⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀⩩⦙ 𝒙. 𝑨 𝒖́𝒍𝒕𝒊𝒎𝒂 𝒄𝒂𝒔𝒂 𝒂𝒎𝒊𝒈𝒂

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A medicina élfica é algo extremamente maravilhoso e que pude vislumbrar com meus próprios olhos durante dois momentos de suma importância da minha jornada por esse "novo" mundo. A forma como os elfos trataram meus ferimentos foi magnífica e gratuita, algo completamente incomum na realidade anterior que habitava. Em poucos segundos os cortes estavam suturados, todas as feridas limpas e era notável que a curto prazo todas as cicatrizes ficariam quase imperceptíveis - O que ocorreu, pois atualmente mal tenho marcas no corpo dos danos causados em batalha. Nem mesmo os melhores hospitais do meu antigo mundo são capazes de oferecer tal serviço, talvez o Seattle Grace Mercy West, e se fossem capazes de conseguir parte do que a magia élfica proporciona tratar ferimentos como os meus custariam os olhos da cara. Tenho certeza que se os elfos fossem reais no meu mundo eles seriam capazes de extinguir todas as doenças incuráveis existentes e arruinar as indústrias farmacêuticas.

Depois de receber o tratamento médico acurado para recuperar todas minhas feridas, ossos fraturados e cortes profundos na sala de cura, fui escoltada por duas elfas até o meu segundo local favorito de Valfenda: Os salões de banho. Ao vislumbrar as gigantescas banheiras termais de águas cristalinas meu coração se aqueceu, batendo tão acelerado como se estivesse prestes a errar as batidas. O ambiente exalava cheiros florais adocicados mesclados com algumas ervas, passando a sensação adorável de bem-estar e conforto.

Não hesitei em retirar as túnicas hospitalares que foram cedidas depois de perder o único vestido que ainda possuía, ignorando completamente a presença das elfas que me acompanhavam, deixando de lado qualquer mísera presença de vergonha e me entregando aos prazeres de um banho quentinho. Caso fosse em outras épocas teria sentido vergonha do meu corpo, principalmente da minha nudez, mas passei tanto tempo na companhia da comitiva dos anões que despir-me perante as elfas presentes não era nada comparado com todos momentos vexatórios que deixei e deixarei de narrar propositalmente. Digamos que os anões me flagraram em situações delicadas e comprometedoras que deixarei a mercê de sua imaginação, pois para bom entendedor meia palavra basta.

Com auxílio das elfas soltei as presilhas de prata que prendiam as tranças dos meus longos cabelos antes de ingressar na água por completo. Aquela foi a primeira vez que pude reparar o quanto eles haviam crescido desde o dia que deixei o meu mundo, conseguindo alcançar a altura que almejei por anos quando viva, estando poucos centímetros acima das minhas nádegas. Infelizmente eles estavam ensebados em demasia e com sujeira acumulada de meses, para minha sorte e alívio encontrava-se livres de piolhos, lêndeas, carrapatos e demais parasitas sanguinários que habitam os pelos dos animais.

Lentamente desci as escadarias de pedra até imergir de vez nas águas termais da imensa banheira, a qual chamarei carinhosamente de piscina térmica. A quentura agradável fez com que meus músculos relaxassem e dessem a sensação de leveza, fazendo todas as minhas preocupações desaparecerem junto com a sujeira que deixava meu corpo. Sentira falta de um bom banho quente, mais do que de qualquer outro tipo de conforto que deixei para trás no instante que escolhi seguir jornada com o grupo mais excêntrico que poderia conhecer tanto em vida quanto em morte. Apesar de na época ter ficado frustrada com a falta de escolha na convocação da aventura, hoje agradeço imensamente por isso.

Enquanto uma das elfas deixava os salões de banho com as túnicas hospitalares, a outra me auxiliou no banho dando a impressão de estar em um delicioso Spa. A princípio estranhei o gesto, não vou negar que ambos os atos me pegaram desprevenida. Mas logo a estranheza deu espaço para o deleite, especialmente quando ela começou a esfregar meus cabelos enquanto cantarolava uma canção harmoniosa. Após cuidar dos meus cabelos com produtos que sou incapaz de descrever, ela esfregou minhas costas com uma esponja macia, tomando todo cuidado para não apertar os ferimentos e lesiona-los outra vez. Não conversei com nenhuma das elfas durante o banho, preferindo relaxar ao invés de conhece-las. Aquela foi a primeira vez, talvez única, que não cheguei a pensar sobre a missão, o dragão da montanha solitária, os orcs assassinos montados em lobos, Trolls babacas e, principalmente, sobre o mundo que deixei para trás.

𝐎𝐓𝐇𝐄𝐑 𝐒𝐈𝐃𝐄 ⇢ 𝑇𝘩𝑒 𝐻𝑜𝑏𝑏𝑖𝑡Where stories live. Discover now