1 | burn the bridge.

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 track 7,  ⸺͏͏  BURN THE BRIDGE.

"My answer? I wish for what is forbidden to me"

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Mesmo sem as asas, Regulus Black ainda era o homem mais belo do céu e da terra.

Simplesmente intocável, forte e com um tipo de confiança melancólica. Ele sorria após matar e mentir, o pior dos piores, sinceramente. Seus olhos tinham algo realmente impossível de entender, algo como um espelho que te levava para as piores mentiras que o seu próprio interior te fazia acreditar.

Ele gritava no Paraíso e nunca parou na terra, tudo que restava era a sua voz, seu lindo corpo e a sua alma suplicando por vingança. Regulus era um homem terrível e ele amava ser asqueroso e nojento. Havia um pouco de felicidade em toda aquela raiva e podridão, na verdade. Sempre há.

E a própria tempestade que ele caminhou lado a lado e os humanos que foram mortos, seu nome poderia estar gravado em todos os jornais como o furacão mais agressivo do século.

Então, após cair e perder tudo que afirmaram nem ao menos ser seu, sua chance de perdão ou de um "adeus" sem nem terem sido consideradas, Regulus jurou a qualquer um que estivesse em seu cérebro algo muito sério e verdadeiro: ele seria mil vezes pior do que era no Paraíso.

Ninguém nunca duvidou, mas Black estava disposto a ser o pior ser vivo que já pisou na terra miserável em que a sociedade dos fracos vivia.

Ele iria cometer crimes,

amar muito mais do que já amou,

irritar os velhos sacanas e traiçoeiros sendo muito pior do que eles.

Porque apenas sendo ele mesmo, Regulus já conseguia aborrecer muitas pessoas consideradas boas. Sua beleza criminosa e suas palavras cheias de duplo sentido o faziam ser o errado daquilo tudo, amar demais, ser amado, desejar corpos e o prazer; na verdade, Regulus Black era apenas alguém cruel demais para fingir ser bom.

E então ali estava ele, pronto para pegar o primeiro homem em suas mãos e deitar o miserável na ponta da sua arma que, um dia, já foi as suas belas asas brancas como as das águias que voam no céu azul.

Que, em sua mente ou talvez fora dela, ainda estavam pegando fogo como o próprio inferno.

E o pior de tudo era que Barty Crouch J. amava as chamas. Realmente amava, como um fracassado ama o perdão.

Crouch viveu por anos em uma vida sem qualquer pingo de amor e pureza e, sinceramente, ele nunca realmente desejou algo do tipo. Um amor simples era apenas insignificante demais, podendo ser esquecido muito facilmente.

Barty queria se lembrar e chorar ao pensar em um homem, ele queria a dor, a morte ou qualquer coisa pior, algo realmente intenso. Na verdade, Crouch era apenas um maluco que suplicava por amor.

Logo, após perceber que estava se tornando a primeira vítima de Regulus no mundo em que sobrevivia, Crouch esperava sofrer.

E então, no instante exato em que um sorriso maldito decorou os lábios de Black, ele se encantou. Se apaixonou pelos olhos cruéis de Regulus que queimavam em pura raiva, sua boca sacana e seu sorriso mentiroso, seu corpo esculpido, maldade e tudo mais.

Sem qualquer pretexto, Regulus estava pronto para amar mais uma vez, sem mais nem menos. Sinceramente, Barty nem ao menos era alguém merecedor de um amor tão intenso, pois, na rica visão de Regulus, a paixão e o desejo como um todo só vinham para aqueles que conquistaram.

Um fracassado não conquistava, ele era conquistado.

Mas Regulus tinha confiança em si mesmo e tinha certeza que não iria se arrepender de um amor como aquele. Ele nunca se arrependeu realmente, mas, daquela vez, estava focado em se tornar imperdoável.

E a escuridão o havia colocado contra a parede várias e várias vezes durante a sua vasta vida, mas aquela vez pesava de um jeito diferente. Uma voz soava em sua mente, questionando e desafiando: desistir ou ceder.

Desistir ou ceder.

Ele pensava em Barty, o homem belo e miserável que ele podia trazer de volta a vida em pouquíssimos minutos no céu, avançando até um certo limite.

A sua resposta?

"Desejo o que me é proibido"

Um sussurro no escuro antes de se afogar em um homem, se tornando aquilo que sempre sonhou. Alguém definitivamente ruim.

Porque, quando uma escolha é dada para Regulus, ele arrisca tudo e apenas pega o que é dele por direito — amar homens, desejar e beijar seus lindos corpos. Era aquilo o seu dever na terra, amar até se tornar um crime mortal. Uma porta fechada, outra trancada, outra entreaberta, ele iria abrir todas elas com um chute.

Atrás da madeira quente que fingia conforto estava o seu caminho. E não importava se as suas asas não passassem, ele entraria no quarto e então se tornaria o próprio pecado.

— Eu acredito... — Regulus murmura para Barty em seus braços, entregue e frágil. A sua expressão era de puro prazer, algo realmente apavorante e intenso, violento e todas as piores sensações. — Você está do meu lado, certo?

Barty umedeceu os lábios e suas unhas arranhavam as costas de Regulus, fazendo a pele sensível sangrar, vermelho mágico e agressivo. Ele poderia fazer muito pior; adentrar, realmente viver um pouco no interior daquele homem e depois falecer com uma risada entalada na garganta.

— Você vai abrir as portas comigo. — Regulus sussurra no pé do ouvido de Barty e, no momento em que a pele inteira se remexe e arrepia sob ele, soube que o havia conquistado. — Nós temos a mesma chama, você sabe disso.

E Barty sabia,

ele sabia, ele acreditava, ele correria atrás daquilo pelo anjo que o matava e o agredia por dentro.

Por ele, por Regulus, Barty Crouch se destruiria um milhão de pequenas vezes.

Regulus diria em algum momento, mordendo e se deliciando na pele que ardia no fracasso, pintando de ouro com seus dentes e transformando em luxo:

"Vamos além juntos."

"Vamos vencer juntos."

"Vamos percorrer essa estrada juntos."

Ele era a última faísca que iria fazer Barty queimar, todo o seu corpo e alma, coração e ossos. E, almejando o mesmo destino, Regulus tinha a convicção de que aquele era o seu lugar, de que aquela era a sua luta. Ele jamais voltaria atrás.

Queimando a ponte e dando adeus ao Paraíso onde um dia esteve.

Queimando tudo dentro de si.

"Vamos queimar tudo que restar e nos tornar o próprio fogo."

Com o toque pobre de um homem que tentava ser intenso, Regulus então percebeu que a desculpa não existia. Ele não precisava ser perdoado.

Ninguém precisava.

Barty Crouch e Regulus Black eram imperdoáveis.

UNFORGIVEN, bartylus.Onde histórias criam vida. Descubra agora