Capítulo 16

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Drake

🗡

A pequena festa foi terminar pouco antes de amanhecer

A rua estava completamente silenciosa, o céu ainda estava um pouco escuro e estava muito frio. O suficiente para que eu pegasse o casaco mais grosso do guarda roupa. Mackenzie ainda dormia e em um horário em que ela soltou um gemido de dor e se mexeu eu conferi sua temperatura

Foi apenas um roçar suave em sua testa, ela nem ao menos sentiu, mas eu sim. Eu não dormi depois disso. Ela esteve com febre a noite inteira e eu praguejava toda vez que ela se revirava na cama em busca de mais lençóis para se proteger do frio.

Mas não era como se eu tivesse achado, apenas joguei todos os que tinha em cima dela, e agora ela era apenas um ponto em meio aos lençóis empoeirados. Mas eu ainda podia ver uma mecha rosa escapando do casulo. Olho para a tela do meu celular apagada e estalo o pescoço

Toda essa situação não iria acabar bem

Elijah não iria conseguir o que quer esperando uma resposta de Mackenzie, se eu estivesse certo sobre sua personalidade exasperante e teimosa ela nunca diria o que quer que estivesse escondendo. Mesmo se ele a pressionasse.

Jordan ficaria entediado e partiria para a próxima vítima, se é que ele já não estivesse fazendo isso. E eu? Eu estaria para sempre preso naquela situação. Mesmo que ela se fosse. Mackenzie era marcante demais para que eu pudesse esquecê-la com facilidade

Só não sabia se isso era ruim

Me viro para a porta quando o céu começa a clarear e pisco lentamente quando escuto Mackenzie se mexer nos lençóis se espreguiçando como um pequeno gato prestes a acordar. Me movo pelo quarto tomando o cuidado com as madeiras que rangem e entro no banheiro

Lavo a boca, esfrego o rosto, olho para a minha camisa preta e desgastada. Eu estava começando a oscilar entre a raiva e a hesitação e isso não era bom. Não era nada bom

Reflexos do quarto branco aparecem em minha mente e eu balanço a cabeça fechando os olhos quando o vermelho atinge um ponto ensurdecedor em meus ouvidos. Gritos, pancadas, vidro estilhaçando. Silêncio

Era o silêncio

Silêncio demais

O silêncio me incomodava

Caio para a frente escutando uma batida na porta e só então vejo minhas mãos cobertas de sangue e vidro espalhado por todos os lugares da pequena pia. Xingo agarrando um caco de vidro e o jogo com força do outro lado do banheiro me acalmando quando ele se estilhaça com facilidade

— Uh, você está vivo? — a pergunta dita em voz baixa me assusta e eu olho para a porta trancada com receio que de alguma forma ela tenha visto isso. Essa cena. De mim

Então a raiva me consome de novo. Eu não deveria estar preocupado com o que ela acha sobre mim

— Porque? — pergunto sentindo minha voz congelar em cada palavra — Vai sentir saudades?

Silêncio e então...

— Não, é que só tem esse banheiro e eu quero fazer xixi, seria difícil eu entrar aí com você morto e tal — sorrio esfregando meu rosto e depois de colocar uma máscara de tédio eu saio do banheiro deixando-a passar. Ela olha de mim para o espelho e então para as minhas mãos ainda manchadas de sangue — Puxa, aquele espelho era bonitinho. O que ele te fez? Mostrou sua carranca de mafioso?

Olho para os seus olhos sonolentos e seus cabelos secos e bagunçados pelo travesseiro e aperto o punho com força

— Fiz um favor a você — respondo e ela pisca confusa — Não iria gostar de sua aparência agora se olhasse no espelho, então de nada

BROKENWhere stories live. Discover now