Uma Ajuda Inesperada

2| Cassie Edwards

Mexo mais um pouco os ovos da frigideira, meu celular vibra e antes que eu pudesse olhar ele desliga. Não dou muita importância ao meu celular, a maioria das vezes que vibra é a notificação de alguma notícia sobre meu padrasto e minha... E Isabelly

Não lembro qual foi a última vez em que eu realmente conversei com eles, mas lembro perfeitamente o último dia que olhei para Isabelly, lembro dos seus olhos azuis quase tão sem vida e frios quanto os meus da cor de mel

Lembro da sua pele bronzeada e o cabelo loiro amarrado em um coque francês, lembro de ter me perguntado se ela mesma fez ele ou pagou alguém para fazer. Lembro que ela dirigiu poucas palavras para mim

É bom que melhore, senão eu mesma vou fazer você melhorar

Ela disse isso sem expressar nenhuma reação e me olhando com aqueles enormes olhos frios, as ameaças dela a muito tempo deixou de me dar medo e agora suas ameaças são apenas palavras que são assim como seu coração e vida — vazios

Eu respirei fundo e fui até o carro que me levaria para minha própria casa, aquela que eu ficaria até melhorar meu estado atual. Não me importei em ir para Revere e viver sozinha em uma casa longe de quem eu conheço — apenas Andrew e Isabelly —, mas era tudo que eu queria

Ficar longe dela

Mesmo que para isso eu tive que sofrer um acidente terrível e ter que carregar uma culpa enorme nas costas. Lembro que quando cheguei joguei a mala na cama e fui direto para a adega dispensando o motorista que me trouxe

Depois da segunda garrafa de whisky eu não me lembro de muita coisa. Me lembro com muita nitidez o sangue correndo entre dos meus braços e mãos — lembro de gritar

Lembro de estar chorando e me culpando pelo o que aconteceu por mais que tenha sido um acidente. Lembro de cada vidro na minha frente quebrado, incluindo as garrafas de bebidas

Havia um caco de vidro bem afiado na minha mão e eu o levava bem devagar até a parte mais fatal do meu pescoço. Escuto um estalar de dedos vindo do meu lado

— O que? — olho para o lado

— O ovos — diz Jenny — Estão quase queimando

— Ah, droga — tiro a frigideira do fogo

— O que aconteceu?

— Desculpa — digo e paraliso no mesmo momento que as palavras saem

— Você está bem?

— Estou, só estou um pouco distraída, mas os ovos não queimaram

— Hm, deixa que eu ponho no prato

Ela pega a frigideira da minha mão, passo a mão no rosto e depois no cabelo fazendo ele cair um pouco. O elástico quase não o segurava bem, eu preciso de dois para poder segurar porque meu cabelo é liso demais

Como estavamos aparentemente atrasadas eu me arrumei às pressas na madrugada, como não achei mais um elástico e não estava a fim de voltar no banheiro eu amarrei com apenas um. Me sento na banqueta e ajeito meu cabelo

Jenny põe o prato com ovos, pão integral e algumas frutas bem na minha frente e outro ao meu lado indicando que ela iria sentar ali

Após se sentar, ela inspira fundo e pega os talheres, ela segura eles com força, é provável que a palma mão esteja branca. A qualquer momento ela vai falar

— Quer me dizer no que estava pensando? — pergunta e eu solto uma risada interna. Conheço você muito bem Jenny

— Nada