Capítulo 8

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Ela exalava elegância e beleza. Seu nome era Lúria, com um cabelo semelhantes a fios de seda e um sorriso simples, mas foi o mais bonito que eu já havia visto.

-Essa marca... Oque é ela?-eu falo ainda a observando.

-Eu vou lhe contar tudo.-

-Já me falaram isso antes, mas até agora eu ainda continuo perdido.- falo com meu mal humor enquanto olho Wallace.

-William...- a voz de Wallace sai como um aviso enquanto olha diretamente para mim.

-Está tudo bem Wallace. Você possui uma língua afiada... Gosto disso.- ela fala tirando sua atenção de Wallace e a direcionando para mim enquanto solta mais um de seus sorrisos.

Então, ela se levanta do trono de madeira e vem até nós enquanto Wallace se ergue novamente.

-Me siga- é tudo oque diz e logo passa por nós, atravessando a porta.

Nos entre olhamos e a seguimos. andamos por vários corredores e escadas, aquele castelo era maior ainda do que eu imaginava, além de possuir inúmeros empregados e criados, mas nenhum deles nos cumprimentou durante o caminho, como Wallace havia feito ao se curvar para ela. Após um tempo nós três chegamos até uma outra porta um pouco menos detalhada que a outra do jardim, mas ainda assim cheia de detalhes esculpidos.

Ao abri-la vejo inúmeros e inúmeros livros, uma biblioteca. Inúmeras estantes e vários livros de diferentes cores e capas.
Uma brisa fresca entrava pelas janelas abertas, enquanto ela andava por entre as estantes e com um simples movimento de mão o livro vinha até si sozinho. Ela o folheava ou apenas via sua capa e os devolvia por eles não serem seja lá oque ela estava procurando.
Estupefato era pouco para demonstrar como eu me sentia. Eu podia mesmo fazer algo assim?

Derrepente sua busca parou e com um livro em mãos ela me observou silenciosamente.
Ela se vira e vai até uma das mesas de madeira e puxa uma cadeira.

-Sente-se William-

Eu me sento na cadeira e ela me entrega o livro. Um livro nem tão fino nem tão grosso, de capa dura e de um tom de marrom. Apenas um simples livro.
Após uma breve observada em sua superfície eu o abro.
E dou de cara com um folha em branco... Passo para outra página e outra folha em branco, e mais e mais folhas em branco.

-Não tem nada aqui- falo enquanto a encaro.

-Esse livro é... Digamos que especial- ela começa enquanto sorri- Ele só pode ser lido por alguém que possua o sangue Carmesim... Para ser mais precisa, a essência Carmesim-

-Ainda não entendo oque você quer dizer- falo enquanto Wallace permanece calado nos observando.

-A essência Carmesim, assim como o sangue, são coisas que eu tenho- permaneço calado esperando ela continuar- E você também possui o mesmo sangue que eu William. Você possui uma parte da minha alma em você...- ela mostra novamente a marca em sua mão- Esse símbolo em minha mão e a marca em sua testa, são a prova de nossa ligação, inclusive nossas aparências... Nós somos bem parecidos se você ainda não notou.-

-Por- eu tento falar e perguntar o porquê de eu ter o mesmo sangue que ela, mas a mesma me interrompe.

-Me de sua mão-

Eu levo minha mão até as suas.

-Me desculpe se doer- e com um rápido movimento de mão ela faz um pequenino corte em meu pulso.
Tão pequeno que não sinto dor, mas ainda assim, grande o suficiente para sair algumas gotas de sangue.
Ela leva meu pulso e deixa uma gota de sangue cair sobre a superfície da grossa capa do livro.
E como se fosse a coisa mais normal, o livro absorve o sangue e depois de alguns segundos se abre sozinho. Oque antes eram páginas vazias e brancas se tornam páginas cheias de letras e imagens.

-Veja- ela aponta para a imagem que apareceu no livro, a mesma floresta de Greenville só que... Não sei, ela estava de alguma forma diferente da atual-Você já ouviu sobre a lenda da Floresta Carmesim?-

-Sim. Eu ouvi sobre a história do casal- eu respondo rapidamente.

Ela prossegue.
-A história de dois amantes perdidamente apaixonados um pelo outro, mas que vivem um amor proibido por causa da família de seu amado que tinham outros planos para o destino dele. Então, após ser acusada de bruxaria por seduzir seu amor, a pobre camponesa é jogada ao fogo. Com o peso da culpa e o sentimento de vazio, por não estar com seu grande amor, certa noite ele vai até floresta e tendo como testemunhas os Deuses da Lua e do Sol, como prova de amor e que um não aguenta viver sem o outro, ele brinda com o espírito de sua amada enquanto bebem o elixir da morte, e quando a última gota escorre garganta abaixo seu corpo avi de encontra ao chão em uma viagem ao descanso eterno. Compadecidos e admirados com o forte laço de amor que unia os dois, os Deus usam de sua piedade e colhem suas almas para que ambos possam reviver e viver uma vida juntos normalmente enquanto de seus corpos nascem lindas e macabras flores, lótus carmesims.
Você já conhecia essa história antes como havia dito.-  sentada na janela, enquanto o vento lhe beija o rosto e vê a grama verde a frente. Ela me conta essa versão da história mais rica em detalhes.

-Sim... Apesar de não saber tão detalhadamente antes.- falo enquanto folheio as folhas com imagens da floresta, o casal, o elixir, as flores...
-Ainda não entendo oque quer dizer.-

-Uma dos amantes sou eu, Lúria. Que após ser reencarnada como descendente do Deus do Sol, construo meu reino a espera de meu amor durante anos. Até que quando finalmente o encontro... Ele deliberadamente me ataca e ataca meu povo. Ele tinha mudado, a energia ao seu redor era maligna, ele não era mais o homem que eu amava, era um homem cruel e amargurado por conta do tempo, e agora busca apenas poder.
Desde então uma guerra se iniciou trazendo desgraça e sofrimento para o meu povo. Então, para poder ganhar a guerra, retirei parte de minha alma com meus poderes e crio um ser que pode superar a mim mesma, mas meu antigo amado descobre e tenta mata-lo, e como forma de defende-lo com o resto da minha magia eu o mando para um outro mundo, uma outra dimensão para que possa viver em uma boa família e um bom mundo longe de guerras e qualquer outra coisa que traga risco a sua vida e para que possa sobreviver-

-E esse ser que foi mandado para outro mundo sou eu- eu mesmo termino a história.

-Sim. William, agora que finalmente sabe a verdade tem que cumprir com sua missão... Tem que me ajudar a ganhar essa guerra.-

Eu que antes era apenas um estudante adolescente que vivia uma vida comum, derrepente sou atacado por algo sobrenatural e mandado para outro mundo onde sou "convidado" a participar de uma guerra.

O silêncio se instaura no ambiente. Eu fico perdido em pensamentos sem saber oque responder, enquanto Wallace e Lúria me encaravam.

-Eu...- quando ia tentar falar algo, a porta se abre em um estrondo nos pegando de surpresa.

-Estamos sendo atacados!-

A essência de uma flor carmesim Onde histórias criam vida. Descubra agora