Prólogo

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Mamãe estava brigando com papai quando mandou eu me esconder, me escondi dentro do armário de livros dela.

Ouvi vidros se despedaçando do chão, e algo pesado foi forçado contra a parede. Foi possível ouvir o corpo da minha sendo chocado contra o de meu pai, alguém correu para outro cômodo da casa. Mãe? Pai?

Tiros. Muitos tiros. Fiquei em choque, paralisada, não tive coragem de mexer um músculo se quer, chorei muito.

Algo estava errado, muito errado. Algum vizinho deve ter chamado a polícia, pois dava para ouvir as sirenes.

Ele me achou, estava com sangue nas roupas, era da mamãe, ele matou a mamãe. Me puxou pelos cabelos e saiu me arrastando pela casa, ele parou em frente a porta e apontou sua arma para mim, quando a polícia arrebentou a porta e o matou.

Eu caí no chão, sem acreditar no que tinha acabado de acontecer. A polícia entrou na casa, gritando ordens e apontando armas. Um deles se aproximou de mim, com uma expressão de compaixão.

- Você está bem, menina? - ele perguntou, me ajudando a levantar.

- Eu... eu não sei... - eu balbuciei, olhando para os corpos sem vida dos meus pais.

- Venha comigo, vamos tirar você daqui. - ele disse, me abraçando e me levando para fora.

Lá fora, havia mais policiais, ambulâncias, vizinhos curiosos. Eu me senti tonta, confusa, assustada. O que tinha acontecido? Por que meu pai matou minha mãe? Por que ele fez isso?

O policial me colocou em uma maca e me cobriu com um cobertor. Uma enfermeira me examinou rapidamente e me deu um calmante. Eu não conseguia parar de tremer.

- Ela vai ficar bem? - o policial perguntou à enfermeira.

- Ela está em estado de choque, mas não tem ferimentos graves. Ela precisa de apoio psicológico, isso sim. - a enfermeira respondeu.

- Eu vou ficar com ela até chegar alguém da assistência social. - o policial disse.

- Obrigada. - a enfermeira agradeceu.

O policial se sentou ao meu lado e segurou a minha mão. Ele tentou me acalmar, dizendo que tudo ia ficar bem, que eu não estava sozinha, que ele ia cuidar de mim. Mas eu não acreditava nele. Nada ia ficar bem. Eu estava sozinha. Ele não podia cuidar de mim.

Eu só queria os meus pais de volta, como antigamente.

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