Capítulo 11

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Emily Osíris.

Seis anos atrás
A noite do incêndio...

Meu coração palpitava.
Minhas mãos tremiam.
Meus pés doíam.

Tranquei a porta do meu quarto e escorei meu corpo contra a madeira, deslizando até estar sentada no chão. Em minha visão, tudo o que tinha acontecido naquela floresta corria em um looping que não parecia ter fim. Eu ainda podia sentir tudo.

Fechei meus olhos, e respirei profundamente, levando minha mão ao meu peito para tentar calar meus batimentos desesperados.
Não ia demorar para que Max subisse até aqui para me checar, já que ele meu viu, assim que entrei em casa correndo. Eu não posso culpá-lo por ficar preocupado. Só Deus sabia com que aparência tinha deixado aquela floresta.

Passei a mão por meus cabelos, encontrando alguns nós que dificultavam o deslizar dos meus dedos. Eu ainda podia sentir os dedos de Thomas se enraizando ali, me dominando, me possuindo.

A porta atrás de mim tremeu, no mesmo instante que o som da batida seca preencheu meus ouvidos.

-- Ei, Emy. -- Max bateu novamente. -- Você está bem?

Eu engoli em seco, empurrando o aperto e a ansiedade que tentavam se alojar em minha garganta. Abri meus olhos, checando todo o meu quarto, procurando uma maneira desesperada de fugir de volta para aquela floresta.
Eu não deveria tê-lo obedecido.
Sinceramente, não fazia ideia do porquê tinha feito. Eu podia muito bem ter me escondido atrás de seu carro, onde poderia ouvir a conversa de Thomas e meu tio e me assegurar de ser levada com meu primo, assim que ele partisse.

Mas eu vim embora.
Corri como uma covarde.
E agora, eu tremia como uma.

-- Emy! -- Sua voz ficou mais alta, assim como sua batida contra a porta. -- Abra essa porta!

Eu respirei novamente, enquanto a porta chacoalhava atrás de mim. Max não era assim. Ele nunca invadia meu espaço, mas talvez, eu tenha o feito acreditar que estava em perigo. Afinal, quando corri para longe daquela clareira, eu senti que estava correndo para longe do passado que eu tanto temia.

Estava fugindo do confronto entre Thomas e meu tio.
Porque era isso que iria acontecer se meu tio, Elijah, me visse com Thomas.
Eles brigariam até a morte.

-- Emy! -- Rosnou.

A porta rangeu mais uma vez, as tentativas de arrombamento ferindo as minhas costas, por tentar segurar a porta no lugar.
Olhei para sacada, onde tantas vezes observei Thomas se ergueirar para me espionar. Tem uma árvore muito alta ali, ela não é difícil de escalar por ter muitos galhos, mas eu duvidava que conseguiria descer sem conseguir uns arranhões.

A madeira da porta tremeu atrás de mim, e eu continuei pensando em maneiras de fugir de Max e voltar para Thomas.
Já tinham se passado cerca de 20 minutos, desde que deixei aquela clareira. Thomas já deveria estar a caminho de casa, pois nunca o tinha visto falar com o pai mais do que segundos. Era certo que Thomas o tivesse deixado falando sozinho na clareira e que todas as minhas preocupações fossem infundadas.

Ele já foi para casa...
Talvez consertar algum carro ou ouvir música.
Elijah não pode mais atingi-lo.

-- Emily, se não abrir essa porta...

Então, eu me levantei e corri.

Abri a porta de vidro com pressa e subi na grade que contornava toda a sacada, tomando cuidado ao passar o apoio dos meus pés para o galho firme da árvore.

Eu ouvi a porta estourar das dobradiças, assim que meus pés encontraram o gramado do pátio.
Eu não olhei para trás enquanto corria pelo terreno até chegar no pequeno e velho portão do lado norte do terreno. Me esgueirei pelo vão entre as madeiras, e respirei fundo, observando a escuridão da estrada de chão a minha frente.
O som dos insetos, as árvores balançando e o brilho das estrelas eram tudo o que podia ver e sentir, ao caminhar lentamente até a casa de Thomas.

Tentação ProfanaWhere stories live. Discover now