Capítulo 41 :

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ARTHUR

Arthur:V-Você... — Com a garganta áspera e voz falhando, mal consigo completar a frase.

Sinto meu estômago se revirando, como se algo muito pesado estivesse caindo por dentro, se espatifando em mil pedacinhos. Estou incrédulo, sentindo de repente a onda vindo para cima de mim, crescendo em uma progressão gigantesca. Passo as mãos nos cabelos, quase arrancando-os, e sinto como se estivesse sendo engolido. Mal consigo respirar. Pai? Eu serei pai de novo de um filho com ela? Eu sequer sei o que sentir e o que fazer, flutuo sem destino. A situação se tornou ainda mais inconstante.


Carla: Arthur, você quer me dar essa loja ou quer garantir que o divórcio acontecerá? Se for a segunda opção, não há necessidade, meu pai quer me devolver as outras fazendas, e eu vou seguir minha vida como foi acordado desde o início...


De forma fria, Carla esclarece, com rosto contorcido e olhos marejados. E isso me deixa destruído, completamente acabado. Quero abraçá-la, mas não posso fazer isso.


Arthur: Seu pai? Mas vocês não haviam brigado, ele até te deserdou! Ao menos foi isso que me contou, era o motivo para não nos divorciarmos naquela época. Quando isso mudou? — confuso, acuso a incoerência presente em sua fala. Uma névoa escura cobre meus pensamentos, não deixando que eu pense com a clareza necessária. Esta chuva de novas informações cai em mim como bombas.


Carla: Sim, mas acabamos nos acertando. Não pense que eu te enganei para ficar casada mais tempo, porque não é o caso... Ele quer fazer as coisas do jeito certo dessa vez. — ela se defende. — Mas passou da hora da minha vida andar para frente! isso não é a pauta aqui: eu quero saber, Arthur, se você nos quer na sua vida, como uma família.


Lembro as palavras da Beatriz, sobre eu ser como meu pai, e me sinto um derrotado ao perceber que ela está certa. Não sou tão diferente dele, mesmo eu lutando arduamente para não me afastar da imagem que eu tinha dele, mas filho de peixe, peixinho é, e eu preciso me blindar desse sentimento tão forte e confuso que Carla me causa, antes que tudo desande ainda mais. Eu simplesmente não posso me deixar cair nessa ilusão de casamentos e família, porque não existe final feliz, pelo contrário, só fim trágico!



Arthur: Não posso. Eu prometo que amarei e cuidarei desse filho como faço com a Bella, ambos terão todo meu amor, mas não posso te prometer nada além disso, Carla. Não me peça mais que isso, porque eu não posso dar.

Tento soar descomplicado, mesmo sentindo a dor se entranhar na carne por precisar fazer isso, afastá-la, quando o que eu mais desejo é a ter por perto, principalmente agora, com uma nova criança chegando. Quero compensar tudo que não pude fazer com Isabella, mas agindo de forma racional pelo bem de todos, sem dar um tiro no meu próprio pé. Eu vou estar por perto fazendo meu papel de cuidar deles, mas quero blindar meu coração de qualquer outro contra- tempo. Eu só..... eu só preciso me sentir no controle das minhas próprias emoções novamente.


Carla: Você não pode ou não quer? — ela contra-ataca, com olhos ainda marejados, as lágrimas quase escorrendo pelas bochechas.


Carla está se contendo com firmeza, mas com as sobrancelhas baixas, e isso me faz hesitar. Não quero mentir, mas não tenho forças para falar completamente os meus motivos, de como estou fodido da cabeça, com o coração desenfreado, tendo de tomar decisões difíceis nas piores circunstâncias. Fiz de tudo para não a magoar, mas descobrir que há uma reciprocidade torna tudo mais difícil. A Carla nega com a cabeça, desistindo de esperar minha resposta verbal.


Arthur: É complicado demais verbalizar, não consigo administrar nem esclarecer certos sentimentos, porque eu nunca lidei com eles!


Carla: Foi o que eu pensei. E independentemente do meu sucesso, o divórcio acontecerá, isso é inquestionável. Repito: o acordo está de pé, não quero nada seu, dispenso até mesmo essa loja.


O Canalha! Where stories live. Discover now