Capítulo 1

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Semanas antes

Penélope estava tendo um dia infernal e tudo que ela queria era ir pra casa e passar o resto da semana dormindo. Mas ela não podia. Colin havia convidado ela e mais alguns amigos, além da família, para uma espécie de encontro de despedida. Ele viajaria para o Brasil por tempo indeterminado. Havia um misto de emoções que ela estava sentindo. Mas o que a dominava era a tristeza por vê-lo ir embora mais uma vez e, dessa vez, talvez nem retornasse.

Ela já estava com 25 anos e era apaixonada por Colin desde o momento que viu seus olhos verdes esmeralda pela primeira vez quando tinha 15 anos. Aos poucos ela deixou de ser apenas a amiga de Eloise, para ser a amiga dele também. Era confortável tê-lo por perto na mesma medida que a machucava saber de que a amizade era a única coisa que teria dele. Até que ele encontrasse alguém para amar e construir uma família, que obviamente não seria ela.

Mas havia algo naquele dia em especial. Vê-lo no bar flertando casualmente com uma mulher que era o completo oposto dela a irritou profundamente. Ela estava cansada de não ser vista. Cansada de amar alguém que nunca olharia para ela daquela forma. Então Penélope bebeu. Cada vez que via ele com outra mulher ou falando de suas viagens, ela virava alguma dose. A noite vai ser longa, ela pensou.

No dia seguinte, Penélope acordou e primeira percepção que teve foi de sentir um calor fora do normal, seguido por uma dor de cabeça terrível. Tentou-se lembrar do que tinha feito na noite anterior, mas sua última lembrança era de estar bebendo muito enquanto observava Colin de longe. Alguns flashes de memória dela conversando algo com ele, dela indo embora e dela pedindo para alguém ficar. Oh, meu deus, pensou e abriu os olhos instantaneamente ao perceber que o calor fora do normal vinha de uma pessoa que estava dormindo agarrado a ela.

Fechou os olhos com força e tentou em vão se lembrar de quem ela tinha levado para casa e o que tinha feito. Então fez um check up mental. Ela estava vestida, embora com roupas diferentes da festa. A pessoa que estava com ela cheirava a bebida, era muito maior do que ela e não parecia estar usando roupas. Merda. Isso só piora. O que você fez, Penélope? Ela pensou num lamento interno e ouviu um leve grunhido da pessoa, um homem, ao seu lado. Ele se mexeu e pressionou seu corpo contra o dela antes de travar e se afastar bruscamente. Ótimo. Ainda vou ser humilhada. Com certeza a pessoa nem deve se lembrar de ter vindo parar aqui e comigo. Ela escolher se manter o mais imóvel possível até que ele fosse embora e ela lambesse suas feridas sozinha, depois de ir ao médico e fazer diversos exames diferentes já que não tinha a mínima ideia do que tinha feito ou com quem.

Ela deu um leve suspiro de alívio quando o homem se levantou da cama. Ela ouviu alguns barulhos do que pareceu ele se vestindo e depois ele saiu do quarto. Penélope ficou atenta e quando ouviu a porta do apartamento bater, se permitiu sentir e colocar tudo pra fora. Ela chorou pelo que pareceu uma eternidade. Por Colin, pelo seu amor não correspondido, por ele ir embora, pelas bebidas do dia anterior e pela merda que tinha feito.

Depois de algum tempo criou coragem para se levantar, tomar um banho e encarar a realidade de frente, a merda já está feita mesmo. Ainda não se lembrava do que tinha acontecido, mas de toda essa história estranha, o que mais se arrependeria era de não ter se despedido de Colin. De não ter aproveitado a noite para estar com seu amigo como uma pessoa normal. Feliz por ele estar seguindo seus sonhos. Se ela fez, no entanto, não se lembrava. O que dava no mesmo. Agora já não havia mais tempo, o voo dele partiria em minutos e sabe-se lá quando se veriam pessoalmente de novo. Era hora de colocar uma pedra nesse assunto e esquecê-lo de uma vez por todas.

Enquanto fazia sua rotina matinal e se arrumava para o dia, a mente de Penélope girava e a dor de cabeça só aumentava. Sentiu um cheiro delicioso de café e seu estomago roncou em resposta. Eloise acordou antes de mim, que milagre. Ela pensou antes de paralisar ao se lembrar de que Eloise não estava em casa. A amiga estava no interior do país com o novo namorado. Ela nem tinha ido à comemoração de Colin.

O pânico tomou conta de seu corpo enquanto saia do quarto em direção ao cheiro, mas ela precisava enfrentar. Lentamente, um passo de cada vez, ela foi se aproximando da sala que estava vazia. Mas dali ela pode ver um cara alto em sua cozinha, de costas para ela. Na mesa de jantar ela pode ver dois pratos dispostos, algumas panquecas, bacon, suco de laranja e café. Além de uma aspirina, ao qual ela imediatamente pegou e tomou. Ao menos ele parece ser gentil.

"Bom dia, Pen." Ela estremeceu e sentiu suas pernas fracas ao reconhecer a voz grave em seus ouvidos e se virou para ele.

"Colin" foi o que conseguiu dizer. Ele tinha aquele sorriso encantador estampado no rosto e usava uma camiseta branca com jeans preto, uma roupa diferente do dia anterior. Se possível, parecia ainda mais bonito do que nunca. "O que você está fazendo aqui?" Questionou quando se lembrou do motivo de sua bebedeira do dia anterior. "Não era para estar a caminho do Brasil nesse momento?"

"Era. Mas eu adiei para daqui dois dias." Ele disse e seu sorriso foi embora. "Sente-se, Pen. Fiz o café da manhã para nós."

Penélope se sentou e começou a comer enquanto o observava. Ele ficou sério de repente de uma forma que ela nunca tinha visto antes.

"Por que você está aqui, Colin?" questionou.

"Precisamos conversar. Mas não agora. Vamos comer primeiro, estou faminto."

Ela apenas assentiu e então um flash de memória veio a sua mente. Era ele. Ela pediu para ele ficar e não ir embora. "Colin" ela falou baixo, quase como um sussurro, "o que a gente fez ontem? O que..." parou sem saber como continuar sem se afundar em lágrimas enquanto o pânico começava a dominá-la.

"Pelo amor de deus, Penélope. Quem você acha que eu sou?" Ele respondeu sentindo-se ofendido.

"Eu acordei com uma roupa diferente e você nu na minha cama." Ela disse e o viu respirar fundo.

"Eu não estava nu e nada aconteceu, Pen. Você estava muito bêbada, mas muito mesmo. Eu nunca faria isso." Ele colocou a mão sobre a dela e a encarou com atenção.

"Então me conta, Col. Por favor." Suplicou com lágrimas acumuladas nos olhos. "Por que você está aqui? Que merda que eu fiz ontem?" 

Última NoiteWhere stories live. Discover now