"Páginas não lidas do Diário Montgomery" • Parte 1

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Olá outra vez, Passageiro Número Dois

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Olá outra vez, Passageiro Número Dois. Eu presumo que ainda esteja tentando digerir tudo que acabou de acontecer. Bem, eu avisei a você que se continuássemos naquele vagão estaríamos fadados ao destino de podridão e insanidade que nos aguardava. Foi você quem escolheu ficar.

De qualquer forma, seria um desperdício que descobríssemos como sucede o fim da linha para aqueles três passageiros — Claire Brassard, Thomas Capucci e Lucille Leweis — sem antes dar atenção ao manuscrito que foi deixado na mesa de jantar.

A essa altura, eu não acredito que algum deles tenha tempo para decifrar todas as palavras cuja escrita foi danificada pelo tempo e pela sujeira. Se quer saber, eu nem mesmo acredito que algum dos três volte a tocar no diário daqui para frente. Mesmo assim, você e eu temos o direito de descobrir o que esteve guardado naquelas folhas por tanto tempo.

Portanto, acomode-se e tente não pensar no que aconteceu com o Thomas depois que o seu corpo caiu no meio do corredor. Tire um tempo para ouvir a história que eu vou contar. Você está pronto?

DIA 1.

Todos os galhos da floresta moviam-se com rapidez. A criança, tropeçando nos seus próprios passos enquanto corria, não tinha mais noção de como chegou ali ou de como sair. Corvos gritavam. Trovões no céu provocavam um chiado ininterrupto. A voz de seus pais se aproximava aos poucos.

Ele caiu no chão quando os dois pés ficaram presos em um emaranhado de arbustos pequenos. Assim que o menino tirou o rosto da terra úmida, seus olhos brilharam assustadoramente com o que viu à frente.

Havia encontrado a saída daquela floresta esquisita, aparentemente. Só que, mais do que isso, aquela criança também encontrou uma coisa que não deveria. Ele deu de cara com uma linha de trilhos que circundava a floresta.

Não contente, o garoto ergueu os olhos mais um pouco. E de acordo com o pouco que ele conhecia do mundo, convenceu-se de que aquela enorme escultura escura e tenebrosa só podia ser a carcaça de um trem.

— Elliot, querido! — duas mãos femininas agarraram-no imediatamente, tirando-o da terra úmida. Ele teve tempo de agarrar a câmera que caiu de seu pescoço enquanto corria.

A sua mãe o acalmou com um abraço duradouro. O pai e a irmã chegaram logo depois e largaram os seus pertences — embalados em tecidos maltratados — no chão. Ao certificarem-se de que o menino estava bem, pensaram em voltar a caminhar. Ainda tinham uma longa estrada para longe da metrópole.

— Sabe que não pode se afastar assim. — a irmã mais velha segurou as duas mãos do menino enquanto falava. Ele, no entanto, não conseguia tirar os olhos do veículo que estava logo depois daqueles arbustos. — Elliot, está me ouvindo?

Trem para Barrymore [CONCLUÍDO]Where stories live. Discover now