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Algumas horas antes, tudo o que Millie era capaz de pensar era em sua cama; no sossego de seu quarto, mas como seguir pensando nisso quando se descobre que sua voz estimula o cérebro de uma pessoa que está em coma há longos e torturantes quatorze ...

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Algumas horas antes, tudo o que Millie era capaz de pensar era em sua cama; no sossego de seu quarto, mas como seguir pensando nisso quando se descobre que sua voz estimula o cérebro de uma pessoa que está em coma há longos e torturantes quatorze anos?

── E então, doutor, como isso funciona? ── Millie perguntou. Era por volta das quatro horas da manhã quando o doutor conseguiu arrumar tudo para o novo tratamento de reanimação cerebral com ultrassom.

── É uma técnica não-invasiva que usa pulsações de baixa intensidade para agitar os neurônios. As ondas sonoras serão direcionadas para o tálamo, que é parte do cérebro responsável por funções como regulação de consciência, sono e estado de alerta e, se der tudo certo, essas ondas despertarão a paciente.

── Eu só preciso... falar? ── perguntou repuxando o canto da boca. O doutor sugeriu fazerem isso pela tarde do dia seguinte, mas Millie disse que teria que estar no hospital em seus horários de prática. Lori, com medo de perder a oportunidade, pediu ao médico que fizesse o quanto antes e que dinheiro não seria o problema.

── Apenas converse com ela, já sabemos que ela te ouve. Só vou levar Lori para assinar alguns papéis. Se importa de esperar? ── Millie negou.

── De jeito nenhum. ── ela respondeu, bocejando no momento seguinte. Estava, de fato, morta de cansaço, contudo, também se via ansiosa.

── Certo. Com licença. ── ele pediu, saindo com Lori. Millie suspirou e caminhou até a cama de Sadie novamente.

── Olá de novo, Sads. ── Millie disse, analisando com atenção cada detalhe da garota. Suas sobrancelhas eram grossas e, apesar do aparelho que mantinha sobre o rosto para ajudá-la a respirar melhor, a morena conseguia ver sua boca delicada e o nariz fino. Ela parecia estar dormindo; ela se atreveu a tocar a mão de Sadie com cuidado. A pele estava um pouco fria e Millie decidiu fazer algo em relação a isso. ── Está com frio?

Perguntou por perguntar, afinal, o doutor já havia falado que pacientes nesse estado não sentiam nem calor e tampouco frio. Começou uma carícia lenta e gentil de sobe e desce na pele da menina, no intuito de aquecer a região.

── Seu médico me contou um segredo. ── disse rindo. ── Ele disse que você gosta da minha voz. ── ela deu um pulo quando sentiu o dedo anela de Sadie se mover. ── Oh meu Deus! Isso foi um sim? ── o dedo voltou a se mover e Millie abriu a boca em completo espanto.

Lori precisava saber disso, era única coisa que Millie pensava.

── Certo, vamos tentar de novo. ── disse sorrindo. ── Eu comprei alguns caramelos no caminho para cá esta manhã. Você gosta de caramelos? ── o dedo voltou a tremer e Millie sorriu ainda mais empolgada. ── Você está indo muito bem. ── a garota disse animada. ── Sabe onde está?

Millie esperou e alguns segundos depois, quando ela já pensava que não obteria resposta alguma, o dedo voltou a mexer, porém dessa vez duas vezes.

── Duas vezes seria um não? O dedo voltou a mexer uma vez e Millie sorriu. ── Bem, estou ficando realmente boa em entender você. ── ela disse em um suspiro. ── Eu não sei por que justo a minha voz te atrai, mas estou feliz por isto. É bom se sentir útil às vezes. Meu chefe não me dá sinais de que eu seja boa em algo, então obrigada por isso, Sadie. ── mão de Sadie apertou a de Millie, fazendo ela se surpreender. ── Wow, você realmente gosta que eu diga seu nome, uh? ── o dedo se moveu uma vez e logo em seguida a porta foi aberta.

𝗘𝗠 𝗨𝗠 𝗣𝗜𝗦𝗖𝗔𝗥 𝗗𝗘 𝗢𝗟𝗛𝗢𝗦  ∫  sillieOnde as histórias ganham vida. Descobre agora