Foge logo, pecador com rapidez...

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POV: Esther, 17 anos.

Itens: Bíblia (Uma edição adolescente, harpa inclusa)

Lenço (Bordado pela avó)

Chaveiro (Chaves de casa)

Batom (Para retocar).

Taser da Hello Kitty (Para defesa pessoal tem a logo da Hello Kitty e um sticker dela, da My Melody e da Kuromi)

Meu pescoço dói, se ao menos eu tivesse bandagens ou alguma maneira de lavar meus ferimentos.

A estante que estou encostada parece arranhar minhas costas como grama, findo o desconforto levantando-me e observo a sala, minhas pernas tem alguns rasgos, de maior parte leve, alguns são superficiais como cortes de colonhão. A criatura de certo é fraca, o pavor deve ter me enfraquecido naquele instante e não fui capaz de me defender corretamente.
Se quero fugir, não posso permanecer aqui. Terei de retirar a cama novamente, e dessa vez com mais cuidado, não quero chamar atenção do monstro, ele pode me encurralar.

Pondo minhas mãos por debaixo dela. Noto o material das grades, são de metal. É gelado, um calafrio percorre meu corpo partindo de minhas mãos. Ao arrastá-lá, seus pés fazem um barulho terrível, trazendo-me um nervoso que interrompe minha respiração com o medo da besta ouvir.

Num impulso, opto apenas por mover o mais rápido possível e sair dali. Para minha sorte, o barulho é mais singelo dessa vez.
Já no corredor, noto a iluminação irregular do ambiente. As lâmpadas de led têm forma tubular, algumas piscam e outras nem sequer acendem. A luz branca, que varia de intensidade, é descompassada pelas passarelas.

As paredes são de tijolo e concreto, destoante da área em que ministram a escola dominical. Pelo que me lembro, as classes eram separadas por divisórias navais amareladas que mal se sustinham.

O chão é encardido, e a poeira aparenta ter impregnado em certos pontos, fazendo manchas no chão. Um nojo. O ambiente é digno de um cenário de terror.
Andar por aqui incomoda minhas narinas, meu nariz coça e às vezes espirro. Algumas áreas estão mofadas e os esporos dos fungos tornam o ar difícil de descer traqueia abaixo.
Me deparo com outro quarto similar ao que me escondi. Este no entanto não tem camas, e lembra de fato uma sala de aula, uma sala de escola dominical.

As cadeiras estão em estado deplorável, muitas não têm apoio para caderno e algumas estão derrubadas. A mesa do professor possui gavetas em suas laterais as quais decido investigar. Na primeira, há papéis em branco e uma lição de escola dominical (versão do professor), a segunda possui alguns clips, canetas, folhas de EVA colorida e uma tesoura de costura pontiaguda que decido levar comigo, tenho meu taser de longa data, porém, "é melhor prevenir do que remediar"..
Aqui surge em mim um sentimento aconchegante, apesar de haver algo mórbido na atmosfera. Ela me traz nostalgia, me lembra a sensação de brevemente esquecer que o mundo não é apenas uma brincadeira no intervalo da escola.
Saio do lugar pensativa e volto-me para meus machucados. Haveria um banheiro por aqui? Lá eu poderia ao menos lavar meus machucados com água.
À procura do toalete, encontro uma sala com as portas amplas. "Banda", o letreiro está legível apesar da idade, a fonte é de cor dourada encantadora. Um luxo em comparação ao estado do lugar. Está trancada, no entanto. Uma pena.
Pouco a frente , há um cômodo escancarado. Uma luz, vinda de uma lâmpada incandescente, forma um quadrilátero iluminado além da porta.
Ao entrar curiosa. Olho primeiramente o quadro branco, parece ser um esboço feito em pincel azul. Há dois rapazes de frente um para o outro fumando, o da direita tem uma expressão mais angustiada do que o da esquerda.

Por algum motivo, uma preocupação desabrocha em mim. Meu pai provavelmente está à minha procura e isso me incomoda, pois quando ele me encontrar não acreditará em nada que eu lhe disser.

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