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Agora meu pai me obrigou a sentar em frente ao escritório dele, aguardando com impaciência enquanto ele estava lá dentro, discutindo sabe-se lá o quê com aquela mulher que, para minha infelicidade, ele resolveu chamar de esposa. Fazia mais de 15 minutos que eles estavam trancados lá, e eu sabia exatamente o que estava acontecendo: April estava envenenando a mente dele contra mim, como sempre. Respirei fundo, tentando manter a calma, mas era impossível. Ficar encarando aquela porta de madeira maciça, fechada, não ia resolver nada, então desviei o olhar, focando em qualquer coisa que não fosse o destino iminente.
Ajustei-me no sofá desconfortável, cruzando os braços e balançando a perna de maneira impaciente. O silêncio no corredor me sufocava, até que, finalmente, ouvi a porta ranger ao ser aberta. Meu pai saiu primeiro, a expressão fechada, uma nuvem de desapontamento cobrindo seu rosto. Logo atrás, lá estava ela: April, com aquele sorrisinho vitorioso, mal disfarçado, que me irritava profundamente.
━━━ Você passou de todos os limites, Hara! — ele começou, sua voz já alterada, deixando claro que eu não teria um momento sequer para me defender. ━━━ Você vai para a Coreia.
Revirei os olhos, deixando escapar um suspiro de tédio. Aquela velha ameaça novamente. Ele realmente acreditava que isso ainda tinha algum efeito sobre mim?
━━━ O colégio na Coreia, de novo? — murmurei, sem sequer tentar esconder o desprezo na voz, olhando entre ele e a loira oxigenada que o acompanhava.
━━━ Essa sua rebeldia vai acabar agora! — Ele estava cada vez mais exaltado, mas para mim, era tudo previsível.
Levantei-me num movimento brusco, sentindo a raiva fervilhar sob a pele.
━━━ É mesmo? — retruquei, a ironia gotejando de cada palavra. ━━━ Pois saiba que eu não dou a mínima! Se você prefere essa salamandra que você mal conhece a mim, sua própria filha, tudo bem. Mas não venha chorar daqui a uns anos quando ela tiver te roubado até o último centavo.
━━━ Hara! — meu pai exclamou, a voz impregnada de frustração, como se eu fosse incapaz de entender a situação.
Eu não aguentava mais. Olhei diretamente para April, que tentou disfarçar, mas o sorrisinho sarcástico ainda estava lá, nos cantos de seus lábios.
━━━ Olha o sorriso na cara dela! — apontei, denunciando o óbvio. ━━━ Você realmente não vê o que está acontecendo? Ela está te manipulando, e você está caindo direitinho!
Meu pai, agora visivelmente abalado, deu um passo na minha direção, tentando retomar o controle da situação.
━━━ Você vai para o colégio na Coreia, e isso é ponto final — ele afirmou, com uma convicção quase desesperada. ━━━ Já conversei com a diretora. Com a influência da nossa família, ela conseguiu uma vaga para você, mesmo que as aulas já tenham começado aqui.
