Capítulo 1

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Um lago se formou após a construção de uma barragem nos arredores da cidade de Sinop, que fica situada na região norte do estado de Mato Grosso. Com o tempo o local passou a ser utilizado para momentos de lazer, pescaria e prática de esportes aquáticos.

Durante muito tempo era apenas isso o que o lugar representava, um ambiente cercado de muito verde com uma vegetação exuberante e uma diversidade de animais silvestres e peixes que atraía para o local muitos turistas e também moradores da região. Só que isso estava prestes a mudar completamente a partir daquela manhã.

Antônio saiu para pescar um pouco antes das cinco da manhã, queria estar no lago tão logo o dia começasse a clarear e os primeiros raios de sol surgissem no horizonte. Ele gostava muito de pescar, mas não era do tipo que usava barcos, sempre pescava da beira do barranco, a não ser quando alguém o convidava para ir junto. Mesmo assim, só aceitava o convite quando havia coletes salva-vidas disponíveis. Antônio até arriscava algumas braçadas na piscina, mas numa imensidão de água como naquele local, certamente que poderia morrer afogado se o barco virasse e ele fosse obrigado a nadar até a margem.

Ele estacionou o carro perto de uma árvore em um local em segurança longe da margem e pegou a vara e as outras tralhas de pesca e levou até o local escolhido. Quinze minutos depois de chegar, Antônio já estava lançando a linha nas águas, utilizando seu molinete e vara preferidos.

O barulho do anzol com a isca caindo nas águas rompeu o silêncio natural do local, onde só se ouvia alguns insetos e pássaros cantando, alegres pelo dia que estava nascendo. A água da lagoa em tons escuros começava a ser iluminada pela luz da manhã, Antônio já conseguia enxergar um pouco mais longe sobre as águas, mas estava concentrado na linha que permanecia imóvel. Alguns minutos se passaram e ele estava prestes a puxar a linha para ver se os peixes não haviam comido a isca sem que ele notasse.

Logo Antônio sentiu um puxão e a linha se esticou, um peixe estava fisgado. Não parecia ser muito grande, mas a briga era boa. Depois de alguns minutos ele conseguiu tirar o peixe da água, era apenas um Piau, um peixe muito comum naquela região.

Antônio colocou o peixe na caixa com gelo e preparou uma nova isca, quando se preparou para lançar novamente o anzol na água, ele notou algo estranho. O dia já estava bem mais claro e a sua visão alcançava bem mais longe sobre as águas. De início ele não sabia dizer o que aquilo significava, mas de maneira alguma poderia ser um jacaré ou outro animal, pois estava imóvel. Também não era lixo ou outra coisa grande boiando.

De onde estava era impossível ter certeza, mas depois de alguns minutos a coisa se aproximou um pouco, com a leve brisa que pairava sobre as águas.

Apesar de ainda não ter completa certeza, Antônio pôde deduzir que aquilo era o corpo de uma pessoa, devido a coloração do que ele deduziu serem roupas. Ele ficou muito assustado com a possibilidade, as batidas de seu coração se aceleraram a tal ponto que ele pensou que ia enfartar.

Queria poder se aproximar e ter certeza de que não estava vendo coisas, mas isso não era possível. Também não estava com seu celular para que pudesse tirar uma foto. Nunca levava o aparelho para a beira do rio, primeiro porque tinha medo de o derrubar dentro da água, segundo porque ali não pegava sinal, só serviria para tirar fotos, e era justamente isso o que ele queria fazer naquele momento.

Só havia uma coisa a fazer, ir até a cidade e comunicar a polícia o que tinha visto. Rapidamente Antônio colocou todas as coisas no carro e partiu a toda velocidade. Se a polícia viesse até o local e não encontrasse nada, ele poderia ser acusado de mentir, mas se encontrassem apenas um monte de lixo boiando ele seria a piada da semana. De qualquer maneira, já era muito tarde para desistir, ele só podia torcer para que não tivesse se enganado a tal ponto.

Morte no lagoOnde histórias criam vida. Descubra agora