-prólogo-

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- ATENÇÃO, HOMENS E MULHERES!!! - gritou o capitão para a tripulação, enquanto ria animado, sendo respondido por uma salva de gritos, xingamentos e assobios - A norte, está vindo um enorme navio! 

Outra leva de gritos e risadas, vinda da tripulação.

- E nós, amados piratas e a Goldener Sturm, temos sede de ouro, morte e rum! - o capitão branda sua espada da bainha e a ergue contra o sol para que todos possam vê-la, enquanto sentia toda a sua ganância e ambição percorrer suas veias - NOSSO RUM ACABOU - Todos vaiaram em desaprovação - ESTAMOS COM SEDE!!! SEDE DE TUDO QUE AMAMOS!!! Então, minha amada tripulação, como honorável capitão de vocês, eu ordeno QUE TODOS ATAQUEM AQUELE NAVIO! NÃO DEIXEM NENHUMA CABEÇA INIMIGA EM SEUS RESPECTIVOS CORPOS!

- SIM, SENHOR CAPITÃO! - Todos gritaram e festejaram.

- Não esqueçam, pessoal, somos os “die goldenen”, o pior bando pirata de todos os sete mares!!! - O capitão fechou seu sorriso e sussurrou para si mesmo - E o mais sangrento, assim como nosso antecessor, Henry Every, amém - e um sorriso maléfico surgiu em seus lábios.


 A morte tem um gosto amargo… Agora que senti seu sabor, eu deveria ter tomado mais cuidado.

 Uma tripulação inteira, meu navio, meu nome, quem eu sou ou era e tudo graças a um deslize.

 Foi somente alguns segundos e um calafrio. Tudo o que bastou para eu perder a postura e tudo ir para os mares.

 Estávamos velejando pelo mar de Zur há dias, o mar de Zur era traiçoeiro, cheio de armadilhas e monstros que a gente só ouve nas histórias infantis e quando os vê, será morte na certa.

 Minha tripulação estava reduzida, graças a uma emboscada, que tivemos, da marinha, mais ao Sul do mar de Meridiem e nossa única rota de fuga foi para esse mar. Além da tripulação, algumas rachaduras antigas da Goldener Sturm pioraram, ao ponto de precisarmos jogar fora alguns mantimentos, para deixar o navio mais leviano, mas a comida e água potável não duram para sempre. Precisávamos atracar em qualquer ilha e atacar algum barco para conseguir suprimentos.

 Nunca tivemos problemas com barcos cargueiros, eram fáceis de saquear.

 Meu único erro foi não ter prestado atenção que não se tratava de um navio cargueiro, mas sim do navio da família real, com os príncipes a bordo e guardas armados até os dentes.

 Nada era impossível para nós, por isso avançamos sem pena. 

 Foram exatos cinco segundos, foi o que bastou. Eu parei meus olhos em um lindo par de olhos azuis como o mar, o mar que eu tanto amei estavam ali, na minha frente, tão lindos e únicos, porém, assim como o mar, o par de olhos estava furioso e atacou-me com a espada, acertando em cheio meu braço.

 Se não morresse ali, morreria em poucos meses de necrose…

 E o lindo par de olhos continuou ali, me imobilizou e eu nem lutei, não iria machucar este ser angelical.

 Fomos rendidos.

 Colocaram, o que tinha sobrado da minha amada tripulação, amarrada e enfileirada no meu navio e eu na frente deles, porém no navio inimigo.

 Eu nunca vi eles tão assustados, eu não me reconhecia mais, nem reconhecia eles.

- Quem diria, que o grande Jeon Jungkook seria capturado - disse o anjo - Olhe para os homens que te seguiam fielmente! - Eu mantive meu olhar nele, ele, porém sacou a arma e atirou na cabeça de um dos meus tripulantes, o que me assustou e fez-me virar para eles - NÃO TIRE OS OLHOS DELES! Quero que veja o quanto eles sofrerão por sua culpa. - o anjo não tinha pena.

- CAPITÃO! NOS SALVE! - Bradou, eu me mantive quieto, estava coberto de vergonha e culpa.

- Vai lá, fala alguma coisa, seu capitãozinho de meia tigela - Falou o homem do lindo par de olhos - por que não salva a sua amada tripulação?

 Continuei sem abrir o bico, mas olhei de relance o meu navio, os guardas estavam jogando um líquido estranho de popa à proa do navio e depois em cima das pessoas presentes dentro da Goldener Sturm.

- CAPITÃO JEON! É ÓLEO COM PÓLVORA! VÃO NOS QUEIMAR VIVOS!

 Virei-me para o anjo com uma expressão de desespero.

- Não… - ousei falar, sentindo as lágrimas virem.

- Pois acredite que sim - o anjo soltou seu sorriso mais macabro e fez sinal para um dos navegadores que afastou o navio e no momento seguinte, eu vi, no lado da Goldener Sturm, uma corda com uma fagulha de fogo, que dava para dentro do navio.

- Não… - Eu não sou um homem de chorar, mas quando a minha querida Goldener Sturm com toda a minha tripulação virarão chamas em pleno mar, lágrimas surgiram em meus olhos e eu chorei copiosamente.

- Não chore! - mandou o anjo rindo - Capitães não choram como bebês!

 Eu podia ouvir os gritos angustiados da minha tripulação, aquilo ficou gravado no fundo da minha alma.

 Cada grito, cada clemência pedindo perdão.

 Homens que cresceram comigo, que me trataram como irmão, que me fizeram sentir que eu tinha uma família, estavam ali, gritando de dor e clamando por socorro.

 Eu os decepcionei como capitão, desculpa a todos.

- Por favor… - falei me sentindo tonto pela falta de sangue - me mate, ser angelical.

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