Capítulo dois: O convite.

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— Yah! Você me bateu.

— E você me deu um susto.

— Eu havia acabado de chegar, e decidi te espiar inocentemente. Me desculpa pelo susto, mas agora meu ombro tá doendo!

Mina parou pra colocar os pensamentos em ordem, analisando tudo o que havia acabado de acontecer. E, após ficar uns vinte segundos digerindo tudo isso, respirou fundo e abriu um pequeno sorriso.

— Oi, Son. É bom te ver novamente. Me perdoe pelo tapa, mas não escutei você entrando na sala.

Parou pra observar pela primeira vez no dia Chaeyoung. Ela estava com os cabelos amarrados em uma trança curta, uma maquiagem leve no rosto que contém um deliniado, e por fim uma bandeija de uvas em mãos, que antes de ser agredida, ela comia cada uma que tinha alí.

— Eu sei. Tá tudo bem agora. Me desculpe por ter te dado esse vácuo de tanto tempo, mas eu só fui me lembrar que precisava te ver, exatamente agora. Olhei para a mesa da Momo no recreio, e senti sua falta nela. Vim correndo aqui, eu definitivamente preciso te propor algo.

Myoui esbugalhou levemente os olhos pequenos, tentando entender o porquê da baixinha querer tanto assim te ver. Também foi rapidamente entendendo mais da situação. Então o vácuo não havia sido proposital? Ok, isso ameniza a situação.

— Sobre o que quer conversar?

— Poderia me mostrar aquele seu caderno com desenhos de novo? É rapidinho, só pra eu ter certeza de algo.

Myoui rapidamente tirou o caderno da mochila, abrindo nas páginas aonde tem os desenhos. Chaeyoung animadamente levou suas mãos pequenas até as folhas, analisando cada desenho delicadamente.

— Hm, ok. Mina, você tem uma conta no instagram pra desenhos, não tem? – Disparou, olhando nos olhos que sempre brilhavam da morena.

— E-eu... acho que sim. Porque? Você conhece?

— Sim, eu conheço. Comecei a te seguir por admirar seus traços únicos e a forma que você pinta tão bem com a tinta guache. O traço é suave, nem parece real. Eu admiro muito a sua conta, Mina. E suas técnicas também.

— Oh...

Ela processa a informação pela terceira vez no dia. Era tanta coisa ao mesmo tempo, que ela poderia facilmente colapsar, apenas em um clique.

— Bom, eu não sei se você sabe, mas existe anualmente uma competição artística na escola, que a prefeitura patrocina com o prêmio de duzentas pratas. É um bom dinheiro, não? – Sorriu antes de comer mais uma uva do cacho.

E aos poucos, ela foi entendendo que rumo teria aquela conversa.

— Eu participo todos os anos, em dupla com um amigo meu ou outro, mas eu nunca cheguei a ganhar. Duas mentes funcionam bem juntas, mas parece não ser o suficiente. Digo, é difícil demais combinar mentes diferentes, sabe? Um verdadeiro desafio.

Espera aí, a Son desenha?

— Você também desenha?!

— Desde pequena, basicamente. E você pinta muito bem. Sou basicamente sua admiradora anônima das redes sociais.

— Ah... e você quer chegar aonde com isso?

— Com nós formando uma dupla. – Chae abriu outro sorriso, fechando os olhos dessa vez.

Que visão adorável... Inferno!

— Não mesmo.

— Que?! Porque não?

— Eu me sentiria envergonhada de me expor assim.

— Ahm? Ah Mina, você posta suas artes nas redes sociais, qual o problema de um campeonato?

— É-É uma exposição diferente. No instagram é de forma totalmente anônima, sem ninguém saber meu nome ou o meu rosto. Em um campeonato, será tudo pessoalmente. Eu não sei se quero isso... – Despejou de uma vez.

— Mas, eu–

— Não posso, Chaeyoung. Me desculpe por te fazer perder seu recreio pra estragar seus planos.

— Não peça desculpas. É que eu não entendo. Sua arte é muito linda, e eu realmente tenho muito que aprender com você. Mas porque a vergonha de ser em público? É uma competição, todos vão tá alí igualmente colocando quadros, esculturas e idéias pra fora. E ano passado, mesmo tendo apenas aqueles quadros feios, eu consegui perder. Ninguém alí se compara a você, Myoui. Qual o problema de expor suas tintas alí?

Chaeyoung havia chegado na pergunta perigosa, que envolvia toda a introversão de Mina. Essa, respirava descompassada, tentando recuperar o controle da situação.

— M-M-Me perdoe... Mas não é algo que eu queira compartilhar com você.

— Tudo bem. Mas mesmo assim, eu continuo precisando de você nessa. Nós iríamos dividir o prêmio igualmente, e você teria cem mil wons facilmente. Por favor, Myoui. Me desculpa se fui invasiva agora mesmo, mas por favor, dá uma chance. Se quiser, eu te inscrevo em anônimo.

— Porque tanta insistência em mim?

— Porque eu quero você. Sim?

— Não!

— Por favor?

Mina suspirou, se deixando por vencer.

— Ok, tudo bem. Eu posso tentar, mas se você me prometer que ninguém saberá meu nome e quem foi que fez a arte. Eu juro pra ti, que se ocorrer, eu descubro sua conta e te bloqueio no meu perfil do instagram.

Chaeyoung deu pulinhos animados, puxando Mina pra um abraço. Ela estava tão feliz, que qualquer um a acharia que havia ganhado na lotaria agora mesmo. É, e ela ganhou.

— Meu Deus, muito obrigada! Eu tô bastante animada com isso, você não faz idéia. Me passe seu número pra combinarmos direito o projeto, e aonde faremos, pode ser? – Ela dizia, quando o sinal tocou. Mina passou seu número rapidamente. – Eu posso desenhar e você pintar, o que acha? Fazemos o que preferir. – Falou se aproximando da porta. – Não irei te decepcionar, Myoui. Tchau, até depois! Por sinal, gostei do casaco novo. – Gritou pelo corredor, dando de se ouvir bem longe.

Mina riu baixo, com o rosto todo vermelho pela vergonha. Agora além de ter mais um horário marcado com a filha da coordenadora, ela também teria seu número de telefone.

[...]

Morango e tinta guache | MiChaeng! ShortFicWhere stories live. Discover now