Capítulo 4

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Lá estavam eles. Parados perto da entrada da floresta, eram poucos passos até o fim da floresta.
O que antes parecia a luz do sol no final do túnel se tornou apenas uma lâmpada acesa, uma falsa esperança.

No total eram quatro. E todos possuíam uma aparência quase humana... Quase.
Um possuía um pequeno e único chifre pontiagudo que saia de um lado de sua cabeça, outro tinha duas grandes presas que saltavam de sua boca sorridente, o menor de todos tinha enormes garras negras e o mais alto tinha orelhas pontudas e pequenas presas em sua boca. Mas tinha algo que ambos, inclusive Jake, possuíam, os olhos com pupilas dilatadas como olhos de um gato.

Eu estagnei por completo. Na minha frente eles começaram a andar até mim, enquanto por trás eu podia ouvir os passos de Jake e ao meu redor eu estava cercado de grandes árvores e arbustos cheios de espinhos sem sequer uma brecha para uma fuga.

-Tem certeza que é ele Jake?- pergunta o de orelhas pontudas.

-Com Certeza... Eu consigo sentir, no momento em que pós os pés na floresta... Ela ressonou junto dele.

-Ele parece muito... Fraco- fala o das enormes presas.

-O único fraco é você que sequer consegue sentir a magia- Jake responde

Magia?

-Oque querem comigo?!- falo com a respiração ofegante e tremendo levemente.

-Jake. Ele ainda não sabe?- o com o pequeno chifre indaga enquanto me olha como se estivesse me averiguando, aquele olhar me causa calafrios.

-Não. Se soubesse sequer teria vindo comigo pra começo de conversa... Agora, vamos começar com a verdadeira diversão.- fala com um enorme sorriso surgindo em seu rosto. Um sorriso macabro, formado por dentes pontiagudos, além da aura sombria que o rodeava.

Como um movimento involuntário meus pés se movem para trás querendo fugir desesperadamente.

-Nem tente- o que possuía enormes garras negras fala enquanto apoia uma mão em meu ombro.

A tiro rapidamente de meu ombro e me afasto ficando entre os quatro e Jake.

De repente Jake puxa do bolso de sua calça uma espécie de pedra transparente e aponta em minha direção.

-Se você ainda tem dúvidas se é realmente ele... Vai descobrir agora- Jake fala olhando para o menino com o pequeno chifre.

-Por fav- tento falar enquanto sinto meus olhos lacrimejarem e uma sensação de pavor ao ver aquela pedra.

Com a pedra apontada para mim, de dentro dela começa a surgir um amontoado de luzes coloridas que vão preenchendo de pouco a pouco o seu interior.
Caiu no chão, uma dor lasciva invade meu coração como se mil agulhas o  perfuracem, e ainda sinto o sangue escorrer da minha bochecha, eu havia me cortado com a queda. Enquanto isso, ouço a gargalhada de Jake e dos outros.

-Hahahah e pensar que o escolhido seria apenas isso hahahahah, é hilário- Jake totalmente estasiado de prazer e felicidade.

-Se tudo der certo... Seremos os vencedores e Eros nos reconhecerá- fala o de orelhas pontudas.

Quando volto a encarar Jake vejo a pedra, que antes era transparente, se tornar cada vez mais e mais colorida como se fossem um monte de estrelas brilhantes agrupadas, mas apenas a parte de baixo da pedra estava assim. E como se estivessem enchendo uma garrafa, as pequenas partículas da pedra começam a tomar mais e mais a pedra e a dor fica mais e mais insuportável. Começo a gritar desesperado no chão, sentindo como se uma parte de mim estivesse sendo arrancada.

Minha visão começa a escurecer, eu escutava penas ruídos e tudo se tornou um borrão. Eu já não sentia mais meu corpo e minha consciência estava se esvaindo... Seria essa a sensação da morte?

É então, nesse último fio de pensamento que vejo mais um borrão aparecer, um borrão muito rápido e então escuto mais um ruído, como se algo quebrasse. Foi aí que senti como se aquela parte que arrancaram de mim, voltasse para mim, mas dessa vez essa parte estava inquieta, enlouquecida como se quisesse sair por conta própria agora que pôde sentir o gosto da liberdade.

Tento me mexer, mas falho. Então tento pelo menos indentificar o borrão.

"Agora está tudo bem... Apenas descanse, vai ficar tudo bem..."

Uma voz vibrava em minha cabeça, e como um eco ela repetia que tudo ia ficar bem. Quanto mais eu tentava pensar oque era, mais a dor se  tornava mais forte e insuportável e então eu apenas me entrego e sinto uma sensação calorosa dentro de mim, como se meu corpo estivesse sendo rodeado de um cobertor quentinho e aconchegante. Por fim, apenas sinto meu corpo sendo içado do chão de forma cuidadosa.

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O barulho do despertador ecoava pelas quatro paredes do quarto.
A superfície macia do colchão e o calor do cobertor apenas me faziam querer morrer alí, naquela confortável e macia cama.

De repente se ouve um rangido vindo da porta seguido da sensação calorosa se esvaindo e o calor do sol invadindo o quarto.

-Acordaaaaa! acordaaaaa!- gritava minha irmã ao jogar meu cobertor no chão.

-Se você não acordar agora a mamãe disse que você vai e atrasar e não vai dar tempo de tomar café da manhã-
Ela continua enquanto sai do quarto e desce as escadas para o primeiro andar.

Num pulo me levanto da cama e recolho o cobertor que foi jogado no chão.

Vou até o banheiro e começo a fazer minha higiene. Mas antes me olho brevemente no espelho. Meus cabelos dourados estavam totalmente bagunçados e despenteados, além de possuir grandes olheiras embaixo dos meus grandes olhos azuis e na minha bochecha um arranhão.

Na minha bochecha possui um arranhão...

Como um banho de água fria eu me recordo de como ganhei esse arranhão. Me recordo de Jake e eu na praça, depois na floresta, de repente sua aparência muda e mais quatro semelhantes aparecem, a pedra, eu agoniando de dor e as gargalhadas, o borrão e a voz.

Talvez aquilo não passasse de um sonho, talvez aquele arranhão eu mesmo tenha feito enquanto dormia. Mas então reparei em algo... Uma marca, um sinal em forma de sol em minha testa... Aquilo com certeza não fui eu que fiz enquanto dormia.

A essência de uma flor carmesim जहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें