capítulo 20: você querendo ou não

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8:50
22 de fevereiro de 2022
Quarta

Vamos pra mais um!
Prontos?
––🏐🏐

Desconfortável.
Era desconfortável pra caralho.
Queria fugir.

Queria tacar o foda-se, pegar a cadeira que estava sentada e tacar nessa pessoa.

Megan não sabia o que fazer, era estranho, muito estranho. A garota se sentou ao lado de Ully, observando tudo.

O peito de Ully subia e descia de forma descompassada, seu rosto não tinha um sorriso, ou sinal de simpatia, ou qualquer coisa que estivesse ligando a positividade,  sua perna balançava para cima e para baixo, sua mão direita mexia com o canudinho a bebida que tinha perdido, o outro braço estava apoiado na mesa.

Era uma sensação estranha.

Um estranho horrível pra cacete.

Não tinha como fugir.

Mesmo que tentasse.

Aquela porra ia tentar ir atrás de Ully.

Mas pior ainda…

Megan estava lá.

Megan.

Que caralho!

–Bom –ully tirou o olhar da bebida, olhando para mulher que acabou de limpar a boca – seu pai disse que não queria me ver –abriu um sorriso– mas eu como sua mãe tenho o direito de te ver– Ully revirou os olhos com a palavra mãe– se é que podia a chamar assim, mesmo que não quisesse, era assim que a mulher se autodenominava na relação das duas– a mulher se encostou na cadeira, cruzando os braços– você está – deu uma pausa – diferente.

–Óbvio, faz mais de um ano que você não me vê– falou de forma ríspida.

–Sabe né – apoiou o cotovelo na mesa– trabalho, além do mais, tentava de mandar dinheiro, mas você não queria –bufou chateada.

Ully revirou os olhos, mais e mais desculpas, sempre assim. Lembra de seu aniversário de dez anos, em que ela esperou ansiosamente que sua progenitora ligasse, ou fizesse alguma coisa, mas nada. Passou a noite chorando, pensando o'que ela tinha de errado por não ter sido…escolhida? Sua mãe, a fez um bolo de chocolate, deu uma boneca da Monster High, e passou o dia vendo filmes juntas, se sentiu bem, amada e feliz, e se esqueceu da pessoa que a deu a luz.

–Enfim – a mulher tentou colocar sua mão sobre a de Ully, que tirou na hora– quero que você vá passar o próximo final de semana comigo – só de ouvir isso seu estômago embrulhou – eu vou me casar! Bom, quero que você conheça ele e provavelmente nós tenhamos um filho– falou sonhadora.

Ully ficou até animada com a ideia de ter um irmão, mas vindo dessa mulher, tudo é duvidoso, seria horrível uma criança crescer se sentiu rejeitada, insuficiente.

Ully lembra de quando era mais nova, ganhou um vestido lindo de sua mãe, mas a mulher que deu à luz, simplesmente apareceu e disse que era ridículo alguém como ela, ou melhor, ela devia usar quando fosse mais magra, mas quem liga.

–O'Que você realmente quer?

–Ok, eu não estou noiva –disse risonha– vai, foi só uma brincadeira! Enfim, eu quero passar um tempo com você! Afinal você é minha filha, e você querendo ou não, você vai me ver, além do mais, você tem meu sangue– falou soltando ar pelas narinas –Vi que saiu em uma revista – disse pegando a xícara com chá que pediu.

–Sim, e ainda bem que foi com todo meu esforço – se sentiu orgulhosa ao falar isso.

–Obviamente também porque é minha filha!– riu de leve.

Megan colocou sua mão na coxa de Ully, a apertando de leve, tentando dar um pouco de conforto ao menos.

–Mas o mérito foi meu!– disse convicta.

–é, tanto faz – abanou a mão.

  O silêncio se instalou.

Ully queria sair dali, só ir embora.

Mas parecia que não conseguia.

–É sua amiga né?– disse a mulher se referindo a Megan.

  Ully não responde.

A Mulher faz uma cara estranha, Ully olha para trás vendo um casal. Um casal de duas mulheres.

Talvez fosse uma má ideia.

Mas que se foda!

Ela abre um sorriso de canto.

Já sei.

Se virou para Megan, agarrando a cintura da garota, a puxando para perto de si e a beijando.

Megan estava sem reação.

Foi do nada.

Mas entrou no clima.

Enfiou a mão entre os cabelos da garota.

Logo…

Se afastaram.

Mas antes, Ully deixou um selinho no lábio da garota, e outro na bochecha.

–Que porra– a mulher parecia horrorizada, a mulher levantou de forma brusca, derrubando os copos na mesa– como você?– parecia assustada– Meu deus! Você não tem nem idade para isso.

–Como se você soubesse de algo –merda, ela ia fazer merda, mas era tarde demais para voltar atrás.

-Óbvio que eu sei! Eu sou a porra da sua mãe, você tem o caralho do meu sangue– ela bateu na mesa– o mínimo que você deve fazer é me respeitar! E pode ir parando com essa palhaçada!

–Vai se fuder! Mãe é quem cria e não quem some durante mais da porra de três anos e aí decide simplesmente, depois de eu ser criada que é a mãe! Você quer simplesmente assumir um papel de mãe que você não fez!– Megan colocou a mão no ombro de Ully– não aja como uma mãe que você nunca foi– riu sarcástico– você é tão filha de uma puta!

–Pode deixar, que a gente vai resolver essa merda– disse pegando a bolsa– aposto que seu pai está de colocando contra mim– parecia indignada– e aquela sua madrasta horrenda! Isso é alienação familiar caralho!

–Não é! Porque meu pai e minha MÃE tentaram me convencer a ver você! Agora eu sei o porquê– apontou para a mulher, com o dedo subindo e descendo.

As vezes se esquecia de como era a personalidade dela, daquela mulher.

Ela saiu.

Foi embora.

O "monstro" foi embora.

Se sentia melhor.

Mas sentiu uma facada no peito também.

Megan a abraçou.

Seu peito subia e descia.

Ela tentava se acalmar.

—--
14:56
15:51
22 de fevereiro de 2023
Quarta

Como forma de desculpa pelo sumiço, decidi adiantar esse capítulo.
Hoje é aniversário de uma leitora, então aqui está meu presente para ela skks!

Dentro e Fora da quadra Where stories live. Discover now