𝐢𝐱. 𝘤𝘰𝘭𝘰𝘳𝘴

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Mas, no momento que ela conheceu o menino da casa ao lado, Meadow soube que não havia regra que poderia pará-la.

Ela encontrou o laranja em Spencer. O calor, o aconchego. Era laranja que ela enxergava em seu sorriso. Era laranja a felicidade que ele transmitia, a esperança que ele representava. Spencer era laranja. Ele a ensinou sobre os sentimentos que ela não conhecia, ele a fez acreditar que seu destino não precisava ser o que haviam escolhido para ela.

Então, com o passar dos anos, os sonhos de Meadow se tornaram planos. Planos de deixar tudo para trás, de mergulhar em uma realidade em que ninguém a conhecia, na qual seu nome não significava nada. Planos de viver pela primeira vez. Mas, quando ela perdeu Aria, ela entendeu que não havia saída. Não havia escapatória. Seu destino sempre seria o preto e o branco.

─ Me desculpa, Meadow. ─ Spencer pediu, encostando sua testa no torso da médica. Ela limpava delicadamente seus machucados, preparando os curativos. ─ Não só por hoje.

O estado físico de Spencer era consequência de uma tentativa falha de tentar afastar os caminhantes para longe de Alexandria. O Monroe mais novo havia tentado atravessar, por meio de uma corda, até a torre que ficava do lado de fora da comunidade. Mas a corda cedeu e, se não fosse por Tara e Rick, o filho de Deanna teria sido devorado.

Era visível o cansaço na feição de Meadow. Os olhos inchados, a preocupação estampada em sua face. Ela havia passado a noite toda na torre de vigia, esperando por um sinal. Por qualquer coisa. E, durante toda a madrugada, as palavras de Spencer ecoavam em sua mente.

─ Eu sou um covarde. ─ Ele declarou, envolvendo a cintura da Hart em seus braços. ─ Eu 'tava com medo de morrer, com medo de te perder... ─ Spencer confessou. ─ ...Ontem, quando eu congelei lá fora e você 'tava aqui, protegendo todo mundo, eu percebi uma coisa, Meadow. ─ Ele afirmou, voltando seu olhar para a médica, encontrando os seus olhos escuros. ─ Eu não consigo te proteger. Você precisava de mim e eu não fiz nada. ─ Spencer concluiu, as lágrimas se formando em seus olhos.

Quando Spencer a olhava, era como se ela conseguisse voltar no tempo. Ela enxergava a garotinha assustada, a adolescente rebelde, a adulta quebrada. Ele esteve lá durante toda a sua história, ele estava em todas as suas lembranças. E Meadow se perguntava se era aquilo que ele via quando a olhava. Ela questionava se ela ainda era um reflexo de seu passado.

Meadow suspirou, passando sua mão pelo cabelo de Spencer. Durante todos esses anos, Spencer tinha sido um escape. Uma fuga de sua realidade. Ele era como um sonho, mas ela sempre acordava. Ela sempre voltava para o incolor.

─ Eu não devia ter falado sobre a Aria, eu sei disso. ─ Spencer continuou. ─ E eu entendo que essas pessoas são importantes 'pra você, então elas são importante 'pra mim também. ─ Ele falou. ─ Não existe desculpa 'pro que eu fiz e eu não vou culpar a bebida.

─ Mas é horrível, Meadow. ─ Ele contou, as lágrimas começando a escapar de seus olhos. ─ É horrível não ser a pessoa que você precisa. ─ Spencer confessou. ─ Eu sinto que 'tô perdendo tudo porque eu não consigo me adaptar a esse mundo. E eu não posso te perder.

Spencer havia perdido seu irmão mais velho, havia assistido seu pai ser assassinado e, agora, parecia que ele estava perdendo tudo que amava, pouco a pouco. Meadow pegou a cadeira que estava à sua direita, se sentando na frente do Monroe, segurando as mãos de seu noivo com as suas. ─ Você 'tá certo. ─ A Hart o respondeu. ─ O mundo mudou e a gente precisa se adaptar.

─ Mas isso não significa que você precisa estar lá fora cuidando dos mortos ou que você precisa aprender a lutar do dia 'pra noite. ─ Meadow declarou. ─ Sim, você precisa saber se defender, mas você é importante aqui dentro de outros jeitos, Spence. ─ Ela afirmou. ─ Quem você é ainda importa e importa muito.

𝐒𝐏𝐑𝐈𝐍𝐆, 𝐝𝐚𝐫𝐲𝐥 𝐝𝐢𝐱𝐨𝐧Where stories live. Discover now