Coração ansioso.

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Rio de Janeiro, sexta feira.

O final de semana havia se iniciado em grande estilo para alguns, Tóia havia optado por fazer uma festa temática para a comemoração do hospital, abrindo opções para sugestões. Romero então aproveitou a oportunidade para sugerir um "baile de máscaras" e mesmo ela sabendo qual era a real intenção dele por trás daquilo, levou a diante.

Ele estava altamente ansioso para que sábado chegasse logo, passava e repassava o plano em sua cabeça sempre que tinha a oportunidade. As vezes nem parecia real, que finalmente iria encontrar Atena, ter a oportunidade de toca-lá e ouvir sua voz... Como ele sentia falta de tudo aquilo e mais um pouco! Se arrependia amargamente por só ter dado valor em uma época consideravelmente tarde.

(...)

Atena sentiu um grande alívio lhe percorrer, quando soube que a festa seria de tal tema, assim poderia colocar sua máscara e ir tranquila, sem contar com o problema que seria ser reconhecida, sabia bem que pessoas próximas a Romero poderiam estar lá, afinal, o hospital era dele também.

Mamãe? Porque eu não posso ir junto? — O pequeno fez a pergunta, puxando ela pela roupa, para chamar mais ainda sua atenção.

Oh, meu príncipe! Porque lá só vai ter adulto, não tem nada que você ache interessante. — E por outro lado, seria se arriscar o dobro. — Prometo que volto logo pra dormir com você, tá bom?

Ele concordou com a cabeça, com um bico de chateação ainda formado em seus lábios, Atena apertou suas bochechas e beijou as mesmas, numa tentativa de fazê-lo sorrir. Uma coisa ela não podia negar, ele tinha um gênio forte e em alguns momentos, isso ficava bem mais visível.

Algum dia a gente pode voltar naquele hospital? — Mudou totalmente o rumo da conversa. — Eu queria ver minha amiguinha.

Ah, você fez uma amiguinha? — Ela sorriu, Romero não tinha amigos e por um lado, se culpava por isso acontecer, sabia que tinha uma parcela ali. — Como ela se chama?

Eu não sei.. — Respondeu tímido e pensativo. — Mas ela tinha um papai, ele foi muito legal comigo e fez esse curativo aqui ó! — Mostrou orgulhoso, o curativo do bob esponja.

Poxa, queria ter os conhecido, assim eu poderia agradecer por terem cuidado tão bem do meu filhote. — Direcionou sua mão até os fios escuros de cabelo do garoto, fazendo um carinho, como tinha costume.

Porque eu não tenho um papai que nem o dela? — Aquela pergunta atingiu Atena em cheio, ele nunca havia perguntado sobre nada, envolvendo aquele assunto.. Por mais que ela as vezes explicasse sobre.

Engoliu em seco, como se não tivesse preparada para lhe dar uma resposta agora, mas não tinha como fugir, já que ele a olhava atento e curioso.

Lembra que a mamãe te falou uma vez que o seu papai era um anjinho? — Observou o menino concordar e respirou fundo. — Um dia, todos nós iremos virar anjos e a hora do seu pai apenas chegou cedo demais.. Eles precisavam dele lá. — Ela nunca foi boa com histórias daquele nível, sensíveis e melancólicas, mas depois que virou mãe, tinha que explicar tudo daquele jeito.

Eu espero que os anjinhos não precisem de você cedo, mamãe.. Não quero ficar sozinho! — Fez um biquinho e agarrou Atena, lhe abraçando firme.

O coração da loira ficou ainda mais sensível, sentiu seu rosto molhar e só então percebeu que estava chorando. Seus braços envolveram Romero no mesmo segundo, tornando o abraço ainda melhor, havia uma reciprocidade extrema ali entre os dois.

(...)

Por outro lado, Romero encarava na sua frente a roupa que usaria no sábado, estava bem dobrada, em um cantinho reservado do seu closet, só esperando o momento certo. Colocou sua máscara preta por cima e deu uma breve olhada no espelho, talvez ele precisasse dar uma repaginada. Sempre foi um homem com boa autoestima e procurava estar sempre com um visual que atraísse bem, mas depois do coma, simplesmente estava se deixando experimentar outras coisas, como o crescimento de seus cabelos e barba, tinha até mais cabelo branco que o normal e sinceramente ainda não sabia definir, se gostava disso ou não. Ele também tinha a curiosidade de saber como estaria Atena, se ainda vestia aquelas roupas em tons marcantes e coladas, que valorizavam bem suas curvas, de modo que o fazia enlouquecer só de olhá-la.

Sorriu ao imaginar e então saiu dali de dentro, voltando para seu quarto, onde se jogou na cama e ficou encarando o teto, perdido em pensamentos que levava ele sempre ao mesmo destino.. Ela! Como era possível pensar tanto em alguém assim??

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Próximo capítulo contará com muitas emoções.. Estão prontos?? ❤️

E se.. Where stories live. Discover now