𝐂𝐇𝐀𝐃 𝐂𝐎𝐍𝐍𝐄𝐋𝐋𝐘

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🏒

– 𝐄́ 𝐎𝐅𝐈𝐂𝐈𝐀𝐋. 𝐄𝐔 𝐎𝐃𝐄𝐈𝐎 𝐕𝐎𝐂𝐄̂!

  Augustine não pode dirigir com um farol queimado, é perigoso. Contudo, por mais que eu zele por sua segurança quando ela saiu bufando e pisando em cima de algumas flores no quintal vejo que devo zelar pela minha. Eu não menti, não disse que ela era minha namorada. Temos química e quando meus pais perguntaram sobre essa "química" não neguei.

– Você é minha hater número um, Augustine. – Ela bate as botas no chão retirando algumas margaridas da sola. Estou contendo um sorriso, ela fica tão gostosa irritada. – Me desculpe, podemos voltar para lá e eu explico que é um mal entendido.

– Não ouse! – Levanto minhas mãos em rendição. Interessante, talvez a química seja mesmo inegável. Estamos há meia hora esperando ajuda técnica, tenho um quarto na casa do meu avô mas ela se nega a ficar. – Jamie lia comédias românticas, particularmente, eu não gosto. Não quero viver uma com você, contudo não quero que sua mãe pense que sou interesseira.

      Ela não vai. Minha mãe nunca pensaria isso dela. Estou sorrindo involuntariamente, minha mãe gosta da Graham. Tivemos um jantar em família, não me pareceu uma má idéia. Sem formalidades, comentei que Augustine tinha obstáculos, e pareceu cômico porque ela é filha de Garrett e Hannah Graham. Contudo, minha mãe a abraçou e se voltássemos para dizer que somos bons amigos poderíamos rir. Era um dia ruim para mim, mas ela estava aqui. Quando estou com Augustine me sinto motivado, não sei.

– Me desculpe, treinadora – digo envergonhado. Suas mãos estão na sua cintura, sua feição demonstra aborrecimento e ela resmunga baixinho alguns palavrões. – Eu sinto muito, Tini. Não pela química que temos, isso é óbvio. Mas eu sinto muito por desperdiçar seu tempo, você se esforçou por mim, e fui jogado para reservar.

    Não costumo ceder a provocações. Contudo tê-la assistindo aos meus jogos tornou-se um amuleto da sorte, ela não estava lá. Estávamos ganhando, mas DJ foi prensado na grade, duas vezes. Não era uma estratégia do adversário, me pareceu uma implicância. Paramos o jogo duas vezes e pedimos que fosse observado, DJ pediu para sair. Meu amigo desistiu, consegui ver dor em seus olhos. O pai estava na arquibancada, contudo as palavras homofóbicas do cara que o prensou na grade não me deram outra opção. Dylan assumiu-se bissexual, e embora a pose e temperamento quente que meu amigo mostrava no gelo, usar esse ofício para desestabiliza-lo era baixo. Consegui entender o motivo da sua regressão para o vestiário quando Aaron tirou o capacete, ele foi o motivo de Dylan se assumir e fez alguns amigos darem uma surra em Davenport quando foram pegos se beijando. Foi a primeira vez que o vi desistir de algo, ele não disse nada sobre o ocorrido, só aceitou. Meses depois, quando me contou sobre Aaron, o filho do antigo treinador do meu pai, não pensei duas vezes antes de ir atrás dele. Um problema foi o álcool, Aaron não jogava em Harvard mas seria protegido por eles.

– Logan está bem – ela comentou. Afirmo, eu poderia assistir ao jogo mas não conseguiria. Não quando me esforcei para melhorar, por eles  – Beau não me contou seus motivos, disse que estava orgulhoso. Eu te desculpo, só não despedisse meu tempo se não for se esforçar.

– Eu vou, prometo.

   Augustine coloca o capuz do moletom, ela está com frio. Digo que podemos esperar no sofá mas nega. Certo, é claro. Ela está com medo da nossa química, é inegável. Outra vez, ofereço minha jaqueta mas ela nega aborrecida. Tini é arrogante, mandona e orgulhosa, mas eu sei que ela sabe sorrir. Quando ela namora Nathaniel, conseguia imaginá-la sorrindo para mim, contudo já consegui fazê-lo sorrir por mim. Estou prestes a fazer quando ela pisa no meu pé com força.

– Você saiu com machistas – Cacete!

   Para beber. Eu estava estressado, com raiva e cansado. A bebida me ajuda, e há vários caras no time de Harvard e nem todos estavam presentes naquela situação. Eu já pedi desculpas, merda!

– Não vou me desculpar – ela fica emburrada e se encosta no carro ao lado, vejo pela sua feição que está cansada então não devo prolongar muito esse assunto. – Quando estou chateado, aborrecido ou na merda eu bebo – não responde, só finge não se importar embora seu desconforto seja visível – Acho que você faz o mesmo, lembra como estava frustrada no bar aquele dia?

    Lembro-me bem de vê-la aborrecida com aquele vestido cor-de-rosa maravilhoso, suas bochechas estavam coradas, os olhos marejados e mesmo estando maquiada sua feição estava triste e cansada. Há semanas treinamos juntos, a garota me chama de amigo… Acho que estava na hora de nos conhecermos melhor. Eu poderia chamá-la para um encontro se a resposta não fosse óbvia.

– Não me lembro.

– Oh, não se lembra? – Me aproximo do seu corpo encarando seus olhos verdes. Ela cruza os braços e bufa, suas bochechas estão rosadas – Eu sim. Sabe o motivo? – Não tenho respostas, mas continuo: – É impossível esquecer sua bunda naquele vestido, você estava muito gostosa. Deus, Graham! Quando você saiu usando o boné dos Oilers, não tente negar. Somos química!

– É claro – Augustine ri seca. Ela põe suas mãos no meu pescoço, abraço seu corpo encostando-a no carro. – Não é isso que você quer? Então vamos lá. Me beije agora, Connelly.

– Não quero recuar – ela revira os olhos, – não vou beijá-la para alimentar sua raiva por mim. – Solto meus braços da sua cintura dando espaço para ela pensar. Augustine solta meu pescoço, suas bochechas estão coradas. – Bem-vinda de…

    Ela me rouba um beijo. Suas mãos estão segurando meu colarinho com força, e ela está na ponta dos pés. Deus! Eu tentei não fazê-lo mas estou. Seu beijo é molhado, ela não usa a língua embora não demore muito para oferecê-la. Minhas mãos voltam para sua cintura, seus lábios esboçam um sorriso. Sou grande comparado ao seu tamanho nos meus braços, tirei-a do chão para encontrar seu pescoço e então ela solta minha jaqueta e respira com dificuldade.

    Tomo seus lábios novamente, estamos com urgência. Sento-me no capô do carro para ficar a sua altura, meus braços ficam frágeis quando meu corpo todo fica mexido com seu calor. Augustine morde minha orelha. Como isso começou? Quero beijá-la todos os dias, é maravilhoso. Minhas mãos puxam o capuz do seu moletom de Harvard, ela fica linda de vermelho. Embora precise retomar o fôlego ela recua meu toque quando ouve a buzina do carro.

– Treinador Jensen, não é o que parece.

– Me parece que você está beijando a filha de Garrett Graham. Em cima do meu carro – meu avô resmunga.

– Certo. Então o que parece – Augustine sorri envergonhada. Sorrio para ela. – Mas, eu te juro que não íamos fazer mais nada além, estou tentando conquistá-la.

    Ele assente e dá de ombros. Acenando para Augustine antes de entrar em casa.

505Where stories live. Discover now