Visita indesejável.

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Durante esses primeiros dias, onde Romero agora podia considerar que não morava mais sozinho naquela enorme casa, a animação era garantida!

Ele e Atena dividiam as atividades da rotina, para cuidar do filho e estabelecer um laço ainda mais forte, principalmente do garoto com o pai.

O mais velho havia decidido se afastar da fundação durante aqueles dias, o que fazia Tóia ficar de orelha em pé e sempre lhe mandar mensagem, também em relação a Djanira.

Por outro lado, Atena tinha que lidar com Ascânio ligando inúmeras vezes, numa tentativa de descobrir seu paradeiro, já que havia ficado no hotel e a loira não tinha sequer deixado uma pista, quando decidiu sair de lá.

(...)

- Muito bem, garotão! — Romero sorriu, fazendo um carinho nos cabelos do filho, especificamente o assanhando.

Ambos estavam no quintal, de pés descalços e brincando de futebol na grama esverdeada, que era muito bem cuidada. Atena estava praticamente deitada, em uma cadeira de bronzeamento, perto da piscina. A loira observava a cena e acabava rindo, enquanto que negava com a cabeça e minutos depois voltava sua atenção para a revista que estava lendo.

- A mamãe não quer jogar? — O menor perguntou, colocando suas mãos na cintura.

- A mamãe não leva jeito no futebol, filho. — Romero explicou e Atena o olhou, descendo seu óculos de sol.

- E como você sabe? Te deixaria no chinelo.. — Buscou se defender.

- É mesmo? Me mostra. — A provocou, com um sorrisinho estampado nos lábios.

- Vem, mamãe! — O pequeno gritou animado.

Atena se levantou, jogando a revista por cima de onde antes estava e caminhou até eles, pegou a bola da mão de Romero e posicionou em um canto qualquer do chão.

- É cada uma que eu tenho que passar. — Suspirou, passando a mão pelos cabelos.

Em minutos depois, o chute contra a bola veio e por pouco acabou entrando na trave improvisada por eles.

Aquele momento rendeu um pulo da criança aos braços de sua mãe, que quase cambaleou para trás.

Romero riu e levantou as mãos para o alto, em sinal de rendição, no fundo aquilo tudo havia sido só para ela se levantar e participar do momento mesmo.

- A mamãe conseguiu! — O pequeno anunciou animado, ainda no colo.

POV ROMERO.

Me juntei aos dois e por perceber uma movimentação estranha lá atrás, meus olhos acabaram se encontrando com os de Tóia. Afinal, o que ela tava fazendo ali?

Por perceber que minha expressão facial tinha mudado, Atena se virou com o nosso filho e seu sorriso foi pro espaço.

- Desculpa atrapalhar o momento de vocês.. — Ela quebrou o silêncio e coçou a nuca, talvez meio sem graça.

- Tudo bem, Tóia. — Respondi sem muito alarde.

Acabou ficando visível o quanto ela olhava para a única criança daquele cômodo, percebi que Atena estava desconfortável só pela maneira de ainda mantê-lo em seu colo, como se quisesse proteger.

- Eu bati na porta algumas vezes, vi que ninguém atendia e acabei percebendo que estava aberta, não sei se foi o certo entrar, mas preciso conversar com você!

- Não, foi não. — Atena resolveu se manifestar, fazendo eu arregalar um pouco os olhos.

- Atena.. — A chamei calmamente.

- Que fique claro que ele não mora mais sozinho e que pra mim não é interessante ter uma ex entrando aqui, quando bem entender.

Ela estava com ciúmes? Aquilo me causou um rápido dejavu..

- Ah, você está morando aqui agora? — A cara de surpresa dela foi inapagável.

- Estou sim. — Afirmou vitoriosa e eu suspirei.

- Bom, vamos ter essa tal conversa então? — Tentei mudar logo de assunto.

- Claro, pediu permissão pra Atena já? — Aquilo tinha sido de mal tom e eu percebi.

Encarei Atena e ela cerrou os olhos, deu as costas e saiu bufando, levando nosso filho junto.. O que me surpreendeu, normalmente ela iria xingar até a primeira geração da família de Tóia.

- Qual foi? Vai ficar vindo aqui do nada e ainda ficar com piadinha pro meu lado?

- Eu vim na paz, antes que esqueça! — Ela revirou os olhos e cruzou os braços.

- Não tem como esquecer algo que eu nem sabia, já que você não aparentou isso.

- Romero, você não atendeu minhas ligações sobre a fundação.. Precisei da sua ajuda e você jogou tudo pra alto pra vir brincar de casinha com ela. — Percebi sua alteração na voz e respirei fundo.

- Não estou brincando de casinha, estou passando um tempo com a minha família.. Você pode e eu não?!

Ela ficou em silêncio, como se estivesse processando aquela palavra dita por mim.

- Quem é aquela criança? — Sabia que cedo ou tarde, iria perguntar.

- É o meu filho. — Respondi com toda certeza do mundo.

- Seu filho? De onde essa criança surgiu? — Tóia estava estática.

- Atena engravidou naquela época, criou nosso menino sozinha e agora estou correndo atrás dos meus direitos, tá bom pra você?

- E como fica a Djanira nessa história?

- Como assim? — Arqueei minha sobrancelha.

- Juliano se souber que Atena está morando com você, não vai querer que.. — A interrompi, antes de mais nada.

- Escuta aqui, ele não tem que querer nada! Sou o pai dela, ele pode ter participado dos momentos mais importantes sim, já que você sempre deixou isso muito claro. — Esbravejei. - Mas isso tudo só aconteceu, porque minhas condições eram péssimas, você sabe muito bem disso, se eu tivesse a oportunidade de mudar tudo, mudaria.

Tóia permaneceu em silêncio por longos minutos e eu não me senti mal por aquilo, parecia até que eu tinha tirado um peso das costas, por dizer o que estava entalado em tempos.

- Não quero que me trate como se eu fosse uma ameaça, Romero. — Ela negou com a cabeça e eu pude perceber a decepção em seu olhar. - Você sabe que eu não sou! Sabe que eu jamais afastaria você da Djanira e se estou vindo aqui falar sobre tudo isso, é porque me importo e não quero problemas.

- Fica tranquila, da minha parte não vai ter nenhum problema causado. — Garanti, afim de fazer ela finalmente acreditar.

Não sabia de fato, se alguma palavra dita por mim, durante aquele diálogo, tinha se fixado da maneira certa na cabeça de Tóia, mas esperava que sim. A morena se retirou dali, pouco tempo depois e eu tratei de seguir caminho, procurando por Atena.

A encontrei em nosso quarto, deitada com o nosso menino na cama, acariciava os fios escuros do cabelo dele e o observava fechar os olhinhos devagar. Não sabia se era uma boa atrapalhar aquele momento tão bonito, então apenas me mantive encostado na parede, admirando e desejando que nada mais os tirasse de mim.

- Não quer se juntar a nós? — A voz dela me tirou dos pensamentos.

Não pensei duas vezes, me juntei e me aconcheguei perto dela, já que do outro lado o pequeno já parecia estar no décimo estágio do sono.

- No que estava pensando?

Era até insano, como ela me conhecia e sabia quando eu me encontrava pensativo demais.

- Em vocês.. — Fiz uma pausa dramática. - Em como eu amo vocês!

O sorriso surgiu em seus lábios e eu acabei repetindo o gesto, deixei um beijinho em sua testa e suspirei em sequência.

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Teremos treta em breve? Talvez! 😬
(Desculpem a demora pra postar, a adm passou em uma faculdade e tá corrido.)

E se.. Where stories live. Discover now