CAPÍTULO VINTE E DOIS

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Preciso ser forte. É o que digo a mim mesma todas as manhãs e reforço todas as vezes que acho necessário. Sou muito influenciável pela minha libido, foi assim que caí tão fácil nos braços do Theodore a primeira vez. Com ele foi diferente, no entanto. Não havia sentimentos, não da minha parte pelo menos e agora vejo que nem da dele também. Era mais uma curiosidade, um tesão reprimido por anos desde que me dei conta que era apaixonada por ele na adolescência. Mas ele me deixava em estado de sentinela quase o tempo todo, e isso era ruim, por que se não há confiança; que solo é esse que poderia brotar o amor? Realmente não tinha chances de algo surgir naquele terreno árido. Ele só era gostoso e garantia uma boa foda casual. Nunca deveria ter cruzado essa linha, teria me privado de algumas humilhações.

Percebi algumas mudanças em Jungkook nos últimos meses. Ele gagueja menos, não reprime mais alguns impulsos, mas me dei conta de que ele não controla muito bem outros. E isso me confundiu por um tempo. Eu queria acreditar que ele só queria sexo, mas quando me fez aquela surpresa ontem, aquilo me desmontou por completo. Enquanto comíamos, revelou que tentou fazer os meus biscoitos favoritos enquanto viajava. Até provou alguns e disse que não passou nem perto daquele sabor comparado aos da confeitaria. Eu fiquei estática, completamente pausada e imaginei a minha expressão como aquelas cenas congeladas de algum filme com roteiro fraco.

Fraca. Fraca.

Era assim que me sentia quando pensei que fingia para os outros estar apaixonada quando na realidade eu sou uma fodida apaixonada por um virgem que nunca esteve em um relacionamento e que até pouco tempo atrás nunca deu um beijo em alguém.

Confesso a mim mesma que a inexperiência de Jeon nunca foi um obstáculo, se ele estava aprendendo, aprendeu rápido, imagino que com o sexo seja o mesmo. Basta instruí-lo uma única vez para que ele com use de toda sua sensibilidade e realize o trabalho com excelência. Ele tem esse negócio de ler nas entrelinhas, de pegar o jeito da coisa muito rápido, eu não sei o que esse garoto tem dentro do crânio, se é apenas um cérebro muito bem desenvolvido, ou uma máquina que reúne todos os equipamentos conhecidos, ou não, pela medicina que consegue analisar cada mínima reação que tenho. Creio que ele tenha tato, olfato e paladar aperfeiçoados para isso. Porque eu sei que aquele dia que seus dedos atravessaram o cós da minha calça, de alguma forma, sabia que eu queria que fosse até o fim, mesmo meus lábios dizendo que não.

Que Deus me ajude no período fértil de cada mês.

Quando vou finalmente tomar meu café, percebo que o pobre perdeu toda sua energia no ar. Estava morno, quase frio. Me levanto e entorno a bebida gourmet no ralo tendo o trabalho de preparar outro.

Enquanto faço isso tento focar no meu objetivo. Me ocupar com estudos e trabalho talvez seja suficiente para suprimir o desejo de tocá-lo toda vez que ele se aproxima. Deus sabe o esforço absurdo que preciso fazer para não agarrar aqueles cabelos arrumadinhos, afrouxar aquela gravata e estourar cada um dos botões de sua camisa bem passada e alinhada, esperando explorar cada musculo e pedaço de pele exposto. E isso tudo quando estamos confinados dentro daquela maldita sala, sentados lado a lado trabalhando. O perfume dele invade sem pedir licença o meu espaço pessoal e isso não facilita para minha mente devanear as atrocidades carnais que gostaria de fazer com ele sobre aquela mesa.

A máquina apita avisando que a bebida já estava pronta e percebo meu rosto queimando à medida que imagino fodendo Jungkook de todas as maneiras imagináveis. Chacoalho minha cabeça e torno à realidade.

Foco. Foco.

Mas tudo vai água abaixo quando ele entra na copa e seu cheiro vem primeiro antes que possa olhá-lo. Aquele maldito sorriso estampando suas feições e adicionando ainda mais veracidade ao que estava apenas preso na minha mente. O olho rapidamente tomando entre as duas mãos a caneca e me sentando sobre a banqueta que antes ocupava. Precisava ficar longe de sua aura hipnótica e enérgica. E por falar em energia a minha se esvai quando se acomoda ao meu lado roubando o café de minhas mãos e tomando um gole.

Herdeiros - JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora