Capítulo Um

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Meu nome é Dylan, Dylan Keene. Mas pode me chamar de Dylan...ou Kenne. Tenho 20 anos de idade atualmente e vou contar como vim parar aqui, no fundo do poço.

Tinha oito anos de idade quando aconteceu. Então é dali que vou começar.

Minha mãe, Ellie, faria aniversário semana seguinte e ela estava louca para sair comigo e comprar algumas coisas, pois queria fazer algo de aniversário. Sim, ela mesma compra as próprias coisas para a sua própria festa de aniversário.
Dia anterior ao acontecido, já de noite, eu estava escovando meus dentes para ir dormir, e então, depois deitei na minha cama.

- Amanhã vamos sair e comprar algumas coisas viu, nego. - Diz minha mãe entrando no quarto. Sim, ela me chamava de nego.

- Eu sei mamãe, você fala isso há três dias. - Respondo a ela.

- Bom garoto. - Me dá um beijo na testa de boa noite, apaga a luz e fecha a porta do meu quarto.

Eu tenho um irmão, Kyler, mas nessa época ele não estava na cidade, ele já era maior de idade e teve que se mudar pois seu trabalho precisava que ele fizesse isso. E meu pai? Não faço idéia. Talvez Kyler soubesse, mas não falava com ele por falta de um aparelho que eu pudesse usar.

Dia seguinte a esse, fui para a escola normalmente e logo encontrei minha melhor amiga me esperando na porta da sala de aula. Ashley, era uma morena linda de cabelos cacheados e olhos castanhos. Desde que a conheci comecei a ter uma queda por ela. Mas não, nunca nos beijamos pois naquela época ela não queria.
E eu? Se duvidar quero até hoje.

- Oi, Dylan. Você demorou hoje. - Diz ela me abraçando.

- Eu acho que não. Cheguei no horário de sempre. - Falei retribuindo o abraço.

- Não importa. Vem cá que preciso te mostrar uma coisa. - Ela me puxa pelo braço e me leva até sua mesa, se senta na cadeira e procura algo em sua mochila.

- O que você quer me mostrar?

-Shh. Vai assustar ele. - Ela fala colocando a mão em minha boca.

Segundos depois ela tira uma grande aranha peluda de sua mochila e a coloca em cima da mesa. Dei um passo para trás pelo susto que tomei, mas não demorou muito para eu me recompor e andar de novo em direção a mesa e a chegar mais perto da aranha.

- Linda, não é? - Pergunta ela.

- Não...

- Achei ela no quintal da minha casa quando estava saindo para vir para cá. Então resolvi trazer para te mostrar. Acho que vou ter ela como minha de estimação, o que acha?

- Eu...

- Sim, é o máximo, não acha?

É, ela fala demais mesmo, acho que só fiz amizade com ela por não ter tempo de dizer "não".

Mais minutos passam e vem chegando mais alunos. Sento na mesa que fica atrás de Ashley, sempre sentava perto dela, principalmente se eu estivesse triste ou se fosse ter prova no dia. Naquele dia não foi nenhuma das duas alternativas, ja começou estranho aí.

Tempos depois, estávamos na hora do lanche. Ashley sempre que trazia lanche de sua casa, dividia comigo. Pois ela sabia que eu não gostava nem um pouco do que eles davam na escola. E alí foi um desses dias, me deu um sanduíche de presunto e queijo e uma caixinha de suco de uva. Eu estava morto de fome, então devorei tudo bem mais rápido do que pensei.

- Ashley. Eu estou me sentindo estranho. - Digo a ela.

- Claro, comeu rápido demais. Minha mãe sempre dizia que...

- Ashley. Me escuta por favor?...- Os dois ficam em silêncio um pouco. - Obrigado. - Continuo. - Eu estou me sentindo muito estranho. Não sei, como se algo fosse acontecer.

- E o que poderia acontecer?

- Eu não sei... Estamos no Brasil. Tudo pode acontecer.

- Vai lá, democrata. - Diz Ashley rindo.

-Ah, esquece. Desisto de falar.

Minutos depois o sinal toca, hora de voltar para a sala de aula e aturar mais umas três horinhas de aula antes de um outro breve intervalo.

Como eu estudava em tempo integral, minha mãe foi me buscar mais cedo para a gente sair... Na verdade, foi bem mais cedo.
Deu meia hora de aula e apareceram na porta falando:

- Dylan Keene. Sua mãe está aqui para te pegar. - Quando falou, nem me esperou e já foi embora.

- O que houve, Dylan? O que você fez? - Perguntou Ashley preocupada.

- Não é nada. Minha mãe quer sair comigo. Só isso.

Me despeço dela e vou em direção a porta. Ao passar por ela, vejo duas outras crianças correndo bem rápido em direção a sala de aula, como se estivessem correndo de algo ou alguém. Achei estranho mas segui o caminho em direção a escada para ir ao térreo. (Eu estudava no primeiro andar), e ainda tinha mais dois andares.

Descendo as escadas, chego no último degrau, até que paro de repente após escutar um barulho bem alto. Ficou mais assustador ainda com e eco, e ficou pior com algumas pessoas gritando.
Fiquei lá, paralisado sem saber o que fazer, até que eu ouvi de novo. "Pow"... "Pow, pow". Mais gritaria. Distingui que era barulho de arma pois mesmo ainda sendo bem pequeno, já via filmes de ação que tinha isso.

Eu corri e entrei na primeira porta que vi na minha frente. Era a sala de brinquedo. Bem legal, pior tipo de sala para se entrar no momento em que sua escola está sofrendo algo desse tipo. Mas fiquei lá até as coisas se acalmarem. Comecei a tremer de medo, ouvindo gritos e correria, senti uma dor muito forte no meu peito e não consegui controlar, uma lágrima escorre pelo meu rosto ao lembrar que minha mãe estava desprotegida.

Será que minha mãe esta bem? Será que o homem chegou a entrar na sala de Ashley?
Fico pensando muito nisso até ouvir o barulho do carro de polícia e ambulância. Minutos mais tarde eu saí da sala pois me acharam lá, peguei na mão do policial e fomos em direção ao portão. Passamos pelo local e sério, nunca tinha visto tanto sangue na minha vida e espero nunca mais ver.

Meu coração estava acelerado, passando os olhos por todas as pessoas que alí estavam, ainda com esperança de ver a minha mãe alí pronta para me abraçar e dizer que foi tudo coisa da minha cabeça, que ela nunca me deixaria. Mas não, não a vi em local algum.

Bom... não com vida.

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