Fair

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Miau ficou o tempo esperado no veterinário, e logo foi liberado. O pequeno filhote foi entregue a Horu, que foi aconselhado a não deixar o gato se meter em encrenca.

-Sei que você é um viajante, mas não pode levar o gato pra qualquer lugar. Lembre-se que ele é só um filhote, e com todos esses hematomas, duvido muito que ele consiga acompanhá-lo. Talvez nunca mais o acompanhe.

-Impossível senhor - disse Horu, deixando o gato subir em sua cabeça -. Já vi como esse gato é. Ele me acompanharia até a caverna mais funda.

-Sei que ele é muito leal, mas ele é um filhote. Se fosse um adulto, talvez até conseguiria o acompanhar. Mas não é o caso.

O médico saiu pra fora e apontou para um prédio.

-Lá é um lugar onde animais podem ficar. O Miau pode ficar lá pelo tempo que quiser.

-Não deixarei meu companheiro com nenhum estranho. Como vou saber que são confiáveis?

-Relaxe menino. Eles vão tratar ele bem, eu garanto.

Horu então olhou para o seu gatinho, pensou bastante e decidiu que deixaria o gato lá até o dia em que ele cumprisse sua missão. Quando chegou a hora da despedida, Horu e Miau ficaram muito tristes.

-Relaxe companheiro - dizia pra ele -. Eu voltarei quando puder. E nunca mais vou te deixar.

-Miu... - miou o gato, tristemente.

-Eu sei que é doloroso. Mas eu prometo que volto. Espero que não demore.

Ele pegou seu gato e encostou seu nariz no dele, beijou-lhe a cabeça peluda e deixou aos cuidados daquelas pessoas. Enquanto saia, conseguia ouvir o seu filhote miando alto, e ele deduziu que ele chorava. Horu não aguentou também e entrou num banheiro e começou a chorar. Seu coração estava partido, mas ele sabia que era necessário. Mesmo assim, doía muito.

Enquanto ficava lá, sozinho, uma voz feminina falou:

-Não chore garoto.

Ele pensou que era uma faxineira, mas quando olhou para cima, viu uma jovem que parecia ter sua idade. Porém, ela era estranha. Seu corpo inteiro era da mesma cor do Farol do Caçador. Tinha olhos pequenos, porém meigos. Seu cabelo caia pelas costas, e ela usava uma roupa simples, porém muito bonita. Ela também era muito bela.

Horu, ao vê-la, se assustou. Afinal, quem não se assustaria ao ver uma jovem que mais parecia uma alma penada? A garota se apressou em acalmá-lo:

-Ei, ei, calma. Não sou sua inimiga!

-Quem é você? O que faz aqui? - falou Horu.

-Se você se acalmar, eu posso dizer.

Horu, apesar de desconfiado, se acalmou. Perguntou pra aquela menina:

-Quem é você, garota azul?

-Meu nome é Fair - disse a menina -. Já lhe contaram sobre uma alma que vivia dentro da Lâmina do Caçador?

-Um velho me contou. Espera... Quer dizer que..?

-Isso aí. Eu sou a alma da espada.

-Ai meu Deus, isso tá ficando cada vez mais estranho.

-Olha, eu sei que é confuso, mas não temos tempo a perder. O Nefilim Tchukaku já sabe sobre o novo Rhyoshi, e sabe que você está aqui. Um bando de Kyriu's vai chegar daqui dez minutos.

-Essa não! Eu atraí eles até uma cidade livre! Temos que tirar essa gente daqui, rápido!

-Exatamente - disse Fair -. Vamos começar aqui. Grite como um doido varrido, dizendo sobre eles.

Ryoshi's: Os Caçadores - Livro 1: América Where stories live. Discover now