Capítulo 21

722 93 2
                                    

Mackenzie

Eu estava congelando lá fora, não apenas de frio, mas de medo também. E com o passar prolongado dos minutos o medo estava passando de uma simples hipótese para algo enraizante e verídico. Esfrego minhas mãos úmidas no casaco e checando para ver se não vinha mais alguém eu engatinho na grama baixa e com a respiração acelerando pelo esforço eu chego do outro lado onde dá para a avenida principal.

Observo os carros passarem indo embora e cruzo as pernas tentando fazer com que o cansaço vá embora. Passo a língua em meu lábio inferior e suspiro. Bem que eu queria um gole de água agora. Outro carro passa assobiando e eu me inclino para frente pegando uma florzinha invernal entre os dedos

Estava sentindo falta de pintar carros legais, falta de Anton, falta da minha casa desorganizada. Olho para a mansão atrás de mim e imagino o que Drake faria logo depois disso. Ele seguiria o pai, imagino, e o que ele estipulasse Drake apenas executaria sem nem mesmo olhar

Beco sem saída para mim. Mas eu ainda queria derrubar uma peça em especial. Cairia, mas cairia levando aquele que me colocou nessa situação para começo de conversa. Penso no que Mason falou sobre o cofre e giro o caule pequeno da flor em meus dedos

"Sua tentativa de destruir o papai não deu certo. O cofre está seguro em outro lugar"

Seguro. Se o cofre estava seguro então ele poderia estar apenas em um lugar... Pisco estremecendo quando sinto gotas fortes cortarem meu rosto e olho para cima franzindo a testa

Eu pedi uma garrafinha de água, não chuva. Praguejando puxo o casaco para cima da minha cabeça e me inclino quando vejo quatro carros virem pela mesma avenida na mesma velocidade. Com a respiração presa deixo eles se aproximarem e xingo quando vejo as placas

Olhando para a mansão reviro os olhos e engatinhando de novo eu volto para o arbusto, checo rapidamente os guardas mas eu os vejo tentando se afastar da chuva se encolhendo em lugares distantes da minha visão. Olho para a garagem e ouvindo os carros se aproximarem corro deslizando na grama molhada e escorrego para dentro apenas para parar em frente ao portão alto.

Balançando a cabeça com a ideia estúpida chuto a porta, na primeira vez o portão nem ao menos se move ou treme, então aumento e tento de novo. Nada. Chuto uma terceira vez e quando nada acontece eu me sento e estendo as pernas a minha frente usando a posição para chutar com as duas pernas de uma vez só

O portão reage um pouco, mas o suficiente para ligar as luzes de alerta, sorrio e me levantando corro de volta para o arbusto e espero

Eu conto vinte minutos antes de ver uma pessoa se aproximando do portão que eu chutei e seguindo de lá. As suas roupas eram de um tom mais claro que o dos outros, as mãos sempre se movendo me fizeram ver que era Cameron que estava se aproximando

Inferno

Me encolho no arbusto tentando ver outra saída, mas só o que eu vejo é chuva caindo ao meu redor e espaço aberto demais. Ele me veria do mesmo jeito

— Irmãzinha? — estremeço com sua voz e engulo apoiando as mãos no chão — Vamos lá, nós sabemos que você está aí — olho para a grama ofegante e fecho os olhos quando ouço seus passos perto demais — Ele mesmo nos contou

Franzo a testa com isso, mas antes que meus pensamentos corram para outra direção sinto meus cabelos sendo puxados e em seguida uma faca encosta em meu pescoço. Engulo sentindo o material frio em minha garganta e ouço o riso de Cameron enquanto ele se inclina para baixo

BROKENOnde histórias criam vida. Descubra agora