Capítulo 4

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- É eu vim- enrubesci- Não queria vir mais vovó insistiu para que eu viesse- revirei os olhos.

- A mentira, você veio porque sentiu saudades- baixou as pálpebras malandro- Touxe pesente pa mim?- franzi a testa com o seu jeito infantil de falar- Eu adolo ganhar pesente- imita a voz de uma criança de três anos em tom de brincadeira, me fazendo revirar os olhos.

- Mais você é muito chato e convencido mesmo né- cruzo os braços- Está achando que o mundo gira em torno de você é?

- Acho. Inclusive ele está girando agora mesmo- dá uma volta no lugar- Também não precisa de todas essas pedras nas mãos. Eu sou apenas o que as garotas daqui dizem que eu sou- levantou as palmas das mãos, erguendo os ombros, operando um som estranho com a língua.

- E o que elas dizem que você é?- cruzo os braços, suspendendo uma sobrancelha espertalhona.

- Que eu sou lindo, maravilhoso... E que elas não vivem sem mim- diz com um sorriso presunçoso no rosto- Loirinha me desculpa, é brincadeira, eu não quis chatear você- segura meu cotovelo como se pressentisse que eu em algum momento queria ir embora dali.

- Quem te disse que eu estou chateada- miro para onde mantinha sua mão- Eu trouxe isso pra você- bato com a sacola contra seu peito brutalmente- Minha avó quem fez.

Ele sorri e pega a sacola, não perdendo a oportunidade de esfregar suas mão na minha no processo. Ele então entra desaparecendo entre a multidão, aparecendo em seguida.

- Você quer tomar alguma coisa?- berrou em meu ouvido por conta da música que aumentou a frequência de repente.

- Eu aceito um pouco de suco- pedi sem jeito e ele foi buscar um copo de bebida.

Me acomodei no sofá o aguardando ao som de uma música eletrônica e fiquei admirando um pouco mais a sua casa por dentro. Os móveis todos com um estilo rústico, e perto de mim duas mesas de apoio de tamanhos diferentes, onde a primeira mantinha um quadro com uma família linda e feliz. Peguei-o verificando mais de perto e reconheci na mesma hora o rosto de Liam, sua irmã e uma mulher mais velha abraçada a eles de cabelo preto cacheado, pele morena e o olhar abatido, mas que não tirava o sorriso de seu rosto. Um sorriso como do filho. Eles estavam num lugar que parecia um jardim, mas achei estranho não ter visto o pai na fotografia. Talvez seja ele mesmo que tirou essa foto.

- A que está sua bebida- a voz rouca de Liam me tirou dos meus pensamentos sentando ao meu lado e me entregando o copo com refresco- Obrigado por ficar e eu espero que esteja gostando da festa- admitiu espremendo o copo laranja na mão comprimido.

- A festa está bem legal- confessei, olhando as pessoas conversando e dançando ao meu redor, tomando um gole da bebida de groselha- Bonita foto- comentei mirando o porta retrato- Porque seu pai não aparece na foto?- indaguei curiosa.

- Ele servia o exército americano- inspirou e fiquei observando seu peito se mexer por debaixo da blusa de listra azul- Estava em serviço na Ásia quando uma bomba estourou e o atingiu... Ele morreu na hora- lamentou. Pela primeira vez vi seus olhos tristes perdendo um pouco do brilho deles e me compadeci.

- Eu sinto muito- lamentei pondo a mão em seu ombro.

- Já faz muito tempo- enrugou o nariz- Por quanto tempo você vai ficar aqui?- virou- se para mim mudando a conversa.

- Só enquanto durar as férias de verão- confessei entristecida ao lembrar.

- Porque só isso? É muito pouco tempo- rugiu abespinhado- Por isso temos que aproveitar cada segundo dele antes que vá embora.

De repente o brilho de seus olhos se acenderam novamente e eu acabei inspirando todo o ar daquela casa- acreditando deixar todos como se estivessem no espaço sem ar- pois foi o que pareceu no instante em que ele começou a olhar fundo nos meus olhos castanhos claro, desviando sua visão para minha boca, não resistindo e mordendo o lábio inferior e, noto a boca dele subir na lateral me batendo, de repente, uma enorme vontade louca de beijá-lo. Chacoalho a cabeça desviando meu olhar da sua boca virando meu rosto para o chão. Ele percebe o meu constrangimento e alarga ainda mais a boca, mostrando seus dentes brancos e perfeitamente aliados. Será que ele já usou aparelho em algum momento da vida? Não dá pra imaginá-lo como aqueles tipos de nerds. Ele foge totalmente do padrão.

Um Amor de VerãoWhere stories live. Discover now