𝟎𝟖.┆ℬ𝐑𝐈𝐓𝐈𝐒𝐇

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— Óbvio que quero.

Virei meu rosto para olhá-la, não conseguia ver muito bem seu rosto pela escuridão que meu quarto se encontrava, mas mesmo assim notei como seus olhos brilhavam. Até que se encontraram com os meus. É incrível como seus olhos passam um conforto tão grande.

Deixei que um sorriso tímido escapasse dos meus lábios quando desviei meu olhar e levantei da cama para pegar meu violão e um dos meus cadernos de anotações, onde continha a maioria das minhas músicas. Mesmo sem enxergar, conseguia sentir como o olhar de Bella estava me acompanhando enquanto eu vasculhava as gavetas em busca do caderninho.

Assim que o achei, voltei para a cama, onde sentei com meu violão no colo. Em seguida, liguei o abajur na mesinha de cabeceira para conseguir ler o que estava escrito nas páginas em que os versos estavam registrados. Bella se sentou também, pegando um dos meus bichinhos de pelúcia para a acompanhar naquela sessão de música e cantoria.

— Qual música irá cantar pra mim? — Ramsey tentou espiar meu caderno, mas pela minha letra era quase impossível saber o que estava escrito.

— Talvez... this is me trying. — Falei. — Taylor me ajudou a escrever essa, então acredito que não seja uma música completamente minha.

— Contanto que tenha saído do seu coração, acredito que é sua. — Bella sorriu. — É normal precisarmos de ajuda, não se preocupe. A música fala sobre o que?

— Não sei bem. — Soltei uma gargalhada e ela também. — Escrevi há alguns anos, provavelmente quatro anos atrás. Eu era um pouco... melancólica nessa época. São várias situações que me fizeram juntar todos esses versos, sabe? Como se tudo de ruim que aconteceu comigo estivesse numa música só. Incialmente ela foi escrita no piano, mas meu piano está afinando... então... desculpe, falei muito.

Ramsey riu um pouco e apoiou seu rosto nas mãos, seus olhos focaram-se nos meus novamente. Um calafrio percorreu meu corpo, e uma sensação estranha se instalou dentro de mim.

— Não se preocupe. — Ela começou. — Gosto de te ouvir falar, Lively. Você fala sobre a música com tanta paixão, é bom de ouvir.

— Tenho certeza que está falando isso só porque quer ser legal comigo, afinal, nem eu suporto meu sotaque americano. — Zombei, fazendo Bella revirar os olhos em diversão.

— Seu sotaque é normal, Kate.

— Se normal significa entediante pra você, então realmente é bem normal. — Argumentei. — Você tem sorte, Ramsey, seu sotaque britânico é tão charmoso. Parece que você saiu de um daqueles filmes que remetem à família real britânica.

— Você costuma prestar atenção no sotaque dos outros? — Ela brincou e eu ri.

— Só no seu. — Falei. — Mas primeiro notei a covinha na sua bochecha esquerda, depois ouvi o sotaque.

— Me sinto lisonjeada que minha ídola preste atenção em mim. — Bella abriu um sorriso divertido, e eu retribui.

— Você é tão idiota! — Revirei os olhos e apoiei minha mão no violão para começar a dedilha-lo.

— Irei deixar você começar, como uma boa fã preciso manter silêncio enquanto vejo minha inspiração cantar para mim. — Ramsey falou em meio de risadas. — Agora é sério, pode começar.

Bella consegue me fazer esquecer das coisas tão rápido mesmo sem esforço. Deve ser mais uma das habilidades dela, aprecio isso.

(...)

BEVERLY HILLS, CA
10:34 a.m || 28 de janeiro 2023

jay <3 : podemos conversar?

Fiz questão de visualizar a mensagem e não responder. Sei que foi muito para que Jayleen associasse e digerisse, mas me perguntei como que ela espere que eu queira conversar com ela depois de deixar aquele assunto entreaberto naquela droga de festa.

Acredito que o que mais me assustou em toda aquela situação foi como Jayleen foi extremamente fria quando percebeu o que eu estava escondendo por todo esses anos. Não esperava que ela me pegasse pela cintura e me beijasse, mas acho que qualquer tipo consideração existente em nossa amizade foi embora assim que Jayleen ligou todos os pontos que faltavam.

"Desculpe, Kate" nunca mais soaria do mesmo jeito para mim.

Evitar aquele assunto também não estava sendo a tarefa mais fácil do mundo. Lorenzo sempre passava as tardes no meu quarto, e ele sempre sabe quando tem algo de errado comigo, e soube também que não estava bem. Não tive coragem de confessar para ele tudo aquilo que aconteceu há apenas alguns dias atrás, mas esconder dele também me parece errado. A única pessoa que também sabia sobre era Bella, que estava presente quando isso aconteceu, impossível não saber.

Ramsey voltou para Londres no dia anterior, ela fez questão de me mandar mensagem antes de entrar no avião que a levaria de volta para Inglaterra. Conversar com Bella é bom, sempre tem os melhores conselhos e também têm sido a única que não se importa de me ouvir falando sobre como quebrei a perna na quinta série, ou como foi minha primeira vez brigando com meu irmão. São coisas simples, mas me sinto bem em falar sobre. Mas, agora com ela sete horas a frente de mim, está sendo quase que impossível de nos comunicarmos.

Ramsey deixou bem claro que sempre que eu quisesse conversar, era para ligá-la, que atenderia assim que conseguisse. Obviamente que minha coragem não deixou que eu fizesse isso nesses dois dias desde que ela voltou para casa.

E confesso que estava sendo difícil me manter ocupada nas tardes de tédio como aquela. Procurei algum vídeo para assistir enquanto coloria meu desenho com minhas aquarelas, levava a arte no papel mais como um hobby, gosto de ver as cores se misturando no papel quando se passa o pincel.

Mais uma coisa simples qual presto muita atenção sem motivo algum.

𝒯𝐇𝐄 𝒜𝐑𝐂𝐇𝐄𝐑; 𝖻𝖾𝗅𝗅𝖺 𝗋𝖺𝗆𝗌𝖾𝗒Where stories live. Discover now