8º Capítulo

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Depois de tomar um banho, trocar de roupa e engolir mais rápido que o normal a comida por insistência do Caxias e da Lourdes, subi para vê minhas princesas. Não tenho fome, mas dali algumas horas partirei rumo a única e talvez última pista do paradeiro da minha mulher, preciso estar inteiro!

Mas, é era o alimento que me mantém em pé, que me faz ter forças para subir cada degrau, que faz meu peito inflar a cada respiração, não, não...é o ódio por Solano!

É o ódio que está sendo meu combustível e que será minha arma para esmagá-lo!

Quebrarei sua cara, várias e várias vezes, por ter sequestrado minha mulher, por ter cortado seu cabelo, por tê-la amarrado, por ter retirado suas alianças, por cada maldita carta que fui obrigado a lê!

Verei o seu sangue imundo espichar por cada buraco do seu corpo, por cada batida errada que meu coração vem dando, pelo medo e angústia que está me devorando, pelas minhas filhas que estão doentes por sua culpa!

O matarei por ter se atrevido a insinuar que ela seria dele! O matarei por ter dito que bebeu o vinho na pele dela! O matarei por ele ter dito que ela é deliciosa! O matarei porque é inconcebível continuar vivendo sabendo que ele continua respirando, não, não!

Eu o destruirei!

Mas, antes preciso do perdão de minhas filhas! E para isso terei que ser sincero! Não posso mentir para as pessoas mais importantes da minha vida!

Toc toc

-Posso entrar? -abrir a porta e coloquei só o rosto pela brecha.

Não entrarei se elas não quiserem minha presença. Elas tem todo direito de estar me odiando. Não as forçarei a me querer por perto, por mais que tudo que quero é entrar e abraçá-las, dizer que trarei a mãe delas de volta, nem que para isso tenha que morrer, mas Teresa voltará para elas!

Isabel e Dina estão acordadas, ambas sentadas na cama rezando de mãos dadas segurando a foto da mãe, a cena foi o bastante para as veias do meu corpo se contrair e prender a circulação. Elas estão sofrendo tanto e isso me consome!

As duas trocaram um olhar, e Isabel apesar de ser mais velha e herdeira do trono, perguntava com o olhar a Dina se ela permite a minha entrada. Dina balançou minimamente a cabeça e abaixou o olhar para suas mãos onde segura o terço e a foto de Teresa.

-Entra papà! -Isabel falou em um sussurro.

Soltando o ar que estava preso entrei devagar, caminhando até a cama e me sentando na ponta. Elas estão chorando em silêncio, os olhos antes tão vivos estão agora opacos, sem vida! A pele está tão pálida que me perguntei se é possível ficar mais branca do que isso. Minhas principescas estão sofrendo e por mais que queira que o Solano seja o culpado, eu tenho a maior culpa!

-Vim vê como estão! -falei tentando sorrir.

As duas continuaram sem me encarar, também não responderam, só se ouve nesse quarto os fungos do choro delas.

Uma lágrima escorreu do olho de Dina e ela enxugou depressa, ela não quer demonstrar fraqueza, ela se parece tanto, tanto com a mãe! Quantas vezes Teresa deve ter chorado por minha causa e ter colocado um sorriso para não demonstrar o quanto estava sofrendo? O quanto eu a estava fazendo sofrer? Abaixei a cabeça e suspirei com a resposta que minha consciência gritou...MUITAS!

-Me perdoem! -falei firme ganhando a atenção delas. E a dor naqueles olhos fez minha cabeça latejar! -Sei que magoei vocês e sua mãe imensamente! -falei sentindo o peito apertar de culpa e vergonha. -Que nada do que eu diga vai reparar a dor, a mágoa e a vergonha que sentem por mim!

Rapimento - Pedresaحيث تعيش القصص. اكتشف الآن