"meu bem"

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Denki's Point of view.

As minhas mãos estão tremendo. Estão segurando o volante daquele suv e estão tremendo. Meus olhos estão presos na estrada, mas eu não estou dirigindo. E também não existe foco algum no meu campo de visão.

Que. Porra. Acabou. De. Acontecer?

Ele está... Apaixonado? Por mim? Apaixonado? Eu não sei que porra eu fiz e nem quando isso aconteceu, e muito menos sei como acertei o caminho de casa ou porquê ainda não tinha descido do carro. Estava em completo estado de choque. Engoli em seco, tirando minhas chaves do bolso e soltando o cinto de segurança.

Puta merda, Denki.

Talvez fosse informação demais para uma noite só. Talvez eu só estivesse sobrecarregado demais e tivesse entendido tudo errado. – Não, seu idiota. Você entendeu tudo certo, até demais. – Suspirei, me jogando no sofá da sala depois de trancar a porta de casa. Meus cotovelos apoiados nas minhas coxas enquanto eu descansava meu rosto em minhas mãos. Minha cabeça parecia latejar, mas não estava doendo. Os pensamentos pareciam querer rasgar o meu crânio e gritar na minha cara "você é idiota, burro, otario e ainda por cima um babaca." – Não é nada que eu não soubesse, para ser honesto. –

Mas se xingar não vai trazer o Katsuki de volta, Denki. Não vai apagar porra nenhuma do que aconteceu. Não dá para simplesmente enrolar ele por mais tempo. E você não quer perder ele.

Quer?

Não, voz irritante na minha cabeça que ironicamente se parece muito com a minha. Eu não quero. Eu não quero perder ele. E honestamente, não sei porquê estou com tanto medo de que aconteça. Não reconheço esse aperto no meu peito e não amo que tudo o que esteja na minha cabeça agora seja Katsuki. Katsuki. Katsuki. E que, caralho, ele está chorando por minha causa. Eu fiz isso. E eu não tenho certeza se ele sabe que eu o escutei, mas o fiz. E não amei saber que foi culpa minha. Embora saiba que preciso reagir, não é tão simples quanto parece. E honestamente, eu não sei o que fazer. Tudo ainda parece turvo demais na minha cabeça.

Mas a voz dele ainda ecoava dentro dela. "Ou eu sou seu, ou eu não sou."  E eu definitivamente não quero que ele não seja meu. Eu não sei quando, dessa vez, eu é quem comecei a chorar. E honestamente, também não sei o que é que está fazendo com que eu chore. Medo? Desespero? A sensação de ser um babaca que fodeu com tudo? Acho que todos esses. Mas de que porra adianta chorar se eu nem sequer pretendia fazer alguma coisa para resolver essa situação? Talvez eu precise falar com alguém. Alguém mais emocionalmente inteligente do que eu. E que provavelmente me daria uma bronca. Eu funguei, passando o antebraço em meus olhos antes de tirar o celular do bolso e abrir o aplicativo de contatos e iniciar a chamada com Aoyama. Um dos meus amigos da antiga turma da faculdade.

— Lembrou que tem amigos, fofo?

Seu tom de deboche habitual me fez revirar os olhos, mesmo que ele não pudesse ver.

— Yuuga, é o seguinte; eu preciso de ajuda.

— Você 'tá chorando? Que merda aconteceu?

— Escuta, eu fiz merda. E preciso resolver...

— E você quer que eu resolva?

— Mais ou menos. Quero que você me diga como resolver.

— Você lembrou que tem amigos ou um terapeuta?

Seu sotaque francês naquele tom de voz debochado quase me fez querer pular na garganta dele.

— 'Tô te pedindo conselhos, animal.

— E o que você 'tá esperando 'pra começar a contar a história, meu querido? Eu quero os detalhes.

Suspirei.

Teacher's Pet || BakuKami - KamiBakuTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon