3º Capitulo

315 23 7
                                    

Não faço ideia para onde estão me levando, mas definitivamente não é perto do palácio, nem das províncias vizinhas, a carruagem está com as janelas fechadas, mas pelo balançar da mesma, tínhamos saído da estrada da cidade há muito tempo...estamos em uma estrada de terra.

Procurei pensar quais motivos estão por trás do meu sequestro, claro que ele não ficou satisfeito pela forma como Pedro o expulsou do Brasil, mas não é só isso...Pedro o negou de usar o rio da Prata para fazer o transporte das mercadorias do Paraguai, negou a mão de Isabel a ele... jogou na cara dele que ele não é da realeza, não é um príncipe. Tinha dito mais, o tinha chamado de ditador, jurou que o Brasil jamais se curvaria ao Paraguai. 

Fechei os olhos. Pedro atingiu o ego desse homem de tantas formas que não consigo enumerar. Preciso descobrir suas intenções, preciso ter cartas para jogar, para ganhar tempo...porque Pedro virá me resgatar, não é? Respirei fundo sentindo a dúvida me engolir. Eu não sou só a Imperatriz do Brasil, ou a mãe de suas filhas, e apesar dele não me amar, dele me tratar apenas como um maldito acordo entre reinos ainda sou sua esposa! Preciso acreditar que ele virá. Se não...estou perdida!

Fui tirada de meus pensamentos quando Solano falou com o sotaque forte. Ele passou a viajem inteira me encarando com aquele maldito sorriso de lado.

-Está com sono Majestade? -perguntou se curvando para frente do banco. -Se quiser dormir pode se deitar no meu colo Imperatriz, a carruagem é grande... -sorriu mais. -Longe de mim que a senhora fique com dor nesse pescoço delgado. -estou pasma com a audácia desse homem! 

O encarei pesando o que dizer, como dizer, não posso tentar descobrir aqui o que ele pretende, não...preciso está em solo, de preferência a uns passos de distância dele. Preciso mostrar que não estou abalada, por mais que eu esteja! Preciso mostrar que isso não é nada, tenho que fazê-lo acreditar que ele não me quebrará! E foi pensando nisso que arqueei a sobrancelha enquanto falei. 

-Se estivesse tão preocupado comigo como diz, não teria me sequestrado de minha casa! -sussurrei medindo a raiva, o descontentamento, engolindo a angústia de não saber se minhas filhas estão bem.

-Ah, mas de qual outro jeito a levaria? -perguntou sorrindo de lado. -A senhora teria vindo se eu tivesse convidado para uma temporada...hum...por aí? -ele não vai dizer aonde está me levando, ele é esperto, muito esperto.  

-Ainda falta muito para chegarmos aonde está me levando? -perguntei tentando lhe tirar algo, por menor que seja.

Olhando no relógio ele sorriu na mesma hora que a carruagem parou.

-Acabamos de chegar Imperatriz a sua nova...estadia temporária. -falou saindo e abrindo a porta para me descer. 

Estou cansada e dolorida pelas horas de viagem, cobrindo os olhos da claridade vi que já é de manhã, viajamos a noite, a madrugada e boa parte do dia. Desviando de sua mão e da maldita gargalhada desci sozinha, precisei de alguns minutos para minhas pernas obedecerem, para o sangue voltar a circular por elas. Estamos no meio de uma floresta? Definitivamente estamos longe...muito longe.

O acampamento está montado, dezenas, não centenas...milhares de barracas estão armadas, tem fogueiras, um arsenal de armas prontas para serem utilizados, canhões, cavalos e soldados por todos os lados...ele está pronto para iniciar um avante! Uma guerra! 

-Eu sei... -sobressaltei quando o sentir atrás de mim falando em meu ouvido. -Está admirada com meu exército! -falou arrogante enquanto gesticula com as mãos. -E aqui é só uma parte Imperatrice

Tentei falar, mas nada saiu, apenas encaro isso tudo à minha frente sentindo que não tem como acabar bem.

-Per favore, seguimi! -falou indicando o caminho adiante. 

Rapimento - PedresaOnde histórias criam vida. Descubra agora