A primeira viagem de avião deu lugar a muitas outras.
Itália, Paris, Austrália, Hawaii, Nova York, São Paulo, Barcelona, Hong Kong, Inglaterra...
A lista de países e cidades se tornou grande ao longo dos anos, assim como o sucesso e a certeza de que nada poderia ter dado mais certo em sua vida.
Sonhos começaram a ser realizados e outros surgiam logo em seguida, prontos para serem alcançados.
Pessoas surgiram e partiram, outras ficaram de modo tão permanente, que se tornaram essenciais.
Primaveras se passaram como um clique ou o flash de uma câmera fotográfica.
Às vezes os anos pareceram exaustivos, demorados, cheios de saudade, mas a alegria e os sorrisos sempre superavam esses momentos. As pessoas ao redor sempre faziam o sofrimento e a distancia valer a pena.
Aos poucos a cabeça que se concentrava no que havia deixado para trás, começou a se focar no futuro, nas paixões que apareceram, ligeiras e intensas, no trabalho que era prioridade e nos novos amigos, que se mostravam diferentes, excêntricos e também fiéis.
Vanessa percebeu que a vida lhe abriu as portas de uma vez, deixando que ela conquistasse seu espaço, dominasse sua carreira e encontrasse novas pessoas disposta a fazê-la feliz.
Morou com Dennis durante os quatro anos de sua estadia na capital. Nesses quatro anos, não havia um final de semana que não era reservado para a família e os amigos. A experiência de morar com Dennis foi inacreditável. Ele se mostrou mais amigo, mais humano e mais corajoso e querido do que imaginava. Costumavam conversar até dormir, comer quando queriam. Brigavam, sem dúvidas, mas logo estavam tentando fazer o outro rir com caretas e piadas. Viam filmes, saiam com amigos, faziam compras e ficavam em silêncio quando precisavam. Após um determinado período, conseguiam saber o que o outro pensava apenas pelo olhar, ou pelo silêncio incomum que reinava quando estavam com problemas. Nunca mais se ouviu falar em um possível namoro, ou em esperanças de um relacionamento. Viviam normalmente, como duas pessoas que se conheciam e se respeitavam tão intensamente, que poderiam ser chamadas de irmãos.
Dennis se apaixonou dois anos depois de entrar na universidade. A garota era bonita, simpática e divertida. Tinham tanto em comum que pareciam almas gêmeas, mas a relação não durou tempo o suficiente, como todas as outras que se seguiram, até Carrey aparecer, em seu quarto ano do curso de medicina. Três meses depois, estavam morando juntos. Foi tudo tão rápido, que Vanessa mal teve tempo de piscar, mas havia descoberto que Dennis era impulsivo e, muitas vezes, essa façanha dele dava certo. Não era a toa que ele e Carrey ainda estavam juntos.
Cherry, Nick e Samantha eram pessoas que Vanessa viu, pelo menos, duas vezes por mês durante os quatro anos que morou na capital. Se não ia visitá-los, eles apareciam de repente, com as malas nas mãos para o final de semana. A amizade não tinha para onde crescer mais e, quando chegou a um nível estável, Vanessa percebeu que eles eram uma das únicas coisas permanentes e certa em sua vida. Ela os amava.
Quanto à família, não tinha uma semana que não se viam, tanto por cobrança dos tios, quanto por saudade. Jean sempre dava um jeito de passar dois finais de semanas inteiros com Vanessa, sem contar que nas férias ele e os tios faziam questão de passar três semanas na capital, enquanto Dennis estava na casa dos pais.
A saudade era constante, apesar de não trazer sofrimento. Era um sentimento gostoso e ansioso, que desaparecia assim que sua família chegava sorrindo e lhe abraçava e perguntava se estava tudo bem.
A experiência no estúdio de Emanuel foi tudo o que imaginou e mais um pouco. Foi a partir dali que sua carreira começou e se expandiu por todo o mundo. No começo foi difícil se adaptar a rotina do estúdio. A correria, as viagens, as sessões, as pessoas e a publicidade que havia em cima do estúdio eram excessivas e cansativas, mas logo Vanessa percebeu que aquilo era tudo o que queria.
