51. Eu nunca me senti sozinha

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- Eu... não, não quero não... - Talita sorri constrangida, quase fazendo uma careta, desistindo devido à pressão. - Esse garoto não sabe o que diz.

Notando algo oculto, talvez emoções aprisionadas, Louis acende a vela novamente, para que Yasmin se entretenha pelos próximos minutos.

- Pode falar, florzinha.

- O que é hein? Eu quero aquele bolo, palhaça. - Jennifer cruza os braços, fitando-a emburrada, tendo os ombros afagados por Liam.

- Jennifer deixa a sua irmã falar!

Harry intervém gentilmente, parado com a lâmina nas mãos, os olhos atentos na mais velha, que tanto se assemelha a ele.

Gabrielly não sabe o que ela pretende contar, entretanto, os segundos de silêncio, da cacheada aterrorizada por ser o centro das atenções, a aborrecem.

- Bora vadia, eu tenho mais o que fazer!

- Vadia é a sua mãe! - Talita engrandece ao ter de revidar, e aproveita o gancho para iniciar o discurso. - Espera, nós não temos mãe.

Foram os três segundos mais pesarosos entre os convidados, que não sabiam se deveriam rir ou chorar do comentário, por via das dúvidas, Zayn emitiu um riso discreto.

- O Harry.

- Você é idiota? - Niall teria feito o mesmo comentário, tivera a sorte de ouvi-lo na boca de outra pessoa e notar o quanto era problemático. - Shhh!

- Muitas vezes, me perguntaram sobre isso. - Talita corta os sussurros, tentando alternar o olhar entre os pais e as irmãs. - Se eu me sentia solitária às vezes ou no lugar errado, porque não temos uma figura materna em casa, como se isso fizesse algum sentido, quando você tem dois pais que são melhores do que uma mãe.

A essa altura, as orbes verdes de Harry já lacrimejam, e para não desabar tão depressa, aperta a mão do parceiro.

- Eu nunca, nunca me senti sozinha, porque vocês sempre deram para mim e para minhas irmãs, tudo o que precisamos, e eu não estou falando de matéria.

A voz dela vacila, quase cedendo ao falho, se Andrew não houvesse colocado a mão em seu ombro, teria se perdido.

- Porque não importa quanto você tem, se não tem amor. E vocês nos enriqueceram de amor, até nas horas em que fomos mais terríveis ou quando vocês não sabiam quais eram as palavras certas. Então, nos davam amor e sempre foi o suficiente. Vocês se amam tanto, que quando esse amor transbordou, foram atrás de nós.

Talita ousa romper o escudo que separa suas lágrimas do mundo real. A gota que escorre por sua face, age como o último fio da meada para que Gabrielly leve as mãos ao rosto, enxugando os próprios olhos.

- Vocês quiseram dividir o que sentiam comigo, com a Bil, com as gêmeas e com a Yasmin, nos trouxeram para o felizes para sempre de vocês, eu não sei se já se arrependeram, porque bagunçamos tudo, mas... - Ela ri por um breve instante, ainda nervosa. - É sempre motivo de espanto para as pessoas, quando vocês contam que tiveram cinco filhas, elas perguntam como conseguem.

- Bruxaria. - Olliver sussurra, audível apenas para Niall e Lottie, que riem baixo.

- Elas não sabem como o amor de vocês é grande, tão grande, que nos torna pequenas, só cinco garotas, cercadas por todo o afeto, energia e brilho de vocês, pais. Nós é que fomos abençoadas com vocês.

A primogênita necessita de três segundos para respirar, agora pousando o olhar sentido em Louis, que afaga os cachos de Harry, com dois filetes de água escorrendo por cada olho azul.

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