito, berro, me arranho, me machuco

Grito o mais alto que posso e ainda assim não é alto o suficiente para que alguém possa me ajudar

O que eu fiz? Porque ela me odeia tanto?
Eu... Eu não sei porquê me odeia tanto

Cada minuto eu grito, choro e me machuco mais. Vejo alguém se abaixar, mas minha visão está turva por conta das lágrimas, mas pelo enorme corpo só podia ser Levi

Sinto sua mão quente na minha bochecha, seus polegares enxugam as lágrimas que caiam, solto um soluço, pela primeira vez desde que ele chegou aqui essa é a primeira vez que eu o vejo totalmente inexpressivo, essa é a primeira vez que eu rosto não entrega o que ele está pensando

Ele me levanta e me abraça, achei que ele iria me dar um sermão pelo sangue e machucados em mim, mas ele apenas ficou em silêncio me abraçando

Me senti confortável e segura, senti que eu podia desabar na frente dele e ele me ajudaria a me reerguer depois, sem me julgar sem dizer qualquer palavra para me deixar no chão outra vez

E assim fiz, eu o abracei e chorei como nunca, parecia uma menininha sem consolo cujo os pais morreram a pouco tempo — era quase meu caso

Depois de tanto chorar e deixar meus olhos inchados e vermelhos, ele me tira do banheiro. Eu já sabia que ela não me amava, mesmo assim suas palavras me atingiram e machucaram bastante

Ele me senta na cama e pega minha mão, ele começa a limpar meus machucados, agora vejo pelos seus olhos o quanto ele está triste

Não sei ao certo o motivo. Possa ser que seja por ele ter escutado da minha mãe que ela não me ama e ter percebido que a mãe dele sempre o amou ou possa ser que ele só esteja triste pelos machucados feios que está cuidando

Estamos em silêncio por muito tempo, ele termina de limpar um dos meus braços e vai para o outro. Ele não diz absolutamente nada

~°~

Durante dias Levi e eu não nos falamos, talvez eu tenha decepcionado ele de alguma forma. Passo horas esperando ele vim até mim, mas isso nunca aconteceu, o que reforça ainda mais minha teoria de que ele está decepcionado e chateado

Não tenho coragem de olhar nos seus olhos ou ir até seu quarto, já fiz isso nos primeiros dias e ele simplesmente ignorou

Confesso que senti vontade de chorar, mas ao invés de chorar eu li — é isso que eu faço quando quero chorar e escapar da minha realidade. Fiquei deitada sob o peito de Jenny e senti seus dedos e unhas entrando no meu cabelo depois saindo durante o dia todo