Capítulo 01

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A chuva caía com força nas calçadas da cidade de New Haven, enquanto as suas gotas escorriam ininterruptamente sobre o para-brisa do carro do detetive Samuel Collins, que dirigia-se ao local de um crime. A cidade parecia ter esvaziado, com apenas almas desesperadas correndo de um prédio a outro, procurando abrigo do temporal. O vento uivava lamentavelmente, como se tentasse arrancar tudo em seu caminho.

Pegando o cantil, Samuel tomou um gole calmante antes de chegar ao local do crime. Ele saiu do carro, puxando o capuz de sua capa de chuva para se proteger, e examinou a área. Ao longe, viu seu parceiro James Harris, de pé, indiferente à chuva, esperando por ele.

Ele se dirigiu a James, seus sapatos espirrando nas poças que pontilhavam o calçamento. "O que temos aqui?" gritou Samuel, lutando para ser ouvido acima do rugido da chuva.

O homem era uma figura imponente, com ombros largos realçados pelo corte de seu terno feito sob medida. O tecido era elegante, abraçando com facilidade, as curvas de sua forma atlética. Seus olhos estavam fixos na cena do crime, ele ficava de guarda, como uma estátua na chuva. Quando Samuel se aproximou, James virou-se para ele e deu um pequeno aceno. Seus olhos azuis penetrantes estavam escuros de preocupação, enquanto afirmava quase que balbuciando. "É ruim, Sam. Realmente ruim. Você não vai acreditar no que encontramos."

A rua estava interditada, e as luzes piscantes das viaturas policiais iluminavam o céu escurecido. James e Samuel seguiram através da multidão de curiosos e se aproximaram da investigadora forense, uma conhecida da dupla, a Dra. Emily Harper. Seu longo cabelo escuro estava preso em um rabo de cavalo apertado, revelando seu pescoço fino e suas delicadas características, enquanto permanecia agachada sobre o corpo, procurando qualquer sinal de prova.

"O que sabemos?" Samuel perguntou, quebrando o silêncio e pegando seu bloco de notas e um lápis.

A Dra. Harper levantou-se e olhou para eles, seu jaleco branco estava impecável e suas mãos enluvadas. Com os olhos cansados, ela murmurou. "É uma mulher jovem, quase vinte anos. Ela foi encontrada aqui no beco atrás desse prédio. Sua garganta foi cortada e, pelo o que aparenta, seu sangue foi drenado."

Samuel que escrevia atentamente as suas observações, ajoelhou-se ao lado da investigadora, examinando o chão através do seu olhar atento e meticuloso que buscava qualquer pista que colaborasse com a solução do enigma brutal.

O cadáver estava deitado no chão de um beco, estava com os seus membros contorcidos em ângulos estranhos e cobertos por pedaços rasgados de uma camisola, exibindo hematomas e os cortes em sua pele. A principal característica do corpo, era um corte profundo em sua garganta. Apesar da cena fúnebre, o cadáver possuía uma expressão de tranquilidade em seu rosto descolorido.

O detetive Samuel Collins se aproximou com um olhar questionador no rosto. "Havia algum pertence, Emily?"

Ela o olhou respondendo com a sua voz afiada. "Detetive, por favor, trate-me pelo meu título profissional."

Samuel ergueu as mãos em sinal de desculpas, surpreso com a súbita raiva na voz dela. "Peço desculpas, Dra. Harper. Não tive a intenção de ser descortês."

"Tudo bem. Mas, voltando à sua pergunta." A expressão da médica forense aliviou um pouco, mas ela ainda parecia cautelosa. "Não, ela não tinha nada consigo, nenhuma carteira, nenhuma identificação, nada. É como se ela tivesse sido simplesmente abandonada aqui."

O detetive Samuel soltou um suspiro frustrado e anotou algo em seu bloco de notas.

"E quanto às roupas da vítima?" James perguntou.

"Suas roupas estão rasgadas e há vários furos, mas podemos notar que não há sinais de luta." disse a Dra. Harper, apontando para os buracos nas roupas da vítima.

Samuel acenou, anotando isso em seu bloco de notas. Ele se levantou, dando um passo para trás, podendo ter uma visão melhor da cena. De repente, ele viu algo que chamou sua atenção. Era um pequeno símbolo gravado no torso da vítima.

"James, venha ver isso" ele disse, apontando para o símbolo.

O outro detetive se ajoelhou ao lado de Samuel, franzindo o rosto enquanto examinava o símbolo, questionou. "O que é isso?"

James não conseguiu evitar o arrepio que percorria a sua espinha. Ele pegou sua câmera, e capturou de todos os ângulos a marca no corpo.

Samuel se levantou, enquanto examinava a rua escura sendo lavada pela chuva e preenchida pelo som que ecoava por todo o ambiente. Era como se a chuva estivesse tentando apagar as evidências.

Ele se virou para James, que encontrava-se ainda ajoelhado ao lado do corpo e disse firmemente. "Precisamos descobrir quem ela é e quem fez isso com ela."

James concordou com seus olhos preocupados.

Samuel sabia que teriam uma longa noite. Ele se virou para a Dra. Harper, que estava guardando seu equipamento. "Precisamos levar as evidências de volta ao laboratório e ver o que podemos encontrar"

A Dra. Harper acatou com a cabeça e com um semblante sério, afirmou. "Vou começar imediatamente."

Enquanto Samuel olhava ao redor do beco, ele não pôde deixar de sentir que eles estavam sendo observados. A chuva ainda caía torrencialmente, obscurecendo sua visão, tornando difícil ver o que estava acontecendo ao redor.

"Não sei" continuou Samuel, "mas tenho a sensação de que isso vai nos levar a um caminho sombrio."

Os Sussurros da EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora