Capítulo 16

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     Ela acabou no hospital, parece que desloquei a mandíbula dela. Mas sinceramente, me senti aliviada depois de descontar minha raiva nela. Foi como tirar um peso das minhas costas.

Meus pais ainda estavam discutindo sobre o incidente da noite anterior quando desci as escadas. Ronald ainda estava irritado comigo pelo soco que dei em seu olho, agora inchado.

Fui até a cozinha para comer uma maçã e preparar minhas panquecas. Fiz suco de manga para Ronald, sabendo que era o seu favorito. Eu precisava me desculpar pelo soco.

     - Hey. - Estendi o copo para Ronald. - Quero pedir desculpas... pelo soco.

     - Hmm... não sei não... acho que você ainda não merece... - Ele respondeu.

    - Pois bem, o que posso fazer para você me perdoar? - Olhei para ele com tristeza.

     - Primeiro, pare com essa carinha de cachorro abandonado. Segundo, faça meu sanduíche preferido! - Ele brincou.

     - Tudo bem, seu engraçadinho. Cachorro abandonado vai ser você pensei enquanto corria até a cozinha para preparar seu sanduíche.

     - Selê, eu queria pedir desculpas também... eu não sabia que você não tinha conversado com a Camille sobre seus pais biológicos. Ela veio com uma conversa de que queria ajudar você com isso, e me perguntou como foi que nossos pais te adotaram. Acabei contando que foi quando nós tivemos que ir para a América do Sul, no Brasil, por causa dos negócios do papai. Disse quando a empresa do papai resolveu ajudar a casa de apoio ás crianças. E também disse quando mamãe lhe viu quietinha no seu canto... me desculpa Selê... me desculpa mesmo... como você disse eu sou imaturo, nem inteligente para perceber quando estão me usando... - Ronald fala entre lágrimas, sinto pena, pois realmente ele foi enganado. O abraço dizendo que está tudo bem, que eu fui impulsiva ao dizer todas aquelas coisas para ele.

[...]

Observo discretamente meus pais enquanto conversam ao telefone com os pais de Gabrielle.

Fico pensando no que eles estão pensando agora. Será que acham que eu planejei isso desde o início de quando descobri tudo? Ou será que me entenderiam? Preciso conversar com eles.

     Depois de um momento de reflexão, decidi abordar meus pais sobre a situação.

     - Mãe, pai... - Chamei-os com cautela, sentindo o peso da tensão no ar.

Eles viraram seus olhares para mim, demonstrando curiosidade misturada com preocupação.

     - Eu sei que as coisas ficaram complicadas com o que aconteceu ontem à noite, mas eu preciso falar com vocês sobre isso. - Meus dedos brincavam nervosamente com a borda da bancada da cozinha enquanto eu buscava as palavras certas.

Minha mãe pareceu notar minha angústia e colocou gentilmente a mão sobre a minha.

     - Selenita, querida, o que está te incomodando?

Respirei fundo antes de continuar.

     - Eu só quero que saibam que eu não planejei aquilo. Foi um momento de raiva, de mágoa... Eu sei que não justifica, mas eu não sou uma pessoa violenta, vocês sabem disso. 

Meu pai assentiu, parecendo ponderar minhas palavras.

     - Entendemos, querida. Todos nós cometemos erros quando estamos sob pressão. O importante é aprender com eles e seguir em frente.

Minha mãe me abraçou com ternura.

     - Estamos aqui para você, Selenita. Sempre. 

Um peso pareceu se dissolver em meu peito, substituído por um senso de alívio e gratidão por ter pais compreensivos ao meu lado.

MEU ANJOWhere stories live. Discover now