— Tem certeza? Eu sei que ela é meio... dura com você às vezes.

E com isso ele quer dizer que a minha mãe é uma megera, insensível e cruel, mas ainda é a minha mãe.

— E também sei que ela andou te chateando bastante nos últimos dias.

— É? — arqueei as sobrancelhas. Como é que ele pode saber de uma coisa dessas? Ele não passa nem duas horas dentro de casa comigo e aquela bruxa — Me chateando com o que por exemplo?

— Com o que você veste, com o que faz, com quem você sai, quando sai e até o que você come.

Olhei para ele, suspirando e largando o talher em cima do prato e percebo o quanto meu pai se incomoda com o tilintar das louças se chocando de forma tão brusca.

— Não estou chateado com a minha mãe dessa vez — digo. Por mais que ela seja o maior dos meus problemas.

— Então quem está chateando você?

Pressionei os lábios, desviando o olhar e apoiando o cotovelo na mesa para segurar o rosto. Considero a ideia de dizer para ele a verdade, ou quem sabe só meia verdade, meu pai não precisa de detalhes.

— Eu briguei com o meu amigo do Brooklyn — conto, forçando um sorriso enquanto assisto o garçom transitar pelo restaurante, parando de mesa em mesa — Ele está com raiva de mim.

— Ah! — ele arqueou as sobrancelhas, parecendo entender exatamente o que eu estava querendo dizer — E brigaram por que?

— Porque eu fiz uma coisa que deixou ele chateado, mas não foi por querer! — digo alto, me exaltando por um instante — E ele também não é uma pessoa muito fácil de lidar — acrescento, bufando em seguida — Porra, o que ele quer de mim?

— Você tentou conversar com ele?

— Sim, mas ele não quer falar comigo... — resmungo, estreitando os olhos, ficando mais emburrado a cada segundo.

— Hmm... — meu pai esboçou um sorrisinho. Ele está se divertindo com o meu sofrimento, eu não acredito nisso — E o que foi que você fez de tão ruim?

Apertei os olhos, respirando fundo outra vez.

— Ele acha que eu tenho vergonha dele, acha que eu não quero que as pessoas saibam que nós andamos juntos — digo, tentando tomar cuidado com as palavras — E eu não quero mesmo que as pessoas saibam, porque tudo o que é meu as pessoas tentam destruir, tentam tirar de mim, envenenando todos que se aproximam com mentiras e boatos estúpidos!

— Certo...

— Mas eu acho que ele não gosta de mim de verdade, então... — suspirei, dando de ombros e forçando um sorriso — E eu não acho que isso vai mudar, nós vamos parar de ser... amigos de uma vez por todas.

— Você gosta dele?

E por mais receoso que eu me sinta em admitir, tomo coragem para afirmar, balançando a cabeça em concordância e tentando controlar as reações exageradas do meu corpo, tentando esconder a vergonha.

— O quanto você gosta desse seu amigo, Tae? — ele perguntou baixo, tentando capturar o meu olhar.

— Só um pouco.

— Você deveria conversar com ele — diz, dando de ombros, estendendo a mão para o garçom — E se ele não gostar de você, azar o dele.

Sorrio fraco, me contentando com o seu conselho, porque é o máximo que eu posso conseguir nessas circunstâncias.

— Não vai terminar de comer? — perguntou, encarando meu prato ainda cheio.

— Não tô com muita fome — digo, batucando os dedos na mesa.

ELITE | vhopeWhere stories live. Discover now