9. Sonho

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A quinta-feira chegou e Maitê madrugou na clínica. Camila a acompanhou. O procedimento foi rápido e logo Maitê foi para o quarto de recuperação. Precisava ficar lá até o término do efeito do sedativo. Depois, o médico da inseminação viria consultá-la e explicar novamente sobre os próximos passos do processo.

Qual não foi sua surpresa quando Henrique apareceu no quarto carregando um buquê com lindos lírios brancos abertos. Achava que estava sonhando, ainda com o efeito do sedativo, um surto, um delírio. Camila cumprimentou o surto com dois beijos no rosto e colocou as flores em um vaso do hospital ao lado da cama, enquanto o Henrique/sonho perguntava se tinha corrido tudo bem. Maitê achou melhor retornar à inconsciência do que dar vasão a esse tipo de insanidade.

Quando acordou meia hora depois, o sonho ainda estava ali. Sentado na cadeira de acompanhante, olhando para ela. Sorriu quando percebeu que ela havia despertado.

─ Oi, Maitê. - Levantou-se para ficar ao lado dela na cama e acariciar seus cabelos. Ela não estava entendendo nada. Não falava com Boccati desde o boa noite educado na portaria dois dias antes. - Está se sentindo bem?

─ Estou... - Ajeitou-se na cama. Usava aquela camisola esquisita de hospital enquanto Henrique parecia um deus grego. - O que você está fazendo aqui?

─ Vim discutir nossas opções nesse projeto... - Torcia as mãos. Estava nervoso.

─ Opções? - Ainda estava confusa. - Está pensando em me convencer a adiar a inseminação...

─ Não. - Balançou a cabeça. - Isso não é uma opção para você, não é mesmo?

─ Definitivamente não. - Confirmou. - Então, o que você pretende? - Levantou as mão como se dissesse o quanto era óbvio o que ele estava fazendo ali. Ela entendeu, mas não estava acreditando. - Você vai doar o material genético, é isso?

─ Gosto mais da frase "vou ser o pai do seu bebê". - Explicou. - Mas acho que é isso sim.

Maitê ficou sem fala. Nem conseguia respirar direito. Henrique estava se oferecendo para fazer um filho com ela. Era inacreditável.

─ Ainda estou me acostumando com a ideia. - Parecia mesmo nervoso. - Eu realmente não estava planejando isso. - Explicou. - E vamos precisar conversar bastante sobre os termos dessa nova relação... - Ele meio que se atrapalhava na condução das ideias. - Porque eu não pretendo ser apenas um doador para essa criança.

─ Henrique, calma! - Apesar de ser ela a estar na cama do hospital, começava a se preocupar com a condição de Boccati. - Você entende que eu não estava falando sério quando fiz o convite... - Aquilo caiu como uma bomba.

─ Você... Você não quer que... - Dava para ver que sentia as palavras como uma rejeição.

─ Eu não disse que não quero. Eu disse que você não tem a menor obrigação de se envolver nessa situação. - Disse com muita firmeza. - Ter um filho é um passo muito sério. - Henrique tornou a se sentar na cadeira de acompanhante. - Estou planejando a chegada dessa criança há bastante tempo já. Não consigo imaginar que você tenha simplesmente decidido ter um bebê comigo depois de uma discussão patética como a nossa.

Um silêncio tomou conta do quarto. Boccati olhava para ela, mas não sabia o que dizer, sobretudo porque ela estava certa. Maitê por sua vez, estava completamente desconcertada com a simples presença de Henrique ali.

Felizmente, Camila chegou vinda da padaria. Trazia algo mais substancial para a amiga comer, pois ela ainda estava em jejum.

─ Acordou, mocinha? - Entrou animada por ver a amiga recuperada e nem reparou que uma torta de climão já tinha sido muito bem servida. - Trouxe pão de queijo, suco de laranja e um sonho. - Foi colocando a mesinha do hospital na cama e ajeitando a comida em cima dela. Maitê começou a comer, não tinha um pingo de fome, entretanto, era melhor encher a boca de comida do que puxar assunto com Henrique. - O médico já passou? - Camila perguntou a Henrique.

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⏰ Última atualização: Apr 01 ⏰

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