Entre Irmãos

Naruto

O som irrita a porra dos meus nervos, meus dentes de trás rangem enquanto eu o ouço abusar de sua garganta como se ela fosse seu próprio brinquedo pessoal.

Ela não é nada dele e ele sabe disso.

Meu tesão desce pelo ralo, solto meu pau e saio do chuveiro, pego minha toalha e a enrolo em minha cintura. O som continua enquanto escovo os dentes e seco o rosto, mais alto agora graças a falta de água correndo. Mais alguns minutos se passam antes que seus gritos patéticos ecoem pela parede entre nós, sorrio imaginando que talvez ele a sufoque até a morte.

Assim que termino de me secar, visto uma calça jeans preta rasgada e um moletom cinza, puxo as mangas até os nós dos dedos para cobrir as cicatrizes em meus braços. Não me importo que Sasuke as veja o tempo todo, mas sempre as escondo de todos os outros, com medo de que riam de mim pelas coisas que gosto de fazer comigo mesmo.

Sasuke nunca riria de mim.

Não sobre isso.

Forço um sorriso diante do espelho, coloco meu celular no bolso e em seguida, saio para o corredor. No caminho, esbarro em Sakura Haruno, ela tinha acabado de sair do quarto de Sasuke. Suas bochechas estão manchadas com listras pretas de rímel, o batom da noite passada espalhado por toda a boca, seu cabelo rosa uma completa bagunça.

Eu a odeio.

Ela zomba como se soubesse dos meus pensamentos, enfio as mãos nos bolsos enquanto a vejo desaparecer na curva do corredor. Sakura pode ou não encontrar o sogro ao sair daqui, mas eu sei que ele não colocará a mão nela, essa vadia é filha de peixe grande.

A música emo do meu irmão enche meus ouvidos e eu ando até o quarto dele, encosto meu ombro no batente da porta e espero ser notado. Ele está sentado na beira da cama com os olhos no telefone, os cotovelos apoiados em um par de coxas musculosas que fazem as minhas parecerem coxas de frango. Não sou tão magro, mas também não sou Sasuke Uchiha. Ele é uma cabeça inteira, mais alto do que eu, maior, mais duro e mais malvado.

Como agora, por exemplo, ele sabe que estou aqui como um cachorrinho leal esperando seu dono dizer vem, mas não me dá atenção porque é um babaca. É uma das coisas que mais amo nele. Seu cabelo escuro paira sobre seus olhos igualmente escuros, meu irmão
passa os dedos por ele, seu outro polegar ainda rolando na tela em sua mão. Perdendo a paciência, faço questão de limpar minha garganta e o imbecil esconde um pequeno sorriso arrogante, finalmente levantando a cabeça para me olhar.

__ O quê?

__ Eu vi Sakura, você a fez chorar.

Eu ri disso, mas não é uma risada engraçada.

__ E?

__ Você conseguiu tirá-la depois?

__ Não. - Ele responde jogando o telefone na cama. __ Ela fugiu de mim.

Bufo e me empurro para fora do batente da porta, sem perder a forma como seu corpo fica tenso a cada passo que dou em direção a ele. Sorrio para mim mesmo e pego o telefone dele, finjo inocência enquanto percorro sua lista de reprodução. Escolho Mind Games de Sickick e me jogo na cama ao lado dele, recostando-me na cabeceira com o braço cruzado atrás da cabeça. Ele me dá um olhar lento e deliberado e depois desvia, levantando-se para pegar algumas roupas do armário no canto.

Sasuke ainda está quase nu, se não fosse pela boxer, sem vergonha das pequenas cicatrizes e hematomas cobrindo suas costas pálidas, algumas novas e outras não tão novas, algumas do nosso pai e outras não.