Fugindo da verdade.

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Era muita coisa para processar de uma vez só, Dante deslizou os dedos pela sua garganta e respirou fundo, se recuperando do engasgo recente.

Tá tudo bem aí? — Thales se apressou em perguntar, ainda estranhando a reação do amigo.

Tá sim, acho que fiquei um pouco surpreso demais com o fato de que você fez um parto. — Mentiu.

É, pois é.. Depois desse dia a gente se aproximou um pouco mais, acho que realmente me apaixonei por aquela mulher. — Tentava conter o sorriso ao se lembrar da loira. — Mas perdemos o contato, totalmente! Um dia fui atrás dela e o porteiro disse que tinha se mudado, sem mais e nem menos. — Finalizou.

Dante escutava atentamente cada palavra, não se surpreendia com o fato de que Atena provavelmente tinha passado a perna em Thales, mas queria mesmo era saber sobre essa tal criança.

Poxa, que situação.. E a criança? — Tomou mais um gole do café, esperando uma resposta. — Tinha muito contato com ela também? — Sem dúvidas, Atena sendo mãe era uma coisa que nunca tinha passado na sua cabeça.

Mais ou menos, como ele era pequenininho a Atena que ficava colada nele, hoje em dia deve tá bem maior e esperto, era um bebê lindo! — Sorriu ao final da sua fala.

Dante agora estava tentando raciocinar, em uma virada rápida de Thales para pegar algo em uma gaveta por ali, aproveitou para pegar a tal foto e colocar dentro da pasta do documento que levaria embora.

Bom, aguardo você mais tarde, certo? Vou indo que ainda tenho muito trabalho pra finalizar! — Deu um tapinha nas costas do moreno e após se despedirem, seguiu seu caminho.

(...)

Era exatamente 19:00 da noite, as pessoas que Dante havia convidado para jantar em sua residência, já estavam chegando e o mesmo ainda tinha alguns pensamentos martelando em sua cabeça. A mulher que seu pai tinha sido apaixonado, tinha um filho e essa criança corria o risco de ser seu irmão, mas o que estragava tudo, era a ficha de Atena, pelo pouco que ouviu, poderia imaginar que ela continuava a mesma e tudo que ele menos queria era um contato dela com Romero novamente, ele havia praticamente renascido e não podia deixar que ela envenenasse sua cabeça novamente.

O jantar ocorreu muito bem, como já era de se esperar, existia um grande clima de descontração naquela mesa e até Romero tinha entrado na onda, chegando a contar algumas coisas de Dante, que fazia seus amigos de trabalho se acabarem rindo.

Muito engraçadinho, pai! — Dante deu uma revirada nos olhos claros e depois acabou rindo.

Falo sério, quando Dante era pequeno e me pediu uma arminha de brinquedo, já pensei mil coisas, mas ele queria brincar de polícia e prendia até o cachorro que tínhamos na época, dizia que se ele não se comportasse, ia pegar 5 anos de prisão, sem direito a ração. — O mais velho se derretia ao lembrar dos momentos da infância de Dante e sua risada entregava isso, era contagiante.

Um barulho de celular ecoou no local e quando o moreno percebeu que era o seu, pediu licença e se retirou da mesa, subindo para o andar de cima, para atender com um pouco mais de privacidade. Porém, com sua demora, Romero achou melhor ir atrás, para saber se estava tudo certo. Decidiu ir até onde ficava o escritório do filho e bastou colocar o pé pra dentro, para perceber que o mesmo não estava, porém viu algo no chão que chamou sua atenção. Achou parecido com uma foto, mas estava ao contrário, a parte traseira tava por cima, se apressou em arruma-la, afim de achar um canto para colocar, pois poderia ser importante. Só que tudo mudou, quando seus olhos se fixaram na foto novamente, foi como se fosse atingido por um choque, como se tivessem ligado suas emoções em segundos.

Romero havia ficado atordoado, ainda carregava a foto em sua mão, quando Dante entrou na sala e o viu segurar aquilo, seu brilho sumiu em segundos. Tentou manter a pose, para escapar facinho daquele problema.

Onde ela está, Dante? — Perguntou, como se precisasse de uma resposta no mesmo segundo.

Quem? — Tentou escapar daquela conversa.

Você sabe. Atena! — Ele de fato, não estava pronto para enrolações.

Pai, podemos falar disso outra hora? Agora realmente não dá. — Engoliu em seco e então vou Thales adentrar na sala também.. Pronto, a merda estava feita.

Oi, tô atrapalhando algo? Pediram para eu chamar vocês dois. — Explicou calmamente, encarando o rosto de ambos.

O olhar de Thales acabou descendo para a foto que Romero segurava e desviou rapidamente para Dante, ele não conseguia entender o que sua foto estava fazendo com eles ali.

Porque minha foto tá com vocês? — Arqueou uma das sobrancelhas.

A expressão de Romero chegou a mudar, mais uma vez e ou ele não tinha ouvido direito ou ele realmente quis dizer aquilo, o que ainda não fazia sentido em sua cabeça.

Desculpe.. Sua foto? — Resolveu perguntar.

Sim, essa foto é da Chiara.. O que vocês tanto querem com ela? Não me desceu até agora suas perguntas sobre ela mais cedo, Dante. — Thales parecia meio chateado, por não estarem abrindo o jogo com ele.

Chiara? Dante perguntando sobre Atena e depois fingindo que não sabia de nada? Romero se sentia excluído de tudo aquilo, era muita informação para digerir e um sofrimento
maior por ter lembrado dela só agora. Queria saber por onde andava e o que diabos tinha ocorrido para ela não tá ali do seu lado, como sempre prometeu.

Sei que vocês dois querem respostas e eu infelizmente não vou poder dar nenhuma no momento, vamos descer e terminar o jantar, como pessoas civilizadas que somos! — Dante suplicou, já nervoso só de pensar que não teria como fugir daquela situação.

Havia passado anos, agradecendo pelo fato de Romero não lembrar dela e mais outros, tentando evitar tudo que fosse causar uma lembrança dos dois e tudo se explodiu na primeira oportunidade, sem dar tempo dele se preparar.

(...)

Romero: Nós vamos viajar, mamãe? — Perguntou animado, encarando com os olhos brilhando a mais velha em sua frente.

Sim, nós vamos! Mas não agora, a mamãe tem mais uns detalhes pra resolver e em breve eu e você faremos a viagem mais divertida do mundo, combinado? — Estendeu sua mão para que ele batesse.

Combinado, mamãe! — Atena sentia seu coração derreter, toda vez que escutava o pequeno chamá-la de mamãe.

Para finalizar, o ajudou a pegar no sono, ali em seu quartinho e depois de deixar um beijo em sua testa e cabeça, voltou para o seu próprio quarto, onde se jogou na cama e deixou os pensamentos lhe tirar a atenção.

Não havia um dia, que não pensasse em Romero.. Já havia se passado tanto tempo e nenhum sinal de que fosse superar, era uma dor profunda, que nunca havia sentido na vida, nem com a perda dos seus próprios pais. Ela desejava mais que tudo, que por pelo menos um segundo, pudesse estar com ele novamente, por mais que fosse impossível.

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Perdão pela demora!
Atena icônica, uma vez esquecida mas sempre lembrada.. 👀

E se.. Where stories live. Discover now